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Mundo pode viver até seis desastres climáticos ao mesmo tempo até 2100

Pesquisa publicada na revista Nature alerta para necessidade de reduzir emissões causadoras do efeito estufa
Casas no alto de colina são cercadas pelas chamas no incêndio Camp, no Norte da Califórnia Foto: JOSH EDELSON / AFP
Casas no alto de colina são cercadas pelas chamas no incêndio Camp, no Norte da Califórnia Foto: JOSH EDELSON / AFP

NOVA YORK- Um estudo publicado na segunda-feira pela revista "Nature Climate Change", feito a partir da revisão de outras pesquisas, mostra que o mundo pode enfrentar até seis desastres climáticos ao mesmo tempo até 2100. Entre os problemas apontados pelos cientistas, a humanidade poderá enfrentar ondas de calor, secas, escassez de água, inundações.

Caso não haja redução significativa das emissões de gases do efeito estufa, os pesquisadores alertam que regiões como a costa Atlântica da América do Sul e da América Central poderão sofrer consequências drásticas, passando por até seis crises simultâneas.

De acordo com o estudo, os primeiros sinais da gravidade da situação já estão aparecendo. Em entrevista ao jornal "New York Times", o cientista da Universidade do Havaí Camilo Mora apontou alguns deles, como o furacão Michael, que atingiu a Flórida em outubro, e os incêndios florestais recorrentes, como o que atingiu a Califórnia. O pesquisador disse ainda que, caso isso aconteça, será um "filme de terror que se torna real".

Para chegar a essas conclusões, os 23 pesquisadores envolvidos no estudo publicado na "Nature" revisaram mais de três mil estudos sobre mudanças climáticas. Segundo eles, as emissões intensificam as características de determinada região, fazendo com que áreas secas, por exemplo, se tornem ainda mais inóspitas, favorecendo a ocorrência de incêndios e ondas de calor. No caso das regiões mais úmidas, as características são acentuadas de modo a aumentar o registro de chuvas fortes e inundações.

Distinção de classe

Um dos pontos destacados  pelos pesquisadores é como essas crises atingem de maneira diferente a população mundial, fazendo mais vítimas, em geral, entre os mais pobres.

"As maiores perdas de vidas humanas em eventos climáticos extremos ocorreram em países em desenvolvimento, enquanto as nações desenvolvidas normalmente enfrentam um alto peso econômico em relação a danos e necessidades de adaptação", diz o relatório.

Segundo , muitas vezes, as pessoas não percebem que os problemas já estão acontecendo e ficam protelando o enfrentamento dessas questões, o que pode ser ainda mais prejudicial.

— As pessoas dizem "podemos lidar com isso depois, temos problemas mais urgentes agora", mas a pesquisa mostra o quão ruim já estão as coisas — afirmou Mora em entrevista ao New York Times.