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Fifa destina 1% de suas reservas para premiar seleções femininas

Marta defende a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2015 - William Volcov/Brazil Photo Press/LatinContent/Getty Images
Marta defende a seleção brasileira na Copa do Mundo de 2015 Imagem: William Volcov/Brazil Photo Press/LatinContent/Getty Images

Jamil Chade

Do UOL, em Paris (França)

02/06/2019 15h00

Por Paris, os cartazes da Copa do Mundo estão espalhados pela cidade que, a partir do dia 7, recebe as principais jogadoras do planeta. Nos hotéis de luxo onde estão os cartolas, a ordem na Fifa é também a de mudar o discurso e anunciar claramente que o futebol feminino é uma prioridade.

Mas nos documentos que os cartolas receberam nesta semana para o Congresso Anual da entidade, também em Paris, fica evidente a disparidade ainda dos prêmios entre as seleções femininas e as masculinas.

Pelo dados, a Fifa vai distribuir a todas as seleções que disputam a Copa na França neste mês um total acumulado de US$ 30 milhões. O valor representa pouco mais de 1% das reservas nos cofres da Fifa e muito inferior aos US$ 400 milhões que as 32 seleções do masculino receberam em 2018 na Rússia.

Se no final do ano passado a revelação do prêmio já causou mal-estar, agora o detalhamento dos valores e sua comparação com o Mundial de 2022, no Catar, escancaram um mal-estar ainda maior.

Para o próximo mundial, os homens receberão um total de US$ 440 milhões. Apenas o aumento entre 2018 e 2022 é superior a todo o prémio pago para as meninas.

Só a seleção masculina vencedora no ano passado, a França, levou para cada US$ 38 milhões. Agora, quem vencer a Copa do Mundo Feminina vai ficar com meros US$ 4 milhões.

Mesmo que o Brasil de Marta volte com o trofeu, sua seleção ganhará um quarto do que o Brasil de Neymar levou da Rússia, mesmo ficando longe da final.

Na verdade, seleções desclassificadas já na primeira fase como Panama, Peru e outras 14 deixaram a Rússia com uma receita extra de US$ 8 milhões cada. Portanto, a última colocada na Copa masculina ainda ganha duas vezes mais que a campeã entre as femininas.

No informe financeiro, a Fifa insiste que tem dobrado os recursos para os prémios entre as mulheres, em comparação aos níveis de 2015.

Além disso, se contabilizada a ajuda da Fifa para a preparação dos times e as compensações para os clubes que emprestam as jogadoras, o valor passaria de US$ 15 milhões em 2015 para US$ 50 milhões em 2019.

No caso da preparação, cada uma das 24 seleções femininas receberá pelo menos US$ 1,2 milhão por sua participação. Aos clubes, como ocorre também no caso do masculino, a Fifa pagará US$ 8,5 milhões.

Cartolas da entidade explicaram ao UOL que esse valor é significativamente mais baixo do que é pago aos homens por conta da diferença ainda profunda na receita da Copa feminina e aquela disputada por Mbappe, Neymar e Kane.

A queixa de mulheres dentro da entidade, porém, é de que a Fifa vem acumulando uma receita inédita com o futebol masculino, mas com um repasse ainda pequeno para as garotas. Ao final de 2018, por exemplo, a Fifa mantinha reservas no valor de US$ 2,7 bilhões.

Para grupos dentro da entidade, parte desse dinheiro nos cofres da entidade deveria ser usado também para a cúpula do futebol feminino no mundo, por meio de prêmios maiores para as seleções que participam na Copa.