China apresenta sua futura estação espacial

Estação Espacial Chinesa, que deve ser lançada a partir de 2022 e ser a única a partir de 2024

Zhuhai (China) | AFP

A China apresentou nesta terça-feira (6) uma réplica de sua primeira grande estação espacial, que ser deve ser lançada a partir de 2022 e ser a única no espaço após a retirada planejada da Estação Espacial Internacional (ISS) em 2024.

Com direito a manequim usando traje de astronauta e adornada com bandeiras chinesas vermelhas e amarelas, a nave branca é uma das grandes atrações da Feira Aeronáutica e Aeroespacial realizada em Zhuhai, no sul do país.

A Estação Espacial Chinesa (CSS), também chamada de Tiangong (Palácio Celestial), terá três partes: um módulo principal com cerca de 17 metros de comprimento (local de habitação e trabalho) e dois anexos (para experimentos científicos).

Três astronautas poderão viver continuamente na estação, que pesa pelo menos 60 toneladas e é equipada com painéis solares. Eles poderão realizar pesquisas em ciências, biologia e microgravidade.

A montagem da CSS deve começar por volta de 2022. Sua expectativa de vida é estimada em dez anos.

"A China vai utilizar sua estação espacial da mesma maneira que os parceiros da ISS utilizam a sua atualmente: para pesquisa, desenvolvimento de tecnologia e preparação das equipes chinesas para voos de longa duração", explicou Chen Lan, analista para o GoTaikonauts.com, site especializado no programa espacial chinês.

A ISS é usada em parceria por Estados Unidos, Rússia, Europa, Japão e Canadá.

A China anunciou, por outro lado, junto ao Escritório de Assuntos Espaciais da ONU, que sua estação estará aberta a todos os países para realizar experimentos científicos.

Institutos, universidades e empresas públicas e privadas foram convidados a apresentar projetos. A China recebeu 40 propostas de 27 países e regiões, que agora devem passar por um processo de seleção.

"Ao longo do tempo, tenho certeza de que a China colherá bons frutos", diz Bill Ostrove, especialista em questões espaciais na Forecast International, escritório de aconselhamento americano.

"Muitos países e um número crescente de empresas privadas e universidades têm programas espaciais, mas não o dinheiro para construir sua própria estação espacial. A possibilidade para eles, graças a China, de enviar cargas úteis para uma plataforma de voo habitada e realizar experimentos é algo precioso."

A Agência Espacial Europeia (ESA) já está enviando astronautas para treinar na China com o objetivo de viajar um dia para a estação chinesa.

Apesar da rivalidade entre Pequim e Washington, um astronauta americano poderia trabalhar a bordo da CSS.

Pequim investe milhões de dólares em seu programa espacial, coordenado pelo exército. Coloca os satélites em órbita, por conta própria. Também espera enviar um robô a Marte e humanos à Lua.

O gigante asiático se tornará uma das grandes potências do espaço, mas a Rússia, o Japão e a Índia continuarão a desempenhar papel importante, e os Estados Unidos continuam sendo o poder espacial dominante atual, afirma Ostrove.

"As empresas privadas também estão se tornando cada vez mais importantes no mercado espacial, o que dificulta que um ou dois países dominem a indústria da mesma forma que os EUA fizeram durante a Guerra Fria", aponta.

"Dominar o espaço nunca foi uma meta para a China", disse Lan. "Mas as questões comerciais estão se tornando cada vez mais importantes no espaço, e ela percebe a inovação e a ciência como importantes impulsionadores econômicos".

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