Por G1


Protesto de 1º de Maio contra o governo Maduro em Caracas, na Venezuela, registra confronto — Foto: REUTERS/Manaure Quintero

A ONG Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS) reportou nesta quinta-feira (2) mais 3 mortes ligadas aos distúrbios ocorridos após a tentativa de levante militar liderada por Juan Guaidó, elevando para 4 o total de vítimas fatais desde terça-feira (30).

Quatro pessoas morreram em dois dias de protestos na Venezuela

Quatro pessoas morreram em dois dias de protestos na Venezuela

Samuel Enrique Méndez, de 25 anos, que morreu no estado de Aragua, foi o primeiro a ter a morte divulgada. Além dele, morreram Jurubith Rausseo García, de 27 anos, por impacto de bala, segundo a ONG, e os jovens Yoifre Hernández Vásquez, de 14 anos, ferido com bala nesta quarta, e Yosner Graterol, de 16 anos, atingido por bala em Aragua na terça-feira.

Com isso chega a 57 o número de manifestantes mortos em ações contra o governo de Maduro este ano, de acordo com a OVCS.

Manifestantes contra e favor de Maduro participam de segundo dia de protestos na Venezuela

Manifestantes contra e favor de Maduro participam de segundo dia de protestos na Venezuela

Mais de 50 pessoas ficaram feridas em Caracas durante as manifestações de quarta-feira. O número de feridos em todo o país desde terça-feira passa dos cem, segundo informações de sindicatos e agentes de saúde.

O sindicato dos trabalhadores da imprensa informou que dez jornalistas foram feridos durante a cobertura dos protestos.

Maduro marcha com militares

O líder Nicolás Maduro participou nesta quinta-feira (2) de uma marcha “ao lado dos sempre dignos e leais oficiais da Força Armada Nacional Bolivariana”.

Imagem mostra Maduro (ao centro) e ministro da Defesa, Vladimir Padrino (esq.) em marcha militar — Foto: Divulgação/ Ministério Defesa da Venezuela

De acordo com Maduro, 80% dos militares que estavam na base aérea Generelíssimo Francisco de Miranda, conhecida como “La Carlota”, se retiraram quando apoiadores de Guaidó chegaram na terça-feira (30).

“Quando viram a cara dos golpistas, a cara desse monstro, o deixaram sozinho. Eles voltaram para suas bases de origem cantando suas marchas militares. Eles disseram não aos traidores, não aos golpistas”, afirmou.

Troca de acusações

Nicolás Maduro acusou na quarta-feira (1º) a oposição liderada por Juan Guaidó de querer iniciar uma guerra civil na Venezuela. Em discurso, o chavista ainda insinuou que os Estados Unidos poderiam ordenar invasão militar caso a tensão interna escalasse para um conflito armado.

Nicolas Maduro discursa para manifestantes em Caracas, na Venezuela — Foto: REUTERS/Fausto Torrealba

"Se tivéssemos mandado tanques para os enfrentar, o que teria acontecido? Um massacre entre venezuelanos", afirmou Maduro.

Enquanto Maduro discursava, Guaidó usou as redes sociais para responder ao chavista. "O regime covarde trata de demonstrar com repressão focalizada um controle que já não tem", acusou o oposicionista, que pediu mais protestos "todos os dias" em discurso no início da tarde.

Guaidó ainda reforçou o pedido às Forças Armadas para que o apoiem:

"Família militar: vejam o imenso respaldo das suas ações por parte do povo da Venezuela e da comunidade internacional", escreveu.

O autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, voltou a protestar nesta quarta (1º) em Caracas — Foto: Federico Parra/AFP

Essa foi a segunda aparição pública de Maduro desde a escalada das tensões políticas na Venezuela após Guaidó convocar protestos ao afirmar que detinha apoio militar. Houve confrontos entre manifestantes e policiais nos dois dias.

Opções estão na mesa, diz secretário norte-americano

Os EUA tinham planejado exaustivamente e tinham planos de contingência para diferentes cenários sobre a Venezuela, segundo o ministro interino da Defesa norte-americano, Patrick Shanahan.

"O governo [dos EUA] inteiro trabalha nisso, e quando as pessoas dizem que todas as opções estão na mesa, é porque elas literalmente estão."

A prioridade, segundo ele, é fazer pressão diplomática e econômica.

Outro dirigente norte-americano, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, afirmou a uma rede de TV que "a ação militar é possível".

"Se é o que for preciso, será o que os EUA farão", segundo ele.

Para o Brasil, a opção é a não-intervenção, segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.

"O Brasil tem posição de prudência. Presidente Bolsonaro tem tido posição absolutamente de prudência. Brasil acompanha, acolhe monitoramentos venezuelanos e ponto. Não é da história brasileira, da tradição brasileira a intervenção em outros países. E isso está completamente afastado do nosso horizonte", ele afirmou, em entrevista à GloboNews.

A justiça norte-americana negou, na quarta (1) um recurso judicial de Nicolás Maduro, que pretendia impedir Juan Guaidó de representar a Venezuela em tribunais dos EUA.

Os Estados Unidos e mais de 50 outros países reconhecem Guaidó como presidente interino da Venezuela.

Casa de opositor invadida

Leopoldo López, opositor venezuelano, durante marcha com Juan Guaidó — Foto: Manaure Quintero/Reuters

A casa do opositor venezuelano Leopoldo López foi invadida e roubada nesta quarta-feira (1º) por vários homens. Testemunhas identificaram os invasores como agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin), órgão ligado ao chavismo.

"Foi o Sebin, o Sebin mau, porque há agentes patriotas que querem a liberdade da Venezuela", disse em entrevista Lilian Tintori, mulher de Lopez, pouco depois de entrar no imóvel.

Lilian e López estão na residência do embaixador da Espanha em Caracas, Jesús Silva Fernández, como hóspedes. Segundo o governo do país, eles não pediram asilo político.

López, que cumpria 14 anos de prisão em regime domiciliar, foi libertado na madrugada de terça-feira (30) por um grupo de militares e funcionários do Sebin que tinham se unido a Juan Guaidó.

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