Antônio Denarium (PSL), governador de Roraima — Foto: Pedro Barbosa/G1 RR
O governador de Roraima, Antônio Denarium (PSL), afirmou nesta quinta-feira (21) que cidades do estado podem ter problema no abastecimento de gasolina se a fronteira do estado com a Venezuela for fechada.
Denarium deu a declaração em Brasília, após se reunir com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Mais cedo, nesta quinta-feira, o presidente venezuelano Nicolás Maduro informou que fechará a fronteira do país com o Brasil, em Roraima.
"Em Pacaraima nem há postos de combustível porque a gasolina na Venezuela é muito barata, o valor é irrisório. E, se por acaso for fechada a fronteira, tanto Pacaraima e Santa Helena também podem ter problemas de abastecimento", declarou Denarium.
De acordo com o governador, o estado também recebe fertilizantes e calcário da Venezuela e, se a fronteira for fechada, o abastecimento da agricultura será prejudicado.
"Nós somos importadores de fertilizantes, de calcário da Venezuela, o que pode atrapalhar também o abastecimento de calcário para a nossa próxima safra e nosso próximo plantio que se inicia agora no mês de maio e junho", declarou.
Denarium destacou que o Brasil também fornece alimentos para Venezuela e a fronteira fechada pode comprometer o faturamento das empresas de Roraima e levar ao fechamento de alguns estabelecimentos.
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Energia elétrica
De acordo com o governador, 50% da energia consumida no estado é produzida na Venezuela e uma das preocupações é que as relações com o país vizinho levem também ao fim do fornecimento de energia.
"Hoje o estado de Roraima é o único estado do Brasil que não está interligado ao sistema nacional de energia elétrica. Nós temos 50% da energia vindo da Venezuela, outros 50% por termoelétrica, por óleo diesel, e hoje nós não temos energia suficiente para abastecer Roraima sem que chegue energia da venezuela", afirmou.
Segundo o governador, diálogos estão em andamento com o Ministério de Minas e Energia para para que se contrate energia suficiente caso seja necessário.
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Ajuda humanitária
Também nesta quinta, o porta-voz do presidente Jair Bolsonaro, Otávio Rêgo Barros, informou que o limite de ação do Brasil em relação à Venezuela é a faixa de fronteira.
Rêgo Barros convocou uma entrevista coletiva no Palácio do Planalto para falar sobre a ajuda humanitária que o Brasil pretende enviar à Venezuela no sábado (23), com alimentos e medicamentos.
De acordo com o porta-voz, a ajuda será transportada até Boa Vista e Pacaraima por motoristas brasileiros. A partir da fronteira, explicou, os medicamentos e os alimentos deverão ser transportados por motoristas venezuelanos.
Segundo Rêgo Barros, os caminhões venezuelanos serão conduzidos por cidadãos venezuelanos e deverão entrar no Brasil, pegar os itens da ajuda humanitária e levá-los ao país.
O porta-voz afirmou que, segundo relatos de militares brasileiros em Roraima, a fronteira estava "aberta e com fluxo normal" nesta quinta-feira.