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Governo brasileiro negocia com militares venezuelanos para baixar tensão na fronteira

Ministério da Defesa diz, em nota, ter 'confiança numa solução urgente para a situação na Venezuela'
Manifestantes entram em confronto com as forças da Guarda Nacional venezuelana na ponte cional Simón Bolívar, que liga Cúcuta com a cidade venezuelana San Antonio del Táchira Foto: FEDERICO PARRA / AFP
Manifestantes entram em confronto com as forças da Guarda Nacional venezuelana na ponte cional Simón Bolívar, que liga Cúcuta com a cidade venezuelana San Antonio del Táchira Foto: FEDERICO PARRA / AFP

BRASÍLIA — O governo brasileiro informou na noite deste domingo que negociou com militares venezuelanos para diminuir a tensão na fronteira com o país vizinho. Segundo nota divulgada pelo Ministério da Defesa, ações foram tomadas pelos dois lados. Na Venezuela, o acordo resultou no recuo dos chamados veículos antidistúrbios. Já no Brasil, a decisão envolveu, de acordo com o comunicado, reforçar o controle dos imigrantes venezuelanos para evitar novos confrontos.

Segundo a nota, a decisão de retirar os veículos da fronteira foi tomada após conversa com militares da Guarda Nacional Bolivariana (GNB).

"Militares brasileiros e venezuelanos negociaram, no local, e foi entendida a inconveniência da presença desse tipo de aparato militar", diz o documento.

A pasta informou ainda que a fronteira continua aberta para acolher refugiados.

"O Ministério da Defesa reitera a confiança numa solução urgente para a situação na Venezuela", completa o comunicado.

O pronunciamento do Ministério da Defesa ocorreu após um fim de semana tenso na fronteira com a Venezuela, em Roraima. No domingo, houve confronto entre manifestantes e militares venezuelanos, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo aos ataques com pedras.

A confusão começou depois que um grupo de manifestantes insultou militares venezuelanos e queimou uma foto do ex-presidente Hugo Chávez. Os integrantes da Guarda Nacional responderam avançando sobre eles com veículos blindados, lançando bombas de gás lacrimogêneo e atirando com bala de borracha. Os manifestantes então atiraram pedras e devolveram as bombas de gás que conseguiram pegar no chão.

Durante o confronto, bombas caíram em território brasileiro, e o coordenador operacional adjunto da força-tarefa criada na semana passada pelo governo brasileiro para enviar ajuda à Venezuela, o coronel Georges Feres  Kanaan, foi até a fronteira. Ele pediu aos manifestantes que não devolvessem as bombas de volta, e quase foi atingido por uma delas.

Após os confrontos, a força-tarefa decidiu montar um cordão de isolamento do lado brasileiro da fronteira, com membros da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Federal e da Força Nacional.

O vice-presidente Hamilton Mourão e o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, embarcaram para a Colômbia, onde representantes do Grupo de Lima, que reúne 14 países latino-americanos, discutirão a crise na Venezuela.