Meta sofre multa recorde na UE, de 1,2 bilhão de euros, por transferir dados aos EUA

Decisão afirma que Facebook há anos armazena dados de usuários europeus de forma ilegal em servidores nos EUA

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Por Redação
Atualização:

A Meta, controladora do Facebook, foi multada em 1,2 bilhão de euros (cerca de R$ 6,5 bilhões) na União Europeia (UE) por envio de informações de usuários aos EUA, em uma punição recorde do bloco em assuntos de privacidade. A Meta disse que apelará da decisão.

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A principal reguladora de privacidade da UE afirmou em sua decisão nesta segunda-feira, 22, que o Facebook vem há anos armazenando dados de usuários europeus de forma ilegal em seus servidores nos EUA.

A multa estabeleceu um novo recorde ao ultrapassar a punição de 746 milhões de euros imposta à Amazon em Luxemburgo, em 2021, por violações de privacidade ligadas ao seu negócio de anúncios.

Além da multa, a reguladora determinou que a Meta pare de enviar dados de usuários europeus aos EUA e apague as informações já armazenadas.

“Essa decisão é falha, injustificada e estabelece um precedente perigoso para inúmeras outras empresas que transferem dados entre a UE e os EUA”, afirmou a Meta.

Esta é uma nova reviravolta em uma batalha legal que começou em 2013, quando o advogado austríaco e ativista de privacidade Max Schrems entrou com uma ação sobre como o Facebook lidou com seus dados, após revelações sobre espionagem cibernética dos EUA pelo ex-contratado da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) Edward Snowden.

A saga deixou sobre a mesa as diferenças entre Washington e Bruxelas devido à rígida posição europeia sobre privacidade de dados e às regulamentações comparativamente frouxas dos Estados Unidos, onde não há lei federal de privacidade.

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A Meta é a controladora do Facebook; além da multa, regulador da UE determinou que companhia pare de enviar dados de usuários europeus aos EUA e apague informações já armazenadas.  Foto: Dado Ruvic/Reuters

A UE tem estado na vanguarda mundial ao limitar o poder das grandes empresas de tecnologia, com uma série de regulamentações que as obrigam a policiar suas plataformas com mais rigor e a proteger as informações pessoais dos usuários.

Um acordo que cobre transferências de dados entre a UE e os Estados Unidos, conhecido como Privacy Shield (escudo de privacidade, em português), foi derrubado em 2020 pelo mais alto tribunal da Europa, que concluiu que o acordo não fazia o suficiente para proteger os cidadãos do escrutínio eletrônico do governo dos EUA. A decisão desta segunda-feira confirmou que outra ferramenta para regular as transferências de dados - uma categoria de contratos legais - também era inválida.

Bruxelas e Washington assinaram um acordo no ano passado sobre uma nova versão do Privacy Shield que poderia ser usado pela Meta, mas o projeto está aguardando autoridades europeias determinarem se ele protege adequadamente a privacidade dos dados. Instituições da UE estão revisando o acordo e os legisladores do bloco pediram várias melhorias este mês, dizendo que as ressalvas não são fortes o suficiente. / DOW JONES NEWSWIRES E AP

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