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Cresce probabilidade de guerra civil na Venezuela

Manifestante joga de volta uma bomba de gás lacrimogêneo durante  protesto

A probabilidade de uma guerra civil na Venezuela cresceu nos últimos dias. Nicolás Maduro deve lutar para se sustentar no poder e ainda desfruta de enorme apoio dos militares, além de milícias pró-regime e mesmo de Cuba. Para completar, recebeu o fundamental suporte da Rússia, que não entraria em um conflito, mas já começou a armar o regime.

A oposição segue liderada por civis contrários a um conflito. Mas há movimentos anti-Maduro, incluindo militares desertores, que podem pegar em armas para lutar contra o regime. Inclusive, eles têm pedido ajuda aos EUA. Apesar de os americanos não terem a intenção de uma intervenção militar, há membros no governo Trump que simpatizam com esta ideia. O novo emissário especial da Casa Branca para a Venezuela é Elliot Abrams, diretamente envolvido com os contras da Nicarágua nos anos 1990. O conselheiro de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, também estaria entre os entusiastas do armamento dos opositores. Outro defensor seria o senador Marco Rubio, principal voz em Washington sobre a Venezuela.

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O presidente dos EUA, no entanto, mantém a estratégia do isolamento diplomático de Maduro associado a sanções econômicas. Isolacionista, Trump sempre foi crítico de intervenções americanas no Iraque e Afeganistão. Não está claro se mudaria de opinião sobre a Venezuela. Uma ofensiva militar está descartada até porque o Congresso não aprovaria. Mas o líder americano ainda pode ser convencido por Bolton, Abrams e Rubio na questão do armamento de opositores.

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A situação na Venezuela segue fluida. Há cinco cenários possíveis, conforme venho escrevendo nas últimas semanas: 1) transição para a democracia; 2) militares assumem o poder; 3) Maduro sobrevive; 4) governos paralelos e 5) guerra civil. O atual cenário é de "governos paralelos" (o de Guaidó é mais simbólico, mas tem força diplomática e popular), mas esta situação é insustentável. Na semana passada, escrevi que a transição para a democracia era o cenário mais provável. Maduro, porém, conseguiu um respiro. Não creio que o suficiente para sobreviver. E aumentou o risco de guerra civil, que é o quinto cenário.

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