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    Espanha anuncia fundo para vítimas de abuso sexual cometido por membros da Igreja Católica

    Ministro da Justiça, Félix Bolaños, disse aos repórteres que a Igreja falhou durante décadas em atender aos pedidos de reparações, e que as suas respostas ao relatório tinham variado por diocese

    O ministro da Presidência, Justiça e Relações com as Cortes Gerais da Espanha, Félix Bolaños.
    O ministro da Presidência, Justiça e Relações com as Cortes Gerais da Espanha, Félix Bolaños. Francesco Militello Mirto/NurPhoto via Getty Images

    David Latonada Reuters

    em Madri

    A Espanha vai criar um fundo, a ser financiado em grande parte pela Igreja Católica, para compensar estimadas 440 mil vítimas de décadas de abuso sexual cometido por clérigos, funcionários ou professores católicos, anunciou o ministro da Justiça espanhol, nesta terça-feira (23).

    Um relatório publicado em outubro pelo Provedor de Direitos Humanos de Espanha produziu a estimativa de vítimas a partir de uma pesquisa com 8 mil pessoas.

    O documento também recomendou a criação de um fundo estatal, acusando a Igreja de falta de cooperação e procurando “minimizar o fenômeno”.

    O ministro da Justiça, Félix Bolaños, disse aos repórteres que a Igreja falhou durante décadas em atender aos pedidos de reparações, e que as suas respostas ao relatório tinham variado por diocese.

    “Queremos responder para prevenir, reparar e tentar saldar a dívida que a nossa sociedade tem para com as vítimas”, disse Bolaños.

    O esquema governamental, previsto para vigorar até 2027, prevê uma fórmula ainda indefinida que exigiria que a Igreja “pagasse a totalidade ou uma parte substancial da compensação e fornecesse outros elementos de reparação simbólica”.

    Bolaños disse que o seu Ministério negociaria com os bispos a contribuição da Igreja para o fundo e que tinha a impressão de que estava disposto a cooperar.

    No entanto, a Conferência Episcopal Espanhola disse que não poderia aceitar um plano que excluísse vítimas de abuso sexual em outras organizações, pois representava um “julgamento condenatório de toda a Igreja que aborda apenas parte do problema”.

    Em novembro, a Igreja disse pela primeira vez que iria compensar as vítimas, mesmo em casos deixados em aberto devido à morte do padre infrator.

    Bolaños disse que um órgão especializado independente estudaria os casos em que o agressor morreu ou o prazo de prescrição foi aprovado, ou que nunca chegou a tribunal.

    O governo também planeja organizar um evento público com as vítimas e seus familiares para oferecer “reparação simbólica” em nome do Estado.

    No vizinho, Portugal, a Igreja anunciou este mês que iria compensar as vítimas caso a caso, uma abordagem criticada por grupos de sobreviventes.