Política
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Por Jussara Soares — Brasília

Duas semanas após a Polícia Federal encontrar uma minuta golpista na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que propostas semelhantes circularam no entorno do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista exclusiva ao GLOBO, o dirigente contou que ele mesmo chegou a receber sugestões que apresentavam alternativas para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ao sair em defesa de Bolsonaro, Valdemar disse que o ex-presidente, mesmo cobrado pela própria base, “não quis fazer nada fora da lei”. Na conversa, Valdemar afirmou que Bolsonaro prometeu retornar dos Estados Unidos na próxima semana e diz que ele o ajudará a administrar a ala de extrema-direita do partido.

A minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres chegou a ser tratada no entorno do Bolsonaro?

Ele nunca falou nesses assuntos comigo (sobre contestar a eleição). Um dia eu falei: “Tudo que temos que fazer tem que ser dentro da lei.” Ele falou: “Tem que ser dentro das quatro linhas da Constituição”. Nunca comentei, mas recebi várias propostas, que vinham pelos Correios, que recebi em evento político. Tinha gente que colocava (o papel) no meu bolso, dizendo que era como tirar o Lula do governo. Advogados me mandavam como fazer utilizando o artigo 142, mas tudo fora da lei. Tive o cuidado de triturar. Vi que não tinha condições, e o Bolsonaro não quis fazer nada fora da lei. A pressão em cima dele foi uma barbaridade. Como o pessoal acha que ele é muito valente, meio alterado, meio louco, achava que ele podia dar o golpe. Ele não fez isso porque não viu maneira de fazer. Agora, vão prendê-lo por causa disso? Aquela proposta que tinha na casa do ministro da Justiça, isso tinha na casa de todo mundo. Muita gente chegou para mim agora e falou: “Pô, você sabe que eu tinha um papel parecido com aquele lá em casa. Imagina se pegam”.

Essas propostas circulavam entre pessoas do governo?

Direto. Teve advogada que veio conversar comigo dizendo que tinha uma saída. Eu dizia: “Põe no papel e manda para cá”. E eu não dava bola, porque eu sabia que não tinha. E o Bolsonaro não fez. O pessoal queria que ele fizesse errado.

E por que Bolsonaro ficava em silêncio diante das pessoas que pediam intervenção?

Baque. Isso pode ter sido um erro meu, dos políticos, que não o preparamos para uma possível derrota. Nunca tocamos nesse assunto, não passou isso pela cabeça dele. Quando fui lá na segunda-feira (após a eleição), ele estava um pó. Quando eu o vi após uma semana, eu achei que ele ia morrer. O cara estava desintegrando. Passaram três ou quatro semanas, e vi que ele melhorou. Perguntei o que era, e ele disse que estava comendo, porque ele ficava quatro ou cinco dias sem comer nada. O mundo dele virou de ponta-cabeça.

O senhor tem conversado com ele? Quando ele retorna ao Brasil?

Falo pouco, mas ele mandou gravado, para mim, outro dia que no final do mês estará aqui. Sempre falei pouco com Bolsonaro. Eu ia ao Palácio quase todo dia, mas falava pouco, porque o Bolsonaro não é de ficar conversando muito. Quero que ele volte, porque ele é muito importante para nós. Por exemplo, para conduzir essa bancada de direita que nós temos aqui. O pessoal é muito extrema-direita. Com Bolsonaro aqui, eu estou no céu. Eles ouvem Bolsonaro. Não vão ouvir a mim.

Quais os planos do PL para Bolsonaro?

Cuidar desses pessoal e viajar, ser convidado para todos os eventos, e começar a pôr a vida em dia. E a Michelle cuidar da parte da mulheres (no partido). Ela tem condições. Ela pode ser candidata até a presidente da República. Ninguém sabe o dia de amanhã.

O senhor acredita que Bolsonaro possa ficar inelegível ?

Não vejo chance. Tem vários processos contra ele, como qualquer presidente que sai. Vai condenar por quê? Por que ele falou isso ou aquilo? Não tem cabimento. Que crime ele cometeu? Isso é uma loucura.

Quais as perspectivas sobre a eleição de Rogério Marinho à presidência do Senado?

Temos muita chance. Vamos consolidar o bloco com PP e com o Republicanos. Marinho fez o relatório com 35 nomes. Falta voto ainda, mas está caminhado.

A candidatura dele é vista como uma maneira de aumentar a pressão sobre o STF. Isso não atrapalha?

É lógico que o STF deve preferir o Rodrigo (Pacheco). Adoro o Rodrigo, acho elegante, distinto, mas ele não defende o parlamentar. Nós queremos estabilidade, não queremos brigar com ninguém, não queremos impeachment (de ministro do STF). Temos que ter equilíbrio, mas não tem revanche.

Há na Câmara um movimento de bolsonaristas que querem uma candidatura própria, contra o Arthur Lira (PP-AL). Como o senhor vai lidar com isso?

Nós vamos fechar questão. Se alguém sair para disputar com o Lira, nós vamos ser obrigados a expulsar do partido.

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