(Atualizada às 18h10) O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), admitiu nesta terça-feira que os alagamentos na cidade se devem a problemas nas bombas dos reservatórios da cidade e entupimento de bueiros, cuja rede soma cerca de 730 mil entradas.
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Autor — Foto: Agência Brasil
“O problema dos reservatórios é lixo ou algum tipo de vandalismo”, disse. “É impossível que o lixo não entupa os ralos em coisa de meia hora”, completou.
Crivella reconheceu que as equipes da prefeitura, que vão da limpeza ao reboque de carros, demoraram muito para chegar aos locais mais atingidos, nas Zonas Sul e Oeste da cidade.
Ele prometeu mudanças, além de triplicar as equipes de manutenção da rede pluvial e do sistema de drenagem. “Daqui para frente, quando entrar com [o estágio de] atenção, temos que posicionar as equipes desde cedo. Na pior parte da cidade, [a rua] Jardim Botânico, só conseguimos chegar por volta das 22h com quatro ou cinco reboques”, disse.
O Centro de Operações da Prefeitura publicou o Estágio de Alerta, o segundo numa escala de três, às 18h35. Às 20h55, foi publicado o aviso de Crise, o nível mais grave.
Apesar do mea-culpa, o prefeito relativizou o ocorrido. “Em São Paulo é assim também. Até nos Estados Unidos isso acontece. A cidade é muito impermeabilizada e água circula muito pela superfície até migrar para o subsolo", disse. Até o momento, foram registradas sete mortes relacionadas à chuva na cidade.
Orçamento para drenagem
Ao vivo, Crivella foi confrontado pela equipe da GloboNews com informações de um relatório da Controladoria Geral do Município, segundo o qual os investimentos da prefeitura em obras de drenagem teriam sofrido um corte de 87% entre 2013 e 2019. Neste ano, apenas cerca de R$ 15 milhões teriam sido empenhados para o aperfeiçoamento do sistema.
O prefeito argumentou que a leitura do orçamento está equivocada. Ele deu como exemplo a construção do túnel de escoamento do rio Joana, na Zona Norte da cidade. Em vias de inauguração, a obra teria custado mais de R$ 300 milhões. As inundações do Joana, que atravessa toda a região da Grande Tijuca, é uma preocupação antiga das autoridades locais.
Ele também reclamou que a Cedae, a companhia pública responsável pela distribuição de água e pelo saneamento básico, escoaria esgoto na rede pluvial por não ter um sistema vedado, como acontece em outras partes do mundo. A acidez dos dejetos deterioraria as instalações, comprometendo seu funcionamento. Segundo Crivella, a prefeitura negocia para mudar este cenário.
Em nota, a Cedae negou despejar esgoto na rede pluvial da cidade e disse que as declarações de Crivella são “inverídicas”. O comunicado da empresa afirma que “as redes de abastecimento de água e de coleta de esgoto da Cedae não têm nenhuma relação com o sistema de drenagem de águas das chuvas, que são de competência exclusiva dos municípios, como todas as prefeituras sabem”.