Adriano Machado/Crusoé

Bebianno deve deixar o governo nas próximas horas

14.02.19 03:47

O ministro Gustavo Bebianno, da Secretaria-Geral da Presidência da República, entrou na madrugada desta quinta-feira praticamente decidido a pedir demissão.

Braço-direito de Jair Bolsonaro durante a campanha e o período do governo de transição, Bebianno foi acusado publicamente por um dos filhos do presidente, Carlos Bolsonaro, de ter mentido.

Depois de dizer ao jornal O Globo que conversara com Jair Bolsonaro três vezes nesta terça-feira, após ser apontado em reportagem da Folha de S.Paulo como responsável por liberar recursos do PSL para uma candidata laranja durante as eleições, o ministro foi atacado por Carlos Bolsonaro nas redes sociais.

Primeiro, o filho do presidente afirmou em um post nas redes sociais que Bebianno mentiu ao dizer que falara com Bolsonaro. Depois, publicou um áudio do próprio Jair Bolsonaro para contestar a declaração do ministro.

Mais tarde, o presidente reproduziu em seu perfil oficial no Twitter os ataques do filho a Gustavo Bebianno. O ato foi lido como uma chancela aos posts de Carlos Bolsonaro — e um sinal claro de descontentamento de Jair Bolsonaro com o ministro que, até há pouco, era seu homem de confiança.

Já era, àquela altura, um processo cristalino de fritura, com requintes inéditos: o filho do presidente ataca um ministro do círculo íntimo do pai, e o presidente chancela o ataque em público. 

Haveria mais. Bolsonaro, em entrevista à Rede Record, admitiu a possibilidade de demissão de Bebianno ao dizer que determinou investigação sobre o caso e que o ministro poderia “voltar às origens” caso as irregularidades no repasse de dinheiro do partido à tal candidata ficassem comprovadas.

Bebianno, por óbvio, não gostou. Passou a noite de quarta e o início da madrugada desta quinta-feira refletindo sobre o que fazer. A interlocutores, afirmou que deverá, sim, deixar o cargo. “Dignidade não tem preço”, disse em uma das conversas noite adentro. 

A esses mesmos interlocutores, o ministro afirmou que, após os ataques de Carlos Bolsonaro e a postura do próprio presidente, todos os pontos de retorno foram ultrapassados. A saída do governo, portanto, seria o único caminho a trilhar.

Nas conversas, Bebianno evitava comentários sobre a atitude de Carlos Bolsonaro. Dizia que só após a confirmação de sua saída do governo falaria sobre os ataques desferidos pelo filho do presidente. Ele deverá se reunir com Jair Bolsonaro ainda nesta quinta-feira.

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