Vera Magalhães
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Os principais fatos da política, do Judiciário e da economia.

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Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Por Vera Magalhães


A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, ambos do União Brasil, manifestam apoio a Lula no segundo turno — Foto: Fábio Rossi/O Globo
A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e o prefeito de Belford Roxo, Waguinho, ambos do União Brasil, manifestam apoio a Lula no segundo turno — Foto: Fábio Rossi/O Globo

O risco de debandada de deputados, prefeitos e outros filiados do União Brasil não só no Rio de Janeiro, mas em vários Estados, abriu um novo capítulo na tumultuada relação dessa sigla com o governo Lula. É um caso único de um partido agraciado com nada menos que três ministérios sem que nenhum dos ministros tenha aval das bancadas e sem garantia de integrará a coalizão governista.

A rebelião generalizada contra o presidente Luciano Bivar,e seu vice, Antônio Rueda, ambos originários do antigo PSL, o "primo rico" da atabalhoada fusão com o DEM que originou o União Brasil se dá pela disputa pelo butim da adesão ao governo federal e também aos estaduais. A bancada de cinco deputados do Rio ameaça deixar em bloco a sigla por cargos nos escalões inferiores da gestão federal, mas também por espaços na gestão do governador Cláudio Castro (PL).

Crises semelhantes se desenrolam simultaneamente em Pernambuco, no Amazonas, em Mato Grosso do Sul e no Rio Grande do Sul, pelo menos. A dupla Bivar e Rueda é acusada de atropelar as bancadas e os políticos do antigo DEM para abocanhar todas as nomeações disponíveis. Também acontecem brigas pelo domínio de diretórios municipais e estaduais.

Diante desse quadro de total discórdia, a já frágil governabilidade de Lula fica ainda mais exposta. Nos balanços de cem dias, o presidente e seus ministros palacianos desconversaram quando questionados a respeito da absoluta incerteza quanto aos votos com que o governo pode contar na Câmara e no Senado.

Quem está sendo responsabilizado nos bastidores pela lambança com o União Brasil é o responsável pela articulação política, Alexandre Padilha, que apostou ainda na transição que a agregação do partido ao primeiro escalão seria o pulo do gato para dar a Lula a maioria que a aliança do primeiro turno e a chegada dos partidos da chamada "frente ampla" do segundo turno ainda não garantiriam.

A crise com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-PE), e a novela que virou a presença do UB no governo levaram à completa paralisia da atuação do governo no Congresso: nenhuma MP editada por Lula foi votada ainda, e não há segurança alguma da acolhida, por exemplo, do projeto de lei complementar que vai fixar o novo marco fiscal, em substituição ao teto de gastos.

Falei a respeito desse imbroglio na primeira edição do Viva Voz desta terça-feira. Você pode ouvir o comentário abaixo.

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