Por Fernanda Vivas, TV Globo — Brasília


A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, durante cerimônia de apresentação da nova pasta — Foto: Wilson Dias / Agência Brasil

A advogada e pastora evangélica Damares Alves assumiu nesta quarta-feira (2) o cargo de ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos. No discurso, afirmou: "O Estado é laico, mas esta ministra é terrivelmente cristã".

Damares Alves é educadora, advogada e foi assessora parlamentar no gabinete do senador Magno Malta (ES), um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro. Ela nasceu no Paraná, mas mudou-se aos seis anos para o Nordeste, onde morou em Alagoas e na Bahia.

O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos foi criado por Bolsonaro. Caberá à pasta coordenar as políticas e as diretrizes destinadas à promoção dos direitos humanos.

Saiba quem comandará algumas das secretarias:

  • Juventude: Jayana Nicaretta da Silva;
  • Família: Ângela Gandra Martins.

A pasta vai atuar em temas como: direitos da mulher, da família, do idoso, da criança e do adolescente, da pessoa com deficiência, do índio e das minorias.

A pasta terá oito secretarias e 12 conselhos ou comitês. A Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres e a Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, que tiveram status de ministério nos governos Lula e Dilma, ficarão vinculados ao ministério comandado por Damares Alves.

Ministros de Bolsonaro: Damares Alves

Ministros de Bolsonaro: Damares Alves

Discurso

Durante o discurso desta quarta-feira, a nova ministra afirmou que a base da estruturação das políticas públicas do governo Jair Bolsonaro será a família.

"Todas as políticas públicas neste país terão que ser construídas com base na família. A família vai ser considerada em todas as políticas públicas", enfatizou.

"Eu sou uma mulher sozinha com uma filha e nada vai tirar de nós esse vínculo. Nós somos uma família. E todas as configurações familiares serão respeitadas", disse.

Ao lembrar da filha, a ministra se emocionou. Segundo Damares Alves, a filha está fora de Brasília por conta das ameaças que ela sofreu durante a transição.

Outros temas

Saiba outros temas abordados pela ministra:

Vida desde a concepção: Damares afirmou que gostaria que o ministério se chamasse "Ministério da Vida e da Alegria". "E por falar em vida, eu falo vida desde a concepção", destacou.

Violência contra a mulher: Damares Alves citou denúncias de violência contra a mulher e afirmou que, no governo de Jair Bolsonaro, nenhuma será ignorada.

'Doutrinação ideológica': A nova ministra também ressaltou que um dos desafios do governo será acabar com o "abuso da doutrinação ideológica". "Acabou a doutrinação ideológica de crianças e adolescentes no Brasil", disse. "Neste governo, menina será princesa e menino será príncipe. Está dado o recado. Ninguém vai nos impedir de chamar nosssas meninas de princesas e nossos meninos de príncipes", acrescentou.

'Riscos' à família

Em uma palestra de 2014, cujo tema era "Riscos que corre a família brasileira", Damares Alves disse que, à época, estava preocupada com um decreto editado em 2009 pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo ela, o texto declarava "que a família brasileira tem que ser destruída".

O decreto mencionado na palestra pela ministra trata do Programa Nacional de Direitos Humanos e estabelece a "desconstrução da heteronormatividade" sob o argumento de que é preciso "incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais".

"Eles querem muito mais que construir no Brasil a homonormatividade. Eles querem, pior, destruir a heteronormatividade. Isso me preocupa muito, mas eu gostaria que esta nação tivesse outro decreto. Sou cristã, pastora e a minha regra de fé é a Bíblia", disse Damares na ocasião.

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