• O Congresso sediou nesta segunda-feira (8) uma cerimônia para marcar um ano dos atos golpistas de 8 de janeiro

  • No evento 'Democracia Inabalada', o presidente Lula afirmou que não existe 'perdão para quem atenta contra a democracia'

  • Ele também declarou que um perdão 'soaria como impunidade'

  • O ato reuniu, além de Lula, os presidentes do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do STF, Luís Roberto Barroso, e do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes

  • Moraes defendeu punição a golpistas e disse que não haverá 'apaziguamento'. O magistrado afirmou também que não se pode confundir 'paz e união com impunidade'

  • Já Rodrigo Pacheco (PSD-MG) anunciou a retirada das grades do entorno do Congresso e declarou que as instituições estão vigilantes contra 'traidores da pátria'

  • Itens do acervo do Congresso e do STF, que foram danificados por golpistas e recuperados pelas instituições, foram exibidos na cerimônia

  • A ministra da Cultura, Margareth Menezes, cantou o Hino Nacional no evento

  • Cerca de 500 pessoas participaram da solenidade

Ato oficial Democracia Inabalada, realizado no Salão Negro do Senado Federal, em Brasília (DF), nesta segunda-feira, 08 de janeiro de 2024. — Foto: Adriano Machado/Reuters

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (8) que "não há perdão para quem atenta contra a democracia".

Lula deu a declaração durante o evento "Democracia Inabalada", no Congresso Nacional, que marcou um ano dos atos golpistas de 8 de janeiro.

"Todos aqueles que financiaram, planejaram e executaram a tentativa de golpe devem ser exemplarmente punidos. Não há perdão para quem atenta contra a democracia, contra seu país e contra o seu próprio povo. O perdão soaria como impunidade. E a impunidade, como salvo conduto para novos atos terroristas", afirmou Lula.

O petista disse que a "coragem" de parlamentares, governadores, ministros do STF e "militares legalistas" garantiu que nesta segunda-feira fosse possível celebrar "a vitória da democracia sobre o autoritarismo".

O presidente ainda agradeceu os profissionais das forças de segurança, em especial do Congresso, "que, mesmo em minoria, se recusaram a aderir ao golpe e arriscaram suas vidas no cumprimento do dever".

"Quero em primeiro lugar saudar todos os brasileiros e as brasileiras que se colocaram acima das divergências para dizer um eloquente não ao fascismo. Porque somente na democracia as divergências podem coexistir em paz", disse Lula.

O chefe do Executivo voltou a destacar que é preciso combater a fome e a desigualdade a fim de aperfeiçoar a democracia no Brasil.

"Uma criança sem acesso à educação não aprenderá o significado da palavra democracia. Um pai ou uma mãe de família no semáforo, empunhando um cartaz escrito 'Me ajudem pelo amor de Deus', tampouco saberá o que é democracia. Aperfeiçoar a democracia é reconhecer que democracia para poucos não é democracia", disse.

Veja nesta reportagem:

Lula chega ao Congresso para cerimônia que marca um ano dos atos golpistas de 8 de janeiro

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O evento

Segundo a organização, além de Lula, cerca de 500 pessoas participaram do evento, entre as quais o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ministros do governo, magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF), governadores (veja a lista aqui) e parlamentares.

Para o evento, a segurança no entorno das sedes dos Três Poderes foi reforçada, e o acesso aos prédios sofreu bloqueios. Atuaram em conjunto os efetivos das forças de segurança locais do Distrito Federal, das polícias do Congresso e do Supremo, além das polícias Federal e Rodoviária Federal.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), era aguardado, mas alegou que um familiar está com um problema de saúde de um familiar, e não compareceu.

No evento, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, cantou o Hino Nacional. E foi exibido um vídeo com imagens da depredação e da recuperação dos prédios dos Três Poderes.

Zé Gotinha assiste a ato que marca um ano dos atos golpistas

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Discursos dos presidentes de poder

As principais autoridades dos Três Poderes da República fizeram discursos:

Em seu discurso, Alexandre de Moraes disse que o STF continuará investigando e punindo os responsáveis pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

Luís Roberto Barroso afirmou que o 8 de janeiro, que classifica como "dia da infâmia", foi precedido de anos de ataques às instituições e aos seus integrantes.

