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'The Handmaid's Tale' sai da tortura para a revolução na 3ª temporada

Nova etapa da série estreia nesta quarta (5) nos EUA e dia 15 no Brasil, junto com o streaming Paramount+

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A atriz Elisabeth Moss na terceira temporada da série ‘The Handmaid’s Tale’ - Divulgação
Nova York

A terceira temporada de "The Handmaid's Tale", que estreia nesta quarta (5) nos Estados Unidos, vai muito além da opressão da protagonista June e das mulheres de Gilead, o estado cristão totalitário em que os EUA se transformaram, na distopia imaginada originalmente pela escritora canadense Margaret Atwood.

"É muito mais esperançosa, é uma história de revolução", diz o ator Max Minghella, que faz Nick, personagem que no meio da temporada vai levar a narrativa a uma reviravolta.

June, papel de Elisabeth Moss, atravessou os dois primeiros anos tentando sobreviver. Agora, também ela vai passar por uma "radicalização" e abraçar a "resistência", expressões usadas por atores e produtores da série, em entrevistas nesta terça (4).

"Ela faz coisas muito questionáveis nesta temporada, é difícil", diz Moss, sobre a personagem. "Mas é inspiradora para mim, porque eu gostaria de ser tão focada quanto ela é. Gostaria de ser capaz de liderar como ela lidera."

Depois de tantos obstáculos e violências enfrentados pela protagonista, acrescenta o produtor executivo Warren Littlefield, "o público quer, precisa de realização, de consumação". Sua esperança é chegar ao fim dos 12 episódios com a audiência satisfeita —o que não foi o caso no encerramento da segunda temporada, quando June chega a um passo de fugir para o Canadá com a filha, mas desiste.

Aquele final provocou revolta, com seguidores e até críticos cobrando alguma saída para tanto sofrimento e tortura.

A série também abraça de vez, nesta nova temporada, o vínculo com a realidade política vivida hoje nos EUA e noutros países. Parte importante das gravações ocorreu em Washington, a capital americana e também de Gilead.

Lá, os célebres monumentos aos ex-presidentes George Washington e Abraham Lincoln surgem alterados pela ditadura, sendo o primeiro transformado numa cruz.

A produção tratou a cidade, centro do poder, como "Gilead em esteroides", o regime ao extremo, segundo Littlefield, com repressão ainda maior, retratada pelo silêncio imposto às mulheres, a ponto de algumas terem seus lábios atados.

É diante desta Washington ainda mais opressiva, em comparação com o sistema que conheceu em Massachusetts, principal cenário da série, que a protagonista se engaja por inteiro.

Um engajamento que é também de Moss. "Vivendo essa experiência sete, oito meses, por ano", diz ela sobre as gravações, "não tem como não se conectar com a realidade do mundo, ao que está acontecendo."

A atriz se refere à reação americana crescente ao direito ao aborto, ao direito de escolha das mulheres. E descreve "The Handmaid's Tale" como "um grande veículo" para ela se manifestar, acrescentando "esperar que as pessoas ajam, façam alguma coisa, não só conversar" sobre como a série mostra a realidade hoje.

Littlefield, produtor histórico da TV americana, ex-presidente da NBC que bancou séries como "Seinfeld", é mais específico. "Se estados como Geórgia, Missouri, Alabama, até Ohio, aprovarem essas leis contra o aborto, eu não vou trabalhar lá", afirma. "Nós certamente não faríamos 'The Handmaid's Tale' lá."

Várias corporações, inclusive Netflix, Warner e Disney, dona do Hulu, que produz a série, já se manifestaram contra a legislação, em especial na Geórgia. "Se esses estúdios, com seus filmes e incontáveis séries, começarem a sair, serão bilhões de dólares deixando essas economias", diz Littlefield.

Além dos EUA de Donald Trump, outros países foram lembrados como referências por atores e produtores, como o Irã no início, três anos atrás, ou a Coreia do Norte, nesta temporada.

Interpretando agora um dos personagens centrais, o Comandante Lawrence, o ator Bradley Whitford incluiu as Filipinas de Rodrigo Duterte e o Brasil de Jair Bolsonaro. "Eles são um bando de brutamontes tóxicos, precisam ser denunciados", afirma.

Sobre o presidente brasileiro, especificamente: "Sua homofobia é um exemplo clássico, com foco sádico nos transgêneros. A Alemanha nazista foi primeiro nos 'outsiders', nos vulneráveis. E é aterrorizante que isso esteja acontecendo de novo".


The Handmaid's Tale

Os três primeiros episódios da terceira temporada estreiam no Brasil no dia 15, no serviço de streaming Paramount+, com um novo episódio a cada semana. A série deve chegar ao canal de TV paga Paramount em agosto

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