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EUA vão buscar comprometimento de Brasil em ações sobre Venezuela, Nicarágua, Cuba, China e Irã

Encontro entre general Heleno e Bolton servirá como preparatório para reunião de Trump e Bolsonaro
Foto: Divulgação Presidência da República
Foto: Divulgação Presidência da República

WASHINGTON -  O Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Bolton, receberá na manhã desta segunda-feira na Casa Branca o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno. Na pauta dos homens fortes dos governos americano e brasileiro estarão Venezuela, Nicarágua, Cuba, China e Irã. A reunião, que terá a participação do assessor internacional da Presidência, Filipe Martins, servirá como um preparatório para o encontro dos presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro na terça-feira.

Uma fonte do governo brasileiro informou ao GLOBO que a conversa tratará de "temas abrangentes de geopolítica". E afirma que a aproximação tem como finalidade "construir canais diretos entre a Casa Branca e o Planalto", sem que a comunicação tenha sempre que passar pelos trâmites burocráticos dos dois países.

Na prática, os Estados Unidos querem o comprometimento do Brasil em ações efetivas contra Venezuela, Nicarágua e Cuba. O conselheiro de Segurança da Casa Branca classifica o trio como como a "troika da tirania" na América Latina.

A crise na Venezuela já era um dos principais temas de debate na visita de Bolsonaro a Trump. Os dois mandatários lideram as ações para a saída de Nicólas Maduro do poder, que tem o apoio de China e Rússia. Apesar de ideologicamente similares, os dois governos têm posições diferentes: Trump não descarta uma intervenção militar na região, enquanto que os principais assessores de Bolsonaro defendem uma saída sem armas.

As relações comerciais com a China também estarão na pauta. Os americanos tentam atrair o apoio de Bolsonaro na guerra comercial contra os chineses, para que o país oriental tenha menos influência na América Latina. A China, no entanto, é o principal parceiro comercial do Brasil.

Enquanto seus auxiliares vão à Casa Branca, Bolsonaro deve ficar na Blair House, onde está hospedado. O governo brasileiro não divulgou agenda oficial do presidente para o período. Pela programação oficial, à  tarde Bolsonaro receberá o ex-secretário do Tesouro americano, Henry Paulson, na Blair House e depois seguirá a Câmara de Comércio, onde participará de um painel sobre "O futuro da Economia Brasileira" e fará um discurso. À noite, o presidente brasileiro será recebido para um jantar pelo Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos.

O presidente Jair Bolsonaro chegou neste domingo aos EUA como parte de uma visita em que pretende estreitar os laços com Trump. Os dois presidentes se encontram na terça-feira na Casa Branca. Ontem, numa sequência de publicações no Twitter, o presidente expressou altas expectativas em relação à aproximação com Washington.

“Pela primeira vez em muito tempo, um presidente brasileiro que não é antiamericano chega a Washington. É o começo de uma parceria pela liberdade e prosperidade, como os brasileiros sempre desejaram”, declarou Bolsonaro, embora Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff tenham visitado os EUA mais de uma vez. “Brasil e EUA juntos assustam os defensores do atraso e da tirania ao redor do mundo. Quem tem medo de parcerias com um país livre e próspero? É o que viemos buscar!”