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Por — São Paulo

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GERADO EM: 26/03/2025 - 19:37

Masp inaugura anexo "Pietro Maria Bardi" após 20 anos de espera

O novo anexo do Masp, "Pietro Maria Bardi", será inaugurado amanhã, após quase 20 anos de planejamento e R$250 milhões investidos. Com 14 andares, o prédio amplia em 66% a capacidade expositiva do museu e apresenta cinco exposições, incluindo uma dedicada a Renoir. O local, que futuramente será conectado ao prédio original por um túnel, visa fortalecer a relação com museus internacionais.

Foram necessários quase 20 anos para que o projeto saísse do papel, mas a partir desta sexta-feira (28) quem deseja visitar o acervo e as novas exposições do Museu de Arte de São Paulo (Masp) terá não só a opção de acessar o prédio icônico projetado por Lina Bo Bardi (1914-1992) e inaugurado em 1968, mas poderá também conhecer o novo anexo de 14 pavimentos que era um antigo edifício residencial e aumenta em 66% a capacidade expositiva da instituição. A entrada nos dois prédios estará incluída no valor do mesmo ingresso, ao custo de R$ 75, e é gratuita às terças o dia todo e às sextas à noite.

Batizado de Pietro Maria Bardi, em homenagem ao crítico e marchand (e marido de Lina Bo Bardi) que figurou como um dos fundadores do museu, o novo endereço fica imediatamente ao lado do “antigo” Masp — e terá um túnel subterrâneo de 40 metros quadrados ligando os dois prédios, mas que deve ser inaugurado somente no segundo semestre.

Cinco exposições na estreia

A estreia do “monolito” (no número 1.500 da Avenida Paulista) ocorre com a abertura de cinco exposições inéditas, chamadas de ensaios, que celebram o acervo, a história e a relevância da instituição, que detém uma das mais importantes coleções do Hemisfério Sul, incluindo artistas como Rafael, Van Gogh, Monet, Picasso, Velázquez, Rubens, Tarsila do Amaral e Bosch.

— Estamos inaugurando o novo prédio já com exposições, em operação. Isso é um desafio, porque estamos muito acostumados a fazer exibições no edifício Lina (a sede anterior), mas no Edifício Pietro, não. Por conta disso, achamos que seria mais confortável e, digamos, familiar fazer mostras com os trabalhos do acervo — diz o diretor artístico do museu, Adriano Pedrosa.

Com a chegada do edifício ao museu, a capacidade expositiva do Masp terá um aumento de 66% e abrirá espaço para que o acervo da instituição — contabilizado em cerca de 11 mil obras — tenha mais oportunidades de chegar aos olhos do público. Passados os primeiros momentos de estreia, é esperado que o prédio novo abrigue as mostras temporárias (com eventuais empréstimos de outros museus) e o Lina, o prédio de 1968, receba montagens baseadas na coleção própria do Masp.

— São cinco andares inteiros para exposições — diz Pedrosa. — O Pietro não tem salas gigantes, elas vêm em bom tamanho para fazer, por exemplo, exposições individuais de alguns artistas.

O orçamento para a instalação do novo prédio foi de R$ 250 milhões, doados por 21 famílias brasileiras. Não houve na iniciativa, por exemplo, captação por meio de leis de incentivo (como a Rouanet) para esse projeto em questão. O orçamento anual do Masp, com o novo prédio, foi fechado em R$ 100 milhões, acumulados por meio de patrocínios, receitas operacionais e doações de pessoas físicas.

— O Masp é uma instituição icônica, faz parte do imaginário brasileiro. Nasceu nos anos 1940 a partir de um esforço da sociedade civil, do (jornalista Assis) Chateaubriand e de toda a sociedade que se uniu naquele momento e doou a coleção que fez parte da construção do museu — afirma o presidente do Masp, Heitor Martins, sobre o histórico de doações no museu. — Então, acho que existe um desejo da sociedade civil de reforçar esse compromisso com o país, de uma certa forma. Esse tipo de doação é um compromisso com a cidade e um voto de confiança no futuro.

O prédio que surgiu sobre as estruturas do antigo edifício residencial partiu de uma colaboração entre o escritório Metro Arquitetos — liderado por Martin Corullon e Gustavo Cedroni — e o arquiteto (e ex-presidente do Masp) Julio Neves. A construção teve todo o seu interior desmontado para dar lugar às áreas expositivas e salas multiuso, mantendo especialmente o esqueleto original do prédio. Para tal transição, o projeto chegou a demandar o trabalho de 120 arquitetos e engenheiros.

— Foi uma obra de engenharia muito complexa. Manteve-se a periferia de todo o prédio, e todo o núcleo central foi desmontado de cima para baixo enquanto construímos novas coisas de baixo para cima — explica Martin Corullon.

Peça que faz parte da mostra "Artes da África" — Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo
Peça que faz parte da mostra "Artes da África" — Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo

Debate sobre o edifício

A “pele” de chapas metálicas que reveste o prédio, e dá a ele uma tonalidade escura, foi motivo de debate nas redes sociais, em que opiniões ficaram divididas entre celebrar a sobriedade do projeto ou demandar mais criatividade para as instalações. Reações, diz Corullon, já esperadas, pelo tamanho da empreitada.

