Política

Exército vai definir em 60 dias quais armas serão liberadas para cidadãos comuns

Bolsonaro editou terceiro decreto sobre posse e porte de armamentos
Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro participa de cerimônia no Palácio do Planalto Foto: ADRIANO MACHADO 21-05-2019 / REUTERS
Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro participa de cerimônia no Palácio do Planalto Foto: ADRIANO MACHADO 21-05-2019 / REUTERS

RIO E BRASÍLIA — O Exército vai definir no prazo de 60 dias quais armas poderão ser adquiridas pelos cidadãos comuns , como determinou o novo decreto sobre armas do presidente Jair Bolsonaro , publicado nesta quarta-feira. É ele também que vai decidir se libera a posse ou não de algum tipo de fuzil. Já o porte desse tipo de armamento , que é a possibilidade de transportá-lo fora de casa, foi expressamente proibido na nova publicação.

Ao contrário do que foi divulgado antes pela assessoria da Presidência, ainda não está definido se proprietários rurais poderão ter posse de fuzil. Antes, o governo incluiu moradores de áreas rurais na categoria sem necessidade de comprovar efetiva necessidade para o porte de armas. Agora, o decreto condiciona a autorização do porte de armas em áreas rurais à "justa posse de terra" - termo que tem o objetivo de impedir que invasores de propriedades, como movimentos sem terra, tenham esses armamentos.

No início de maio, o governo publicou um decreto que aumentou a potência das armas que poderiam ser adquiridas pelo cidadão comum para até 1.200 libras e 1.620 joules de energia cinética. A medida abriu a possibilidade de que cidadãos adquirissem armas que, até então, eram de uso restrito da polícia, como as pistolas 9mm e .40. Nessa categoria, também se enquadra o fuzil semiautomático T4, segundo a Taurus, que fabrica o armamento, mas a relação das armas que serão permitidas ainda será definida pelo Exército.

VÍDEO : Bolsonaro posou em 2017 com fuzil liberado por decreto

ENTENDA : O que muda com o novo decreto de Bolsonaro sobre armas

Antes do decreto,segundo definição estabelecida pelo Exército em 2000, poderia ser considerada de uso restrito a arma que disparasse projétil com energia de lançamento acima de 407 joules.

Questionado se os cidadãos poderão comprar fuzis, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou, em entrevista à Rádio BandNews, explicou que o Exército irá definir o tipo de armamento que as pessoas poderão adquirir, dependendo da categoria que fizer parte.

“Isso [definir as armas permitidas] vai ser uma competência do Comando do Exército, que vai realizar essa classificação. Sobre que tipo de armamento que as pessoas podem adquirir ou não e dependendo das categorias. Normalmente, essas armas de potencial lesivo maior são restritas à utilização das forças de segurança", disse Sergio Moro.

Em um vídeo de 2017, o então pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro diz que, se chegar à Presidência, vai liberar o uso de fuzil T4 para proprietários rurais. O vídeo foi gravado no estande da empresa Taurus, fabricante de armamentos, durante a feira LAAD (Defense and Security), no Rio.

