Cinema

Por Cesar Soto, G1

Desde que começou, em 2014, uma franquia não-oficial com adaptações de seus clássicos animados em filmes de atores, a Disney tem conseguido níveis variados de sucesso. Com "Aladdin", nova versão do desenho de 1992, o estúdio pode ter conseguido seu melhor resultado.

A produção, que estreia no Brasil nesta quinta-feira (23), moderniza bem a história através de um jovem e talentoso elenco, composto em sua maioria por relativos desconhecidos.

Até Will Smith e o diretor Guy Ritchie ("Sherlock Holmes"), ao mesmo tempo os maiores nomes do filme e seus maiores riscos, conseguem se recuperar de trabalhos recentes criticados com performances sólidas no geral.

O resultado positivo faz com que o novo "Aladdin" rivalize muito bem com "Mogli - O menino lobo" (2016), a melhor das adaptações do estúdio. Mas se o filme de Jon Favreau apresentava um lado mais sombrio do que o original, o lançamento de agora consegue manter seu espírito festivo e infantil.

Assista ao novo trailer de Aladdin

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Troca de gênios

A história é basicamente a mesma. Em uma época de sultões e de magia, o jovem Aladdin (Mena Massoud) vive de pequenos roubos até encontrar um gênio (Will Smith) dentro de uma lâmpada.

Com direito a três desejos, ele precisará de ajuda para conquistar a princesa Jasmine (Naomi Scott) e deter os planos do maligno conselheiro real Jafar (Marwan Kenzari).

A boa notícia é que Smith não compromete. Um grande feito, considerando que ele tinha a difícil missão de substituir a icônica atuação de Robin Williams no papel do gênio. Até aqueles que assistiram a vida toda a versão dublada sabem o que o ator, morto em 2014, fez com o papel.

Mena Massoud e Will Smith em cena de 'Aladdin' — Foto: Divulgação

A produção perde um pouco a mão ao tentar colocar Smith em situações nas quais Williams era mestre, como as mudanças constantes de personalidades.

Mesmo assim, o antigo rapper dá toques pessoais ao personagem e não decepciona. Mesmo que sua cabeça continue esquisita no corpo azul flutuante.

Já Massoud ("Jack Ryan") apresenta uma atuação leve e despreocupada, e convence como o malandro de bom coração que dá nome ao filme. O canadense de 27 anos nascido no Egito merece crescer em Hollywood após o papel.

Do outro lado, Kenzari ("Assassinato no Expresso do Oriente") até passa certa insegurança no começo com um Jafar um tanto diferente do original, mas mostra tanta personalidade que domina o personagem e o transforma em seu.

Marwan Kenzari em cena de 'Aladdin' — Foto: Divulgação

Fechando o trio de "novatos", Scott já tinha sobressaído em "Power Rangers" (2017). A atriz revelada pela Disney na adolescência confirma sua ascensão a um dos nomes mais promissores de sua geração, ajudada por um roteiro que fortalece Jasmine.

Adeus, donzela indefesa

Ao comparar a animação com sua nova versão, é possível ver que ela envelheceu mal em certos aspectos. Os fãs podem dar adeus àquela princesa que precisa ser resgatada pelo herói no final.

Na adaptação, Jasmine assume a liderança em diversos momentos e ganha um final digno. Muito mais do que rechaçar candidatos à sua mão por acreditar no amor verdadeiro, a personagem agora se rebela contra um sistema que a impede de ser a rainha que ela merece.

Naomi Scott e Mena Massoud em cena de 'Aladdin' — Foto: Divulgação

A mudança é simbolizada por uma nova canção, ausente no desenho. Ela é escrita pelo compositor das músicas originais, Alan Menken, ganhador de oito estatuetas do Oscar. Ela destoa no começo, mas com o tempo se encaixa e mostra seu propósito.

A participação do compositor ajuda a explicar a qualidade da modernização da trilha como um todo. O filme é tão musical quanto a animação, mas canções como "One jump ahead" ("Correr para viver", na versão nacional) ganham batida pop bem atual.

"Prince Ali" ("Príncipe Ali") é a única exceção entre as melhorias, já que a voz de Smith não combina com as brincadeiras da letra. Ele parece desafinar em alguns momentos.

Mena Massoud e Will Smith em cena de 'Aladdin' — Foto: Divulgação

De volta ao básico

Ao segurar seus impulsos – logo no começo, uma cena em câmera lenta desnecessária chega a dar arrepio, mas é a única no filme – e cacoetes considerados sua marca registrada, Guy Ritchie mostra que pode sim construir um grande espetáculo visual.

Com isso, o cineasta britânico se recupera do fracasso de "Rei Arthur: A Lenda da Espada" (2017). Às vezes, a melhor forma de se levantar é fazer o básico bem feito.

Tudo isso constrói um novo "Aladdin" além de um simples caça-níquel e justifica sua existência e sua apresentação a todo um mundo novo.

Navid Negahban e Naomi Scott em cena de 'Aladdin' — Foto: Divulgação

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