— Achamos que era o caso de fazer uma estrutura que tivesse um tipo de inovação, com uma surpresa, e se destacasse do cenário dos prédios corporativos. Isso faz com que se corra um risco de que algumas pessoas não gostem. É saudável que se fomente esse debate sobre arquitetura. E isso só se faz ouvindo as críticas, o contraditório. Acho até legal — afirma.

Masp e seu prédio anexo: capacidade expositiva 66% maior — Foto: Leonardo Finotti
Masp e seu prédio anexo: capacidade expositiva 66% maior — Foto: Leonardo Finotti

Renoir agora, Monet em maio

As cinco exposições que inauguram o anexo do Masp, cujo mote principal é lembrar a história e a relevância do museu paulistano, ocupam todos os andares expositivos do novo endereço. Entre os destaques da seleção, está a coleção de 13 obras do impressionista francês Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), que fazem parte do acervo do museu. A última vez que o conjunto de obras pôde ser visto em sua totalidade foi há 23 anos, na exposição “Renoir — O pintor da vida”

— Renoir é um artista muito importante para o acervo, é um dos que mais temos obras. E reflete o nosso trabalho em fazer exposições monográficas de artistas europeus, como foi com Toulouse-Lautrec (em 2017), Gauguin (em 2023), e faremos com Monet em maio. Temos ainda programado Van Gogh — detalha o diretor artístico Adriano Pedrosa.

No andar de Renoir, poderão ser vistas 12 pinturas — entre elas a queridinha do público, “Rosa e azul — As meninas Cahen d’Anvers” (1881), em que duas irmãs aparecem de mãos dadas em bonitos vestidos rendados e fitas cintilantes na cintura — e mais a escultura em bronze “Vênus vitoriosa” (1916), já produzida na época em que o artista passou a enfrentar um quadro de artrite reumatoide e precisava de apoio no ateliê.

No andar acima, pelo qual Pedrosa sugere que os visitantes iniciem a visitação ao novo prédio, há um tipo de linha do tempo que remonta aos 77 anos da instituição. Para fazer o apanhado dessa história, foram usadas cerca de 50 obras emblemáticas que compõem a coleção da instituição, organizadas em uma linha cronológica — considerando o momento em que cada trabalho foi adquirido pelo museu. Fotografias, cartazes e vídeos completam a visita.

Instalação com Fernanda Torres e Fernanda Montenegro — Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo
Instalação com Fernanda Torres e Fernanda Montenegro — Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo

Fernanda Torres em videoinstalação

Logo após os dois pavimentos, os visitantes chegam ao patamar dedicado às geometrias, um tipo de produção artística que demorou a figurar nas exibições e no acervo do Masp. Por lá é possível ver obras de Rubem Valentim (1922-1991), Lygia Clark (1920-1998) e Alfredo Volpi (1896-1988).

— Pietro Maria Bardi tinha mais interesse em arte figurativa, na figura humana e nas paisagens. A abstração geométrica, porém, é algo muito importante para a história da arte internacional, latino-americana e brasileira. E nós não tínhamos quase nada disso na coleção — diz. — Isso nos deu um ímpeto de buscar algumas doações. Há cerca de 20 doações de obras feitas especialmente para essa exposição.

Completa a seleção as “Artes da África”, uma exposição, no terceiro andar, com cerca de 40 itens da coleção do museu, que costumam ser exibidos parcialmente nas exposições recorrentes. A mostra é fruto do trabalho dos curadores Amanda Carneiro e Leandro Muniz. Entre as peças, há foco especial aos trabalhos em madeira e que fazem referência ao corpo e suas representações. Por fim, os visitantes ainda podem ver uma videoinstalação, filmada pelo britânico Isaac Julien, sobre a arquiteta Lina Bo Bardi, com interpretações de textos de sua autoria pelas atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres. O trabalho foi filmado em 2018 e é inédito no Brasil. O Masp ainda passará a realizar atividades artísticas no vão livre do prédio de Lina Bo Bardi, concedido pela prefeitura ao museu no ano passado.

Meio ambiente é tema de 2025

O novo prédio deve dar um fôlego maior às relações entre o Masp e outros museus internacionais — embora a dinâmica de empréstimos já seja estabelecida e tenha sido fundamental para grandes exposições internacionais recentes, como as de Gauguin, em 2023, e Francis Bacon, no ano passado. A próxima mostra do tipo que deve ocupar o museu — ainda no prédio Lina — será dedicada ao francês Claude Monet (1840-1926) e sua relação com a ecologia, com previsão para ocorrer entre maio e agosto deste ano. As temáticas de meio ambiente, vale dizer, devem nortear as exposições ao longo de todo 2025. Há também grande expectativa sobre uma exibição individual do pós-impressionista Vincent van Gogh (1853-1890), prevista para ocorrer em 2027, num ano em que o eixo curatorial se debruçará sobre histórias ligadas à loucura.

— É a exposição mais difícil que já fiz. São as obras, em geral, mais valiosas dentro dos acervos de que fazem parte — diz Pedrosa.

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