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Antologia compila textos de dramaturgos negros que atuam no teatro brasileiro

'Dramaturgia Negra' oferece panorama inédito da produção contemporânea de autores afrodescendente

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O baiano Aldri Anunciação, um dos selecionados da antologia 'Dramaturgia Negra' - Claudio Leal/Folha Imagem
Rio de Janeiro

A antologia "Dramaturgia Negra", recém-lançada pela Funarte, oferece um panorama inédito da produção contemporânea de autores negros no teatro brasileiro. Organizada por Eugênio Lima e Julio Ludemir, a obra expõe o novo estágio da representação afrodescendente, ao enfeixar textos encenados e nomes premiados, trazendo dramas míticos e intimistas, não apenas militantes.

Para o leitor, há informações biográficas dos autores e dados da estreia de cada peça. Pesquisador e curador dos 16 textos selecionados, Lima enfatiza que o mapeamento contempla dramaturgos das cinco regiões, com diversidade de gêneros e gerações.

Os organizadores decidiram restringir a coletânea aos criadores que estão vivos —elenco que inclui tanto veteranos, como a carioca Leda Maria Martins ("Récita nº 3 - Figurações"), quanto jovens, caso do paulista Jhonny Salaberg ("Buraquinhos").

O volume é dedicado a Abdias do Nascimento, fundador do TEN (Teatro Experimental do Negro), em 1944, e organizador do pioneiro "Dramas para Negros e Prólogo para Brancos", de 1961. "Foi a primeira antologia dedicada à dramaturgia cujo assunto era a presença negra no campo do teatro. Um ineditismo absurdo. Mas nem todos os autores do livro eram negros", ressalva Eugênio Lima.

Um dos selecionados da nova antologia, o baiano Aldri Anunciação afirma que a coletânea opõe-se à invisibilidade. "A temática é mais expandida. Desloca uma dramaturgia negra sempre voltada a questões étnicas ou sociais relacionadas à negritude", avalia.

Também organizador do livro e um dos criadores da Flup (Festa Literária das Periferias), Julio Ludemir vincula o crescimento do número de autores negros no teatro às cotas nas universidades.

"Não existe nada mais importante no Brasil neste século do que a política de cotas. Ela impacta todos os mercados que antes eram monopólio de uma classe média branca, em particular masculina", afirma Ludemir. A formação de plateias negras também pressionaria por mais espaço a esses criadores. "Não é mais produção de gueto."

Uma dessas novas vozes é a da diretora, atriz e dramaturga Grace Passô, em "Vaga Carne". "Sei também que vocês têm dificuldades de entender o que não é vocês mesmos, mas vou tentar explicar: sou uma voz, apenas isso."

Dramaturgia Negra

  • Preço R$ 30 (480 págs.)
  • Autor Vários
  • Editora Funarte
  • Organização Eugênio Lima e Julio Ludemir
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