Por Gustavo Garcia, Guilherme Mazui e João Cláudio Netto, G1 e TV Globo — Brasília


Renan Calheiros retira candidatura à presidência do Senado

Renan Calheiros retira candidatura à presidência do Senado

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) anunciou neste sábado (2) a retirada da candidatura a presidente do Senado.

Ele fez o anúncio durante o processo de votação, que estava sendo realizado pela segunda vez. Na primeira votação, os escrutinadores constataram que a urna continha 82 votos – o Senado tem 81 senadores.

Ao anunciar a desistência da candidatura, Renan disse que o processo não era democrático e foi vaiado por parte do plenário. Exaltado, ele afirmou que Davi – em referência ao adversário Davi Alcolumbre (DEM-AP) – não era Davi, mas Golias e que a partir daquele momento o rival era o presidente do Senado.

"O Davi não é Davi, o Davi é o Golias. Ele é o novo presidente do Senado, e eu retiro a minha candidatura porque eu não vou me submeter a isso. Portanto, senhor presidente, é o estado que nós chegamos de coisas", afirmou o senador, que tentava se eleger presidente da Casa pela quinta vez.

"Estou saindo do processo por entendê-lo deslegitimado", disse após deixar o plenário.

Ele reclamou de senadores que, na primeira votação, não declararam o voto, mas o fizeram na segunda – o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, não revelou o voto na primeira votação. Na segunda, anunciou voto em Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Segundo Renan, a pressão para que todos abrissem o voto retirou dele a chance de receber quatro votos que, argumentava, poderia receber da bancada do PSDB. Segundo Renan, os tucanos estavam revelando as preferências para retirar “qualquer possibilidade” de ele ter os votos de José Serra (PSDB-SP) e Mara Gabrilli (PSDB-SP).

“O recomendável era reproduzir a votação. Eles já tinham feito o voto aberto para eles e na segunda votação exigiram que o PSDB abrisse o voto para inibir a possibilidade de quatro votos que nós tínhamos no partido”, disse.

“E obrigaram também o próprio filho do presidente da República a abrir o voto. Ou seja, escancarou que estão passando sobre o Congresso Nacional. Isso não pode acontecer, a democracia não aguenta isso”, completou.

Depois que Renan anunciou a saída da disputa em meio à eleição senadores debateram sobre a necessidade de o processo de votação começar pela terceira vez. O processo, no entanto, continuou.

Nove senadores se apresentaram como candidatos à Presidência da Casa, mas, antes de Renan Calheiros, outros três já tinham retirado candidaturas – Alvaro Dias (Pode-PR), Major Olímpio (PSL-SP) e Simone Tebet (MDB-MS), que concorria como candidata avulsa. Restaram na disputa cinco parlamentares:

  • Fernando Collor (Pros-AL)
  • Reguffe (sem partido-DF)
  • Angelo Coronel (PSD-BA)
  • Davi Alcolumbre (DEM-AP)
  • Esperidião Amin (PP-SC)

A origem da confusão na eleição para presidente do Senado é o impasse resultante da divergência entre a parcela de senadores favorável ao voto aberto e os que defendiam o voto secreto.

Na sessão de sexta-feira, uma proposta de adoção do voto aberto foi aprovada por 50 votos a dois – 28 senadores não votaram. Parte dos favoráveis ao voto aberto apoiavam a candidatura de Davi Alcolumbre. Aliados de Renan Calheiros defendiam o voto secreto. Diante do impasse, a sessão foi suspensa na noite de sexta e marcada para recomeçar na manhã deste sábado.

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