Brasil

Parlamentares dizem que Bolsonaro recuou de cortes na Educação, mas governo nega

Líderes de partidos relatam cena em que presidente telefonou para alguém 'resolver a situação' no MEC
O ministro da Educação, Abraham Weintraub: convocado para sabatina na Câmara Foto: Jorge William
O ministro da Educação, Abraham Weintraub: convocado para sabatina na Câmara Foto: Jorge William

BRASÍLIA - Líderes partidários que estiveram no Palácio do Planalto na tarde desta terça-feira contaram que o presidente Jair Bolsonaro fez uma ligação na qual teria pedido para suspender o bloqueio de recursos na Educação . Logo depois, porém, o governo negou que tenha recuado nos cortes que atingem estudantes universários e de educação básica. Estavam presentes os líderes do Patriota, Novo, Cidadania (PPS), PSL e PSC, entre outras legendas.

— O presidente anunciou para oito líderes de partidos. Nós fizemos um apelo para que o ministro da Educação não cortasse. Ele ligou para o ministro e falou: 'Não vamos cortar'. Falou que não há necessidade de fazer esse corte agora — disse José Nelto (GO), líder do Podemos na Câmara.

Pouco depois da ligação, que alguns dos presentes entenderam ter sido diretamente ao ministro da Educação, Abraham Weintraub , o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, entrou na sala. Ele estava com a fisionomia visivelmente irritada, relata o líder do Patriota, Fred Costa (MG).

— Na hora em que eu cheguei, o clima não estava bom, não. Venhamos e convenhamos que isso não era dia para visitar presidente, para celebrar uma derrota (a convocação do ministro para depor na Câmara, aprovada mais cedo nesta terça-feira). Não sei o porquê dessa reunião com seis partidos depois de tomar uma pancada dessas. Aí a emenda ficou pior do que o soneto.

O Ministério da Educação nega que Weintraub tenha falado com Bolsonaro por telefone, como sugere o relato dos líderes. A Casa Civil divulgou uma nota. "Não procede a informação de que haverá cancelamento do contingenciamento no MEC. O governo está controlando as contas públicas de maneira responsável", diz o texto da pasta de Onyx Lorenzoni.

A pasta da Economia também negou o recuo. "O Ministério da Economia esclarece que não houve nenhum pedido por parte da Presidência da República para que seja revisto contingenciamento de qualquer ministério", informou em nota.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência informou que não teve acesso às reuniões de Bolsonaro, mas se referiu à manifestação da Casa Civil. Questionada se o presidente ligou para o ministro da Educação durante a reunião com líderes partidários, a assessoria informou que Bolsonaro se reuniu com Weintraub pessoalmente, no Palácio do Planalto, em encontro que não consta da agenda oficial até o momento.

(Colaborou Gustavo Maia)