Cultura

A carreira de Domingos Oliveira em 10 momentos

Ator, dramaturgo e cineasta deixou 120 obras ao longo de uma rica trajetória
Domingos de Oliveira com Clarice Niskier em cena de "Amores" Foto: Silvio Pozatto / DivulgAÇÃO
Domingos de Oliveira com Clarice Niskier em cena de "Amores" Foto: Silvio Pozatto / DivulgAÇÃO

Nascido em 1936 no Rio, Domingos Oliveira foi criado numa casa em que não se lia livros, mas sempre quis ser artista. Começou já na meninice,  escalando-se  para as peças da trupe da escola. O ingresso no teatro profissional foi aos 17 anos. Contrariando o sonho da mãe, virou ator, roteirista, cineasta e dramaturgo — dono de mais de 120 obras ao longo da carreira no teatro, no cinema e na TV. Veja abaixo os principais momentos:

1962: Aos 25 anos, dirige a sua primeira montagem, “O sétimo céu”, adaptado de um filme mudo de Frank Borzage e com cenário de Moniz Freire.

1963: Encena sua primeira peça, “Somos todos do jardim de infância”, na varanda do apartamento em que morava. Os vizinhos reclamavam do barulho e apagavam as luzes sempre às 22h — horário em que Domingos e os atores entravam em cena com velas. Só em 1966 é encenada no palco. Sucesso de crítica, a montagem lançou a atriz Leila Diniz, com quem Domingos era casado na época.

1963: No mesmo ano, é contratado pela TV GLOBO para fazer parte da emissora que estrearia no ano seguinte. Como roteirista e ator, participou de programas de sucesso, como “Ciranda cirandinha” (1978) e “Contos de verão” (1993). Domingos sempre considerou a TV uma escola.

1964: Estreia nos palcos profissionais como diretor e autor com a comédia lírica “A história de muitos amores”. Foi um fracasso absoluto: o público não gostou de ver Sergio Britto, conhecido por todos como galã, ser escalado como um dono de circo.

Leila Diniz em cena de "Todas as mulheres do mundo" Foto: Arquivo / Agência O GLOBO
Leila Diniz em cena de "Todas as mulheres do mundo" Foto: Arquivo / Agência O GLOBO

1967: O primeiro longa, “Todas as mulheres do mundo” (1967), com Leila Diniz e Paulo José, ganhou uma série de prêmios e se transformou num marco do cinema e da cultura brasileira. Também faria de Leila um ícone. O longa recebeu 12 troféus somente no Festival de Brasília. Como acabaria se tornando costume em sua carreira, foi adaptado de uma de suas peças.

1980: Recebe o Prêmio Mambembe de melhor autor com “Assunto de Família”, uma sátira da classe média brasileira que tem Fernanda Montenegro e Fernando Torres no elenco.

Henriette Morineau e Diogo Vilela em cena de "Esina-me a viver", com direção de Domingos de Oliveira Foto: Divulgação / Agência O GLOBO
Henriette Morineau e Diogo Vilela em cena de "Esina-me a viver", com direção de Domingos de Oliveira Foto: Divulgação / Agência O GLOBO

1981: Adapta para os palcos, direto do cinema, o sucesso “Ensina-me a viver”, com  Henriette Morineau no papel principal. Com o sucesso da peça, que fica anos em cartaz, dá um tempo na televisão e dedica-se exclusivamente ao teatro, fazendo três peças por ano.

1998: Após 21 anos afastado, volta ao cinema com “Amores”. Com sua esposa Priscila Rozenbaum no elenco, recebeu o Prêmio Especial do Júri no Festival de Gramado. É o início de uma série de filmes roteirizados por ele e produzidos com baixo orçamento, e pelos quais o diretor ganharia a alcunha de “Woody Allen brasileiro”.

Cena de "Feminices", de Domingos de Oliveira Foto: Arquivo / Agência O GLOBO
Cena de "Feminices", de Domingos de Oliveira Foto: Arquivo / Agência O GLOBO

2005: Com o longa “Feminices”, lança o movimento BOAA (Baixo Orçamento e Alto Astral), proposta/manifesto para um modo de produção quase doméstico. Nesse sistema dirigiu vários filmes, como “Juventude” (2008) e “Primeiro dia de um ano qualquer” (2012).

2014: Adaptação para o cinema da sua peça “Do fundo do lago escuro”,  é o reencontro de Domingos com Fernanda Montenegro. Baseado num fato que marcou a infância do cineasta, o filme reconsitutui os anos 1960 e funciona quase como um testamento.