como era E
como ficou
Mais duas categorias
Limite na compra de
armas e munições
Primeiro decreto
Na versão anterior, entre as 20
categorias que tiveram porte
facilitado, estavam apenas advogados
do setor público e proprietários ou
dirigentes de lojas de armas e de
escolas e clubes de tiro
Primeiro decreto
A versão anterior da medida não
Segundo decreto
estipulava quantidade máxima de armas
O decreto permite agora que
todos os
e munições para colecionadores,
tenham direito ao
advogados do país
caçadores e atiradores
porte de arma. Esse número, segundo a
Segundo decreto
OAB, chega a 1,139 milhão de
profissionais. Também receberam o
Estabelece limite de armas que
direito os
funcionários de lojas de
colecionadores, caçadores e atiradores
armas e de escolas e clubes de tiro
poderão adquirir: cinco, 15 e 30,
que sejam responsáveis pela guarda
respectivamente. O limite poderá ser
dos armamentos
ultrapassado, com autorização da PF.
As munições que essas categorias
podem comprar ficam limitadas a mil,
inconstitucional
total que pode ser ultrapassado com
Mesmo com as
autorização do Comando do Exército
mudanças, o decreto é
considerado inconstitucional por
Arma ostensiva
especialistas. Um dos principais
pontos criticados é que o texto
alterou o Estatuto do
Desarmamento ao aumentar o
número de categorias profissionais
Primeiro decreto
com acesso facilitado à arma
Havia apenas expressão proibindo o
uso ostensivo de arma, sem previsão de
Crianças
punição e perda de porte no caso de
embriaguez
Segundo decreto
O porte será suspenso por um ano
caso o portador conduza arma
Primeiro decreto
“ostensivamente”. Caso haja
A versão anterior dizia que a prática em
reincidência, a permissão será
clubes de tiro seria permitida a qualquer
cancelada. A autorização também será
menor de 18 anos, desde que
revogada se o portador de arma for
autorizado por um dos pais
abordado “em estado de embriaguez
ou sob efeito de substâncias químicas
Segundo decreto
ou alucinógenas”
Novo texto diz que a prática é
permitida para jovens entre 14 e 18
anos, desde que autorizado pelos seus
Fuzil
responsáveis legais, ou apenas um
deles, na falta do outro
Área rural
Primeiro decreto
Estavam liberados tanto a posse quanto
o porte de armas portáteis de uso
permitido, o que inclui o fuzil, que se
Primeiro decreto
encaixava nos critérios técnicos
previstos
Incluiu os moradores de áreas ruais
entre as categorias sem necessidade de
Segundo decreto
comprovar “efetiva necessidade” para o
porte de armas
O governo passou a proibir o porte de
fuzil. O novo decreto ainda autoriza a
Segundo decreto
qualquer pessoa a posse, mas o
comando do Exército terá prazo de 60
Em áreas rurais, o decreto condiciona a
dias para estabelecer quais armas serão
autorização do porte de armas à “justa
permitidas. Segundo o Jornal Nacional,
posse” da terra — termo que tem o
o fuzil T4 será considerado pelo Exército
objetivo de impedir que invasores de
arma de uso restrito, o que impede sua
propriedades, como movimentos sem
compra por civis
terra, tenham esses armamentos
como era E como ficou
Limite na compra de
armas e munições
Primeiro decreto
A versão anterior da medida não
estipulava quantidade máxima de armas
e munições para colecionadores,
caçadores e atiradores
Segundo decreto
Estabelece limite de armas que
colecionadores, caçadores e atiradores
poderão adquirir: cinco, 15 e 30,
respectivamente. O limite poderá ser
ultrapassado, com autorização da PF.
As munições que essas categorias
podem comprar ficam limitadas a mil,
total que pode ser ultrapassado com
autorização do Comando do Exército
Mais duas categorias
Primeiro decreto
Na versão anterior, entre as 20
categorias que tiveram porte
facilitado, estavam apenas advogados
do setor público e proprietários ou
dirigentes de lojas de armas e de
escolas e clubes de tiro
Segundo decreto
O decreto permite agora que
todos os
tenham direito ao
advogados do país
porte de arma. Esse número, segundo a
OAB, chega a 1,139 milhão de
profissionais. Também receberam o
direito os
funcionários de lojas de
armas e de escolas e clubes de tiro
que sejam responsáveis pela guarda
dos armamentos
inconstitucional
Mesmo com as
mudanças, o decreto é
considerado inconstitucional por
especialistas. Um dos principais
pontos criticados é que o texto
alterou o Estatuto do
Desarmamento ao aumentar o
número de categorias profissionais
com acesso facilitado à arma
Fuzil
Primeiro decreto
Estavam liberados tanto a posse quanto
o porte de armas portáteis de uso
permitido, o que inclui o fuzil, que se
encaixava nos critérios técnicos
previstos
Segundo decreto
O governo passou a proibir o porte de
fuzil. O novo decreto ainda autoriza a
qualquer pessoa a posse, mas o
comando do Exército terá prazo de 60
dias para estabelecer quais armas serão
permitidas. Segundo o Jornal Nacional,
o fuzil T4 será considerado pelo Exército
arma de uso restrito, o que impede sua
compra por civis
Área rural
Primeiro decreto
Incluiu os moradores de áreas ruais
entre as categorias sem necessidade de
comprovar “efetiva necessidade” para o
porte de armas
Segundo decreto
Em áreas rurais, o decreto condiciona a
autorização do porte de armas à “justa
posse” da terra — termo que tem o
objetivo de impedir que invasores de
propriedades, como movimentos sem
terra, tenham esses armamentos
Crianças
Primeiro decreto
A versão anterior dizia que a prática em
clubes de tiro seria permitida a qualquer
menor de 18 anos, desde que
autorizado por um dos pais
Segundo decreto
Novo texto diz que a prática é
permitida para jovens entre 14 e 18
anos, desde que autorizado pelos seus
responsáveis legais, ou apenas um
deles, na falta do outro
Arma ostensiva
Primeiro decreto
Havia apenas expressão proibindo o
uso ostensivo de arma, sem previsão de
punição e perda de porte no caso de
embriaguez
Segundo decreto
O porte será suspenso por um ano
caso o portador conduza arma
“ostensivamente”. Caso haja
reincidência, a permissão será
cancelada. A autorização também será
revogada se o portador de arma for
abordado “em estado de embriaguez
ou sob efeito de substâncias químicas
ou alucinógenas”