Rio Carnaval 2019

Crivella quer tirar ajuda da Prefeitura a escolas de samba do Rio em 2020

Prefeito fala em 'transição sem traumas' no modelo de financiamento
Crivella não descarta que escolas não tenham subvenção em 2020 Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo
Crivella não descarta que escolas não tenham subvenção em 2020 Foto: Custódio Coimbra / Agência O Globo

RIO - O prefeito Marcelo Crivella disse ao GLOBO nesta terça-feira que não descarta a hipótese de as escolas de samba do Rio não terem qualquer subvenção em 2020. Segundo ele, caso a prefeitura consiga que patrocinadores arquem com 100% do que o município repassa, haverá uma ''transição sem traumas'' no modelo de financiamento.

Nos últimos dois anos, houve cortes na subvenção. No Grupo Especial, a verba caiu de R$ 2 milhões por escola em 2017 para R$ 1 milhão em 2018. Já em 2019, passou para R$ 500 mil por agremiação.  Nas divisões de acesso, os valores são ainda menores.

- Estamos trocando verba pública por privada. Se em 2020 conseguirmos patrocinadores para 100% das despesas do carnaval, o município não colocará recurso público. E assim teremos feito uma transição sem traumas. Exatamente como se desmama um bebê. Sem traumas - afirmou Crivella.

No desfile do grupo de acesso, na madrugada de sábado, a Acadêmicos do Sossego exibiu uma faixa com críticas contra Crivella devido aos cortes. Em rede social, o prefeito citou uma pesquisa do Instituto Paraná que revela que a maior parte da população brasileira é contra ajuda oficial aos desfiles. O prefeito também argumentou que precisa mobilizar mais recursos para Saúde e Educação.

Riotur defende profissionalização

O presidente da Riotur, Marcelo Alves, defendeu que as escolas e a Liesa profissionalizem seus departamentos de marketing e se associem à prefeitura na tentativa de buscar parceiros para que o evento em 2020 seja feito só com recursos privados e sem subvenção do município.

- A prefeitura tem ajudado a captar patrocinadores, como a Light. A Uber desistiu de apoiar o Carnaval está ano mas pode voltar em 2021. O carnaval é um evento que gera visibilidade para qualquer marca. A Liesa e as escolas têm que trabalhar isso para que o evento tenha esses apoios o ano inteiro. Isso pode ser feito. O Rock in Rio é um exemplo de sucesso - disse Alves.

Como exemplo de potencial que a folia tem, o presidente da Riotur cita o contrato com uma empresa de bebidas para patrocinar o carnaval de rua do Rio. O contrato, com a duração de três anos, vale até 2020.

- Nossa estimativa é que os custos com a estrutura (como banheiros químicos e operadores de tráfego) sairia por R$ 26 milhões este ano se fossem pagos com recursos públicos. Este valor chegaria a R$ 27 milhões em 2020 - estimou Alves.

O presidente da Riotur acrescentou que o carnaval tem um custo direto da prefeitura que chega a R$ 57 milhões, investimento que será mantido mesmo se as escolas não tenham mais patrocínio público. Neste valor também estão incluídas despesas como apoio ao carnaval de rua.

- Este custo inclui desde o pagamento de horas extras de servidores públicos, como garis e guardas municipais, a gastos com toda a estrutura de saúde montada no Sambódromo. A prefeitura arca ainda com despesas como a manutenção da Sapucaí e a iluminação - disse Marcelo Alves.