"Banalizou-se o mal, o desrespeito, a grosseria, a agressividade, a falta de compostura. Passamos a ser mal vistos globalmente. O Brasil que deixou de ser Brasil. Porém, a despeito de tudo, as instituições venceram e a democracia prevaleceu", afirmou o presidente do STF.

"A reação do presidente da República, do presidente do Senado, do presidente da Câmara, da presidente do Supremo, dos diferentes setores da sociedade civil e da imprensa demonstrou que nós já superamos os ciclos do atraso. Já não há mais espaço na vida brasileira para quarteladas, quebras da legalidade ou o descumprimento das regras do jogo", completou o ministro.

Já o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco, anunciou a retirada das grades que cercam o prédio do Legislativo. Ele também afirmou que os Poderes estão "vigilantes" contra ações de "traidores da pátria".

Evento de promoção dos três poderes da República em memória à invasão das sedes dos poderes ocorrida em 8 de janeiro de 2023. — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Outros pronunciamentos

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), discursou como representante das unidades da federação. Ela afirmou que o ato desta segunda-feira (8) "reflete a união em torno do que é inegociável: a democracia". Para ela, o 8 de janeiro foi uma das "páginas mais infelizes" da história contemporânea do Brasil.

A governadora declarou que punir os responsáveis é um "ato pedagógico", já que "a impunidade concretiza o esquecimento". Fátima Bezerra disse que o momento atual é de "solidariedade" entre União, estados e municípios. Ela ainda lembrou que a Constituição determinar que os poderes sejam harmônicos.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também discursou no evento. Ele afirmou que a democracia demanda vigilância contínua contra novos ataques de ímpeto golpista.

"Os estilhaços das vidraças das sedes dos Poderes, os destroços a que foram reduzidos em poucos instantes obras de artes, ambientes e instrumentos de trabalho, além das imundices esparramadas nos centros simbólicos da vida institucional, não podem ser esquecidos”, disse Gonet.

Além deles, estavam no palco principal:

  • o vice-presidente, Geraldo Alckmin
  • o ex-presidente José Sarney
  • a ex-presidente do STF e ministra aposentada da Corte Rosa Weber
  • a primeira-dama, Janja Lula da Silva
  • o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
  • a senadora Eliziane Gama (PSD-MA)
  • Aline Sousa, do Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis

STF e Congresso têm exposições e solenidades para marcar 1 ano dos atos golpistas de 8 de janeiro

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Obras danificadas e exposições

O ato em memória dos ataques incluiu ainda duas ações simbólicas para marcar a recuperação de dois itens dos acervos do STF e do Senado.

Em um primeiro momento, as autoridades inauguraram placa que indica a restauração de uma tapeçaria, criada pelo paisagista e arquiteto Roberto Burle Marx e avaliada em R$ 4 milhões.

Arrancada da parede, urinada e rasgada pelos invasores, a peça foi uma das mais danificadas do Senado. O trabalho de restauro durou quase 300 dias e custou R$ 236,2 mil. A tapeçaria retornou à exposição, no Salão Negro do Congresso.

Na sequência, houve uma entrega simbólica do exemplar da Constituição Federal de 1988 roubado por vândalos na invasão ao STF. O item, que foi recuperado ainda em janeiro, ficava em exposição no Salão Branco da Corte.

Lista de governadores presentes

Veja abaixo a lista dos governadores presentes ao ato "Democracia Inabalada" realizado no Congresso:

  • Espírito Santo: Renato Casagrande (PSB)
  • Rio Grande do Norte: Fátima Bezerra (PT)
  • Rio Grande do Sul: Eduardo Leite (PSDB)
  • Bahia: Jerônimo Rodrigues (PT)
  • Paraíba: João Azevêdo (PSB)
  • Pernambuco: Raquel Lyra (PSDB)
  • Pará: Helder Barbalho (MDB)
  • Piauí: Rafael Fonteles (PT)
  • Amapá: Clécio Luis (Solidariedade)
  • Ceará: Elmano de Freitas (PT)
  • Sergipe: Fábio Mitidieri (PSD)
  • Maranhão: Carlos Brandão (PSB)
  • Distrito Federal: Celina Leão (PP, interina)
  • Alagoas: Ronaldo Lessa (PDT, vice-governador)

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