Por G1


Investidor passa em frente a display de ações em Xangai, China, nesta segunda-feira (6) — Foto: Aly Song/Reuters

As bolsas asiáticas e europeias registram forte baixa nesta segunda-feira (6) após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar no domingo (5) que o país vai aumentar de 10% para 25% as tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses importados a partir de sexta-feira (10).

A bolsa de Xangai abriu o dia caindo mais de 5%. A de Shenzhen, a segunda mais importante da China, despencava 4,95%. A de Hong Kong caía 2,44%.

A bolsa de Tóquio está fechada devido a um feriado nacional no Japão, mas o índice futuro da Nikkei opera em queda de 2,4%. Os mercados também operam em queda em Taiwan, em Singapura, na Austrália e na Indonésia.

Na Europa, as bolsas caíam mais de 2%. A da Alemanha - a mais sensível ao temores de uma guerra comercial - abriu em queda de 1,7%. A francesa caía 1,8% na abertura e as bolsas da Itália e da Espanha, mais 1%. A inglesa está fechada hoje, devido a um feriado bancário.

Anúncio de Trump

Trump afirmou ontem, em uma rede social, que "por dez meses, a China tem pagado tarifas para os EUA de 25% sobre US$ 50 bilhões de [produtos de] alta tecnologia e 10% sobre US$ 200 bilhões de outros produtos".

O presidente dos EUA disse que essas taxas "são parcialmente responsáveis por nossos grandes resultados econômicos" e "os 10% vão subir para 25% na sexta" - o ponto que gerou forte reação do mercado.

Ele falou também que outros US$ 325 bilhões em produtos da China importados pelos EUA continuam sem tarifas, "mas serão em breve" taxados em 25%.

E lamentou que as negociações comerciais entre os dois países estejam avançando "muito lentamente". "O acordo comercial com a China continua, mas muito devagar, enquanto tentam renegociar".

Reação chinesa

Apesar da ameaça, um porta-voz chinês disse que uma equipe de Pequim está "se preparando para viajar para os Estados Unidos" para continuar as negociações comerciais e "tentando obter mais informações" sobre o anúncio de Trump.

Geng Shuang se negou a dizer se o principal enviado chinês, o vice-primeiro-ministro, Liu He, iria a Washington, como planejado. Questionado sobre Liu He, Geng disse apenas que uma "equipe chinesa" estava se preparando para viajar.

O editor-chefe do jornal "Global Times", publicado pelo People's Daily, do Partido Comunista chinês, afirmou que é "muito improvável" que Liu He vá aos Estados Unidos nesta semana.

Guerra comercial

Há anos, os EUA reclamam que a China gera ao país um considerável déficit comercial (que é a diferença entre os produtos exportados e os importados entre os países).

Trump também alega que o país asiático rouba propriedade intelectual, especialmente no setor de tecnologia, e viola segredos comerciais das empresas americanas, gerando uma concorrência desleal com o resto do mundo.

Por isso, o combate aos produtos "made in China" é uma bandeira de Trump desde a campanha presidencial de 2016.

A meta do governo Trump era reduzir em pelo menos US$ 100 bilhões o rombo com a China.

Só que há controvérsia até no cálculo do tamanho buraco: nas contas de Trump, é de US$ 500 bilhões; nas da China, é de US$ 275,8 bilhões. Já os dados oficiais dos EUA apontam para um déficit de US$ 375 bilhões ao ano.

Alta recente

As bolsas vinham subindo forte neste ano, impulsionados pelo ânimo dos investidores com os sinais de melhora no relacionamento entre os dois países e o avanço nas negociações. Trump disse, mais de uma vez, que as negociações comerciais estavam indo bem.

Nick Twidale, analista da Rakuten Securities citado pela agência Reuters, diz que a decisão de Trump "tem o potencial de ser um verdadeiro fator de mudança" no ânimo dos mercados.

"Ainda há uma questão de saber se esta é uma das famosas táticas de negociação de Trump ou se vamos ver um aumento drástico nas tarifas", afirma Twidale. "Se for o último, nós veremos uma pressão enorme de queda em todos os mercados".

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