Por Guilherme Mazui, G1 — Brasília


O agora ex-presidente da Apex, Mario Vilalva (esq.) ao lado do presidente Jair Bolsonaro e do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo — Foto: Divulgação

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, exonerou nesta terça-feira (9) o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex), embaixador Mario Vilalva.

Vilalva é o segundo presidente da Apex demitido no governo de Jair Bolsonaro, que completa 100 dias nesta semana. Antes dele, Alex Carreiro comandou a agência por dez dias.

O anúncio da exoneração foi feito por meio de nota divulgada pelo ministério. No texto, o governo não anunciou o nome do substituto de Vilalva na função.

A Apex é vinculada à estrutura do Ministério das Relações Exteriores. Cabe à agência promover os produtos e serviços brasileiros no exterior e atrair investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira.

"Como parte do processo de dinamização e modernização do sistema de promoção comercial brasileiro, o ministro das Relações Exteriores, embaixador Ernesto Araújo, anuncia a exoneração do embaixador Mario Vilalva da presidência da Apex. O ministro das Relações Exteriores agradece a colaboração que o embaixador Mario Vilalva prestou à frente daquela agência nos meses iniciais da atual gestão", diz a nota do Itamaraty.

A possibilidade de demissão de Vilalva era comentada nos bastidores do governo federal. Ao blog da colunista do G1 Julia Duailibi, o diplomata disse que não pretendia se demitir da função.

Antes do anúncio da demissão, Vilalva havia dito à colunista do G1 Júlia Duailibi que não pretendia entregar o cargo. O então presidente da Apex entrou em rota de colisão com Ernesto Araújo após o ministro ter promovido uma alteração no estatuto da agência sem informá-lo.

A alteração no estatuto, feita em março, pretende adequar a agência à legislação que a criou, mas foi feita sem que o presidente da própria Apex fosse consultado e de modo a retirar poderes da presidência. Ainda segundo o blog, a mudança no estatuto tinha como intuito fortalecer a diretoria da agência, composta hoje por integrantes próximos à família Bolsonaro e ao PSL.

Antes mesmo da alteração no estatuto da agência, Vilalva havia entrado em embate com dois diretores, que se recusavam a assinar atos da agência, promovendo uma paralisação administrativa na Apex – entre as polêmicas, questões relacionadas à nomeação de funcionários, supostamente sem currículo para o posto, como um ex-candidato a deputado pelo PSL, e a assinatura de contratos.

Ao Blog do Camarotti, Vilalva disse que vinha sofrendo pressão para que os dois diretores nomeados por Araújo pudessem fazer "o que quiserem" na agência.

"Comecei a receber pressão do próprio Ernesto Araújo e do Otávio Brandelli (secretário-geral do Itamaraty). Os dois me falaram para deixar os dois diretores fazerem o que quiserem. Desse tipo de esquema, eu não participo. E, à medida que eu neguei, tentaram me constranger", disse Vilalva ao blog.

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