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Mundo Brasília

Indicação de Eduardo Bolsonaro corre risco de não ser aprovada em comissão do Senado

Segundo levantamento do GLOBO, haverá resistência; independentemente do resultado no colegiado, decisão será do plenário da Casa
O presidente Jair Bolsonaro cogita o nome do filho Eduardo Bolsonaro para o cargo de embaixador nos Estados Unidos Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo
O presidente Jair Bolsonaro cogita o nome do filho Eduardo Bolsonaro para o cargo de embaixador nos Estados Unidos Foto: Daniel Marenco / Agência O Globo

BRASÍLIA — Levantamento feito pelo GLOBO nesta terça-feira indica que a eventual indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para a embaixada do Brasil nos Estados Unidos enfrentará resistências e corre o risco de não ser aprovada na Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado , a primeira a analisar o nome na Casa.

Dos 17 senadores integrantes titulares da CRE, cinco afirmam que, caso a votação fosse hoje, se posicionariam contra. Outros quatro defendem que o deputado seja nomeado embaixador. A indicação do presidente Jair Bolsonaro precisa da maioria simples dos votos da comissão para ser aprovada, com quorum mínimo de dez senadores.

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A enquete foi feita pelo GLOBO, sob condição de anonimato. Seis parlamentares preferiram não se posicionar. Dois senadores não retornaram.

Entre os pontos negativos citados contra a indicação de Eduardo, está a falta de preparo. De acordo com um dos senadores, a indicação seria uma "desmoralização" dos embaixadores de carreira do Brasil.

Já entre os parlamentares que defendem a nomeação do filho de Jair Bolsonaro, a aproximação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é vista como um trunfo. Eles também defendem que, mesmo que Eduardo não tenha tanta experiência com a diplomacia, ele estará cercado de diplomatas capacitados, que podem auxiliá-lo.

Além dos 17 senadores titulares, a comissão tem uma vaga aberta. Isso porque o bloco parlamentar formado pelo MDB, PP e PRB não indicou um dos integrantes do colegiado.

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Apesar das resistências, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coellho (MDB-PE), acredita que a eventual indicação será aprovada.

—  Apesar de toda a polêmica e debate em torno dessa indicação, ela ainda não foi formalizada pelo senhor presidente da República, mas, se ela for formalizada, o governo tem votos para aprovar, tanto na comissão quanto no plenário —  afirmou o líder.

Na sexta-feira, vários senadores se posicionaram publicamente contra a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada em Washington. O  vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores, Marcos do Val (Cidadania-ES), chegou a dizer que o deputado era um adolescente pilotando um Boeing.

Tramitação

A indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixador passa primeiro pela CRE, na qual precisa de maioria simples para ser aprovada. A votação é secreta e, em caso de empate, o presidente da comissão, senador Nelsinho Trad (PSD-MS), vota para desempatar.

Mesmo que seja rejeitada, a nomeação