Política Brasília

Carlos Bolsonaro diz que Bebianno não falou com presidente: 'Mentira absoluta'

Na noite desta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro retuitou as mensagens do filho
Carlos Bolsonaro, durante visita ao Supremo Tribunal Federal Foto: Sergio Lima/AFP/13-11-2018
Carlos Bolsonaro, durante visita ao Supremo Tribunal Federal Foto: Sergio Lima/AFP/13-11-2018

BRASÍLIA — O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) afirmou nas redes sociais, nesta quarta-feira, que o ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência, não conversou na terça com o presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao GLOBO, o ministro havia negado que protagonize uma crise no Palácio do Planalto e afirmou ter conversado, por mensagens, três vezes com o presidente na terça-feira .

"Ontem estive 24 horas do dia ao lado do meu pai e afirmo: É uma mentira absoluta de Gustavo Bebbiano (sic) que ontem teria falado 3 vezes com Jair Bolsonaro para tratar do assunto citado pelo Globo e retransmitido pelo Antagonista", disse o vereador no Twtitter.  Minutos depois, Carlos fez uma nova postagem na rede social e postou um áudio enviado pelo presidente a Bebianno:

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"Não há roupa suja a ser lavada! Apenas a verdade: Bolsonaro não tratou com Bebiano (sic) o assunto exposto pelo O Globo como disse que tratou." Na mensagem de voz, Bolsonaro se recusa a falar com o ministro.

— Gustavo, está complicado eu conversar ainda. Então não vou falar, não vou falar com ninguém a não ser estritamente o essencial. E estou em fase final de exames para possível baixa hoje, tá ok? Boa sorte aí.

Na noite desta quarta-feira, o presidente Jair Bolsonaro retuitou as postagens do filho, em que ele diz Bebianno não tratou de assuntos com o pai, como o ministro afirmou ao GLOBO na terça-feira.

As publicações acentuam os rumores de que Bebianno vive uma instabilidade no governo. Na terça-feira, o ministro cancelou agenda da tarde, depois de almoçar com seus assessores no restaurante do Planalto e ter se recusado a dar declarações à imprensa. À noite, ele se reuniu com o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

— Não existe crise nenhuma.  Só hoje falei três vezes com o presidente — disse Bebianno ao GLOBO, afirmando que a conversa se deu por mensagens no WhatsApp.

Um dos temas da conversa teria sido o cancelamento de sua viagem ao oeste do Pará, que ocorreria nesta quarta-feira. Segundo ministro, a agenda foi suspensa a pedido de Bolsonaro que gostaria de reencontrar seus ministros na volta a Brasília, após 16 dias internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. Além dele, também cancelaram a viagem o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a ministra Damares Alves, da pasta Família, Mulher e Direitos Humanos. Nesta quarta-feira, o porta-voz da Presidência,  Otávio do Rêgo Barros, disse desconhecer o pedido de Bolsonaro.

Um dos mais próximos aliados de Bolsonaro durante a campanha, Bebianno é desafeto de Carlos, filho mais próximo do presidente. O parlamentar carioca seria o responsável por advogar junto ao pai para que Bebianno tenha menos poder no governo.

Na transição, por exemplo, a Secretaria de Comunicação, área de interesse de Carlos, que tradicionalmente é subordinada à Secretaria-Geral da Presidência, foi realocada para a Secretaria de Governo, comandada pelo ministro Carlos Alberto Santos Cruz.

No fim de semana, uma reportagem publicada pela "Folha de S.Paulo" apontou que o PSL, partido do presidente, destinou R$ 400 mil de fundo partidário para Maria de Lourdes Paixão, de 68 anos, candidata a deputada federal de Pernambuco que recebeu apenas 274 votos. Na época, Bebianno era presidente da legenda. Ele comandou o partido entre janeiro e outubro de 2018. Nesta quarta-feira, a Polícia Federal  intimou a candidata a prestar depoimento sobre a suspeita de ter sido usada como laranja pelo PSL.

Bebianno afirmou que o deputado federal Luciano Bivar (PE), atual presidente do PSL e cujo grupo comanda a legenda em Pernambuco, é quem deve responder sobre Maria de Lourdes. Bivar a teria indicado para receber os recursos.

— Simplesmente não conheço a candidata. As explicações devem ser dadas por ela e por Bivar que a indicou. Tudo que a executiva nacional fez à época foi dentro da lei — disse Bebianno.