A Polícia Federal (PF) vai intimar o general Gonçalves Dias, que pediu demissão do cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) nesta quarta-feira (19), a depor sobre os atentados golpistas de 8 de janeiro.
Segundo uma fonte da cúpula da corporação, a oitiva já estava prevista, mas ganhou outra dimensão após os vídeos divulgados hoje. Eles levantam suspeitas sobre a atuação do general durante a invasão do Palácio do Planalto por bolsonaristas radicais.
Pelos vídeos divulgados pela CNN, o então chefe do GSI, chamado de "GDias", tenta abrir duas portas do gabinete presidencial e depois entra na sala. Alguns minutos depois, ele aparece caminhando pelo mesmo corredor com alguns invasores. As imagens sugerem que ele indica a saída de emergência ao grupo de criminosos.
O envolvimento dos militares nos atentados é alvo de uma investigação no Supremo Tribunal Federal (STF), que tramita em sigilo. A interlocutores, o relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, disse que desconhecia o vídeo divulgado nessa quarta (19).
Na semana passada, a PF começou a ouvir militares envolvidos nos atos antidemocráticos. Ao todo, foram colhidos 81 depoimentos.
Em fevereiro, Moraes decidiu que caberia ao STF julgar militares eventualmente envolvidos nos atos antidemocráticos, que também resultaram na invasão da Corte e do Congresso.
Na ocasião, ele argumentou que esse não era um caso para a Justiça Militar, porque os crimes cometidos estavam todos previstos no Código Penal e a lei não fazia distinção entre investigados civis ou militares.