Brasil

Novo ministro da Educação critica 'marxismo cultural' nas universidades e diz que não falta orçamento, mas 'eficiência'

Em entrevista transmitida no Facebook, Abraham Weintraub afirma que as universidades precisam se abrir à "lógica greco-romana" e aos "valores judaico-cristãos"
Novo ministro da Educação, Abraham Weintraub (direita), em conversa com Luiz Philippe de Orleans e Bragança (esquerda) — herdeiro da família real brasileira e deputado federal eleito por São Paulo, no partido de Jair Bolsonaro (PSL) — transmitida ao vivo pelo Facebook em setembro passado. Foto: Reprodução
Novo ministro da Educação, Abraham Weintraub (direita), em conversa com Luiz Philippe de Orleans e Bragança (esquerda) — herdeiro da família real brasileira e deputado federal eleito por São Paulo, no partido de Jair Bolsonaro (PSL) — transmitida ao vivo pelo Facebook em setembro passado. Foto: Reprodução

RIO — As universidades brasileiras estão contaminadas pelo "marxismo cultural" e por um ódio a Israel que precisam ser combatidos com "a lógica greco-romana" e "os valores judaico-cristãos".

Essas são algumas das opiniões que Abraham Weintraub, novo ministro da Educação, emitiu em uma conversa com Luiz Philippe de Orleans e Bragança — herdeiro da família real brasileira e deputado federal eleito por São Paulo, no partido de Jair Bolsonaro (PSL) — transmitida ao vivo pelo Facebook em setembro passado.

Ele também afirmou que a educação, assim como a saúde, não tem um problema de falta de orçamento, mas de gestão ineficiente do dinheiro.

"A gente tem que buscar eficiência. 'Ah, gasta-se muito pouco com saúde e educação'. O Brasil gasta no mesmo patamar que os países que estão em boas posições. A gente gasta como os ricos e tem resultado como os pobres."

Para exemplificar, Weintraub citou o incêndio do Museu Nacional, administrado pela UFRJ. "'Ah, faltou R$ 500 mil.' O reitor da federal do Rio recebeu mais do que o repasse para o museu. R$ 3,6 bilhões de orçamento para a federal. Então, eficiência".

Na conversa, o agora ministro — então membro da equipe de campanha de Bolsonaro — apresentou as linhas gerais do plano de governo do candidato, que estariam apoiados em dois pilares: "a lógica greco-romana" e "os valores judaico-cristãos".

"Quando a gente fala na lógica greco-romana, parece uma coisa meio óbvia: 'Ué, todo mundo aceita a lógica greco-romana'. Não! Não o PT, o pessoal lá, os bolivarianos, o pessoal na universidade", disse Weintraub.

O professor do departamento de Contabilidade da Unifesp também criticou "o marxismo cultural" que afirmou ter descoberto ao começar a dar aulas na universidade.

"A gente lê a porcaria das bíblias deles: Escola de Frankfurt, Gramsci, Adorno. Sabe de todas as estratégias. Lê a porcaria do 'Capital' (de Karl Marx), conheço de cabo a rabo. A gente lê. Eles ainda não estão lendo o que a gente considera como referência. Então a gente está um passo na frente deles. É ótimo. (...) Eles não estão lendo o nosso material, os nossos livros, as nossas bases. Isso é muito bom."

Weintraub também mencinou uma conversa que teve na infância com um judeu que fugiu da Europa antes da Segunda Guerra. O homem lhe explicou que decidiu partir após ler o "Mein Kampf", de Hitler, "porque as pessoas escrevem o que elas vão fazer".

Na sequência, o professor fez uma analogia: "Então é importante, por exemplo, ler o programa de governo do PT. Se você ler o programa de governo do PT, é assustador."

Na conversa, o economista também chamou de "casos escabrosos, vergonhosos" episódios dos governos petistas como a deportação dos atletas cubanos que abandonaram a delegação de seu país no Pan 2007 e o asilo concedido ao italiano Cesare Battisti.

"Eu entrei nessa briga porque, se for para perder o país e isso aqui virar Venezuela, pelo menos eu vou sair daqui lutando, não vou ter entregue isso de cabeça baixa."

JB, o radical

Em diversos momentos, Weintraub trata o então candidato por "JB". Também afirmou que o achava "muito radical", impressão que ele disse ser falsa e que atribuiu à imprensa.

"Tem um trabalho muito forte da mídia de desconstruir, eu mesmo já fui vítima disso, dessa imagem. Quando comecei a me aproximar do JB, via Onyx, perguntei: 'Mas ele não é muito radical?'. O Onyx me disse para olhar na internet, no YouTube. Isso foi a chave para (eu) entrar. O JB tem essa preocupação muito clara: democracia, eficiência, o que gera bem-estar para as pessoas que moram no país."

Weintraub também citou um plano de Bolsonaro para investir em energia fotovoltáica e eólica no Nordeste, que geraria emprego.

"O Jair Bolsonaro tem um monte de parcerias para trazer tecnologia (de Israel) para o Brasil. Em vez de as universidades do Nordeste ficarem aí fazendo sociologia, fazer filosofia no agreste, (têm de) fazer agronomia em parceria com Israel, acabar com esse ódio de Israel. Nas faculdades federais, é loucura o que você escuta (contra o país)."

Durante a live, Weintraub mencionou um processo em que é réu, na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), onde é professor no departamento de Contabilidade.

"A universidade está me processando administrativamente. A gente quer saber por quê, e eles dizem que é sigiloso. Como assim sigiloso? É Gestapo? A OAB fala que não existe processo sigiloso, (eles respondem) eu tenho autonomia universitária."