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Política Bolsonaro

PSL se divide e vira obstáculo à articulação do governo

Deputados se posicionam nas redes ora contra, ora a favor dos interesses do Planalto; partido fará reunião hoje sobre o assunto
O deputado Alexandre Frota (PSL-SP) 20/02/2019 Foto: Jorge William / Agência O Globo
O deputado Alexandre Frota (PSL-SP) 20/02/2019 Foto: Jorge William / Agência O Globo

BRASÍLIA —Formado por políticos novatos que conseguiram seus mandatos graças à popularidade de Jair Bolsonaro , o PSL tornou-se um dos principais obstáculos ao trabalho de articulação política do governo no Congresso. Sem hierarquia ou uma orientação definida, os deputados atuam como “ilhas”, que se posicionam politicamente nas redes sociais sem unidade de pensamento — ora contra, ora a favor dos interesses do Palácio do Planalto. Para tentar harmonizar a atuação de seus quadros, o PSL fará uma reunião na manhã de hoje.

A conversa, dizem integrantes da sigla, deve ser marcada por atritos. A desorganização no partido é agravada pela falta de atenção de seu líder maior. Ao privilegiar o DEM do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, Bolsonaro acabou deixando seus correligionários distantes do poder que, imaginavam, passariam a desfrutar.

A falta de cargos importantes e de acesso ao Planalto vem provocando rebeliões que contribuíram para alimentar a crise política envolvendo Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O súbito crescimento da legenda na última eleição acarretou R$ 110 milhões de fundo partidário, uma bancada de 55 deputados e cinco senadores, mas nenhum rumo capaz de unir o PSL.

— O PSL é um partido que tinha um deputado e agora tem 55, na sua maioria novos, que pensam diferente. É engraçado o governo querer contar com o PSL, sendo que, na transição, o partido do governo foi o DEM, que tem ministro da Casa Civil, da Agricultura, tem tudo o que quer — diz Alexandre Frota (PSL-SP).

Segundo ele, no governo de transição, enquanto o DEM tinha tratamento privilegiado, no PSL, “era difícil até arrumar um crachá”.

— Quem apanha não esquece — afirmou Frota. — Não está no direito de se negociar (cargos)? Cada um está livre para fazer o que quiser. Falta comunicação, faltam articuladores, muita gente não está satisfeita como a reforma (da Previdência) foi tratada pelo governo.

No PSL, alguns criticam a intransigência na maneira do governo articular com o Congresso, outros são fiéis a todas as ações do presidente, e um terceiro grupo tem críticas à reforma da Previdência. Entre os últimos, uma ala liberal acredita que ela é parcimoniosa demais com militares, e outra corporativista quer uma lei mais branda com policiais.

— O governo não tem base. Eu sou apenas o líder do PSL. No governo, tem pessoas com o papel de fazer o diálogo com o Parlamento. Elas estão desempenhando bem essa função? É o líder do PSL que tem que ficar colocando panos quentes? — questiona Delegado Waldir (GO).