Saúde

Quem mora na capital da Índia perde dez anos de vida por causa da poluição do ar

Novo estudo mostra que a cidade tem cerca de 11 vezes mais partículas poluentes do que o limite estabelecido pela OMS
Pessoas caminham pelas ruas de Nova Délhi, com o ar extremamente poluído Foto: MONEY SHARMA / AFP/02-11-2018
Pessoas caminham pelas ruas de Nova Délhi, com o ar extremamente poluído Foto: MONEY SHARMA / AFP/02-11-2018

NOVA DÉLHI - Um morador de Nova Délhi, a capital indiana, perde uma média de dez anos de expectativa de vida devido à poluição do ar, segundo um novo estudo publicado esta semana pela Universidade de Chicago.

Em 2016, a megalópole de 20 milhões de habitantes experimentou uma concentração anual de partículas finas — associadas à poluição — de 113 microgramas por metro cúbico de ar. Isso resultou em uma redução média de 10,2 anos de expectativa de vida, indica uma pesquisa do Instituto de Política Energética (EPIC) da universidade americana.

Em Nova Délhi, pessoas praticam ioga em um jardim público sob condições climáticas não saudáveis Foto: DOMINIQUE FAGET / AFP
Em Nova Délhi, pessoas praticam ioga em um jardim público sob condições climáticas não saudáveis Foto: DOMINIQUE FAGET / AFP

Para se ter uma ideia do quanto a poluição afeta o ar de Nova Délhi, o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é que a exposição de uma pessoa a partículas finas não exceda 10 microgramas em concentração anual. Sendo assim, o nível de poluição na capital indiana é mais do que dez vezes superior ao aconselhado.

O trabalho dos pesquisadores foi medir os riscos de morte prematura, tendo como base a expectativa de vida que uma pessoa teria caso fosse exposta apenas ao nível de partículas finas recomendado.

Essas partículas têm um diâmetroa bem menor do que o de um cabelo humano. Estima-se que elas sejam a terça parte de um fio de cabelo. Assim, elas conseguem se infiltrar no sangue através dos pulmões. A exposição contínua a essas partículas finas aumenta o risco de doenças cardiovasculares e de câncer de pulmão.

O estudo estima que, em 2016, em todo o mundo, a poluição do ar tenha reduzido a expectativa de vida em 1,8 ano, em média. Esse dado coloca a poluição como o principal perigo para a saúde humana, na frente do tabaco (1,6 ano), de álcool e outras drogas (11 meses) e até de guerras e terrorismo (22 dias).

— Hoje, em todo o mundo, as pessoas respiram um ar que representa um sério risco para a saúde delas — comentou o professor Michael Greenstone, diretor do EPIC, em um comunicado à imprensa.

Combustíveis fósseis: vilões

A poluição de partículas finas vem principalmente de combustíveis fósseis e é muito alta no sul e no leste da Ásia.

Em 2016, suas concentrações custaram aos moradores de Pequim, na China, uma média 5,7 anos a menos de vida. Embora a poluição tenha piorado na Índia nos últimos anos, a tendência está diminuindo na China graças às políticas públicas do país, segundo o relatório.

Para medir a redução na expectativa de vida, a pesquisa dos EUA se baseou em estudos anteriores realizados na China sobre os efeitos nocivos da poluição em pessoas continuamente expostas a ela.