Política

Bebianno é atacado nas redes sociais e em grupos de WhatsApp pró-Bolsonaro

Militantes ligados a Carlos Bolsonaro passaram a compartilhar vídeos, áudios, imagens e textos contra o ministro. Neste domingo, passou a circular um áudio intitulado "O Verdadeiro Bebianno"
O ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebbiano Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/02-01-2019
O ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebbiano Foto: Pablo Jacob/Agência O Globo/02-01-2019

BRASÍLIA — O exército digital que deu sustentação à campanha que elegeu Jair Bolsonaro presidente foi acionado para uma ação de ataque ao ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno , alvo da primeira grande crise do governo. Pelas redes sociais, militantes ligados ao vereador Carlos Bolsonaro , o mais radical dos filhos do presidente, passaram a compartilhar vídeos, áudios, imagens e textos contra o ministro, cuja exoneração está prevista para ser publicada nesta segunda-feira no Diário Oficial da União (DOU).

A estratégia é fragilizar ainda mais o ministro que, de saída do Planalto, pode se tornar uma voz de oposição contra Bolsonaro. A aliados, Bebianno tem feito duras críticas ao presidente, de quem se aproximou como um fã. A ideia, segundo integrantes desses grupos, é mostrar que "Bebianno é o traidor, por ter se aliado à mídia" e afastar de Bolsonaro a imagem de que não é leal a seus apoiadores.

Neste domingo, passou a circular em grupos de WhatsApp um áudio intitulado "O Verdadeiro Bebianno", cujo conteúdo é uma conversa durante a campanha eleitoral entre o ministro e um apoiador de Bolsonaro no Ceará. No diálogo, Bebianno cobra o militante Edson Alex por supostamente ter divulgado um texto crítico a ele.

Nele, afirmava-se que Bebianno e o agora deputado federal Julian Lemos, então presidente e vice do PSL, haviam tornado a legenda em "um grande balcão de negócios". O texto é intitulado "Bandidos tomaram de assalto o partido do Capitão e hoje colocam em risco a candidatura do próximo presidente do Brasil."

No áudio, que voltou a circular neste domingo, Bebianno ameaça processar o militante.

— Se você está dizendo que não foi, eu vou pela esfera cível e criminal e vou f... a vida de quem escreveu aquele bando de impropérios, entendeu? No lugar de a gente estar unido fica um bando de babaca criando esse tipo de viadagem, de babaquice — diz Bebianno na conversa.

No sábado, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) compartilhou em seu perfil numa rede social uma postagem na qual Bebianno é criticado e que chama de "jumento" quem diz que Carlos atrapalha o pai. Na postagem compartilhada por Eduardo e replicada entre os grupos bolsonaristas, Bebianno é apontado como envolvido na sabotagem da escolha de Luiz Philipe de Orleans e Bragança para vice-presidente e num esquema de utilização de laranjas durante as eleições de 2018.

E o texto conclui: "Se fosse qualquer outro ministro e Bolsonaro o defendesse, a mídia e membros do establishment iriam dizer que o presidente estaria passando pano pra corrupto, mas como grande parte está defendendo Bebianno, somos levados a concluir que ministro tem amigos no establishment e que o buraco é mais embaixo. E ainda tem jumento que diz que o Carlos atrapalha o pai. Vocês são idiotas ou o quê?".

Em seu perfil no Instagram, Bebianno foi criticado ao postar um texto falando sobre lealdade . Apoiadores de Bolsonaro o chamaram de "traidor". A mensagem atribuída ao escritor Edgard Abbehusen diz que: "O desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça".  Bebianno não cita o nome do presidente na publicação.

Eleitor de Bolsonaro, Bebianno se aproximou do então deputado federal por intermédio do engenheiro Carlos Favoretto. Na época, se ofereceu para assumir a defesa de Bolsonaro em algumas ações e ganhou a confiança da família. Outsider na política, foi Bebianno quem articulou a manobra que tirou Bolsonaro do Patriota e viabilizou sua candiatura pelo PSL.

O ministro enfrenta um processo de desgaste provocado por denúncias envolvendo justamente supostas irregularidades na sua gestão à frente do caixa eleitoral do PSL, partido dele e de Bolsonaro. A crise foi amplificada pelo vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, que foi às redes sociais dizer que Bebianno mentiu ao falar ao GLOBO que havia conversado três vezes com o presidente na última terça-feira. A declaração foi dada para negar que ele estava protagonizando a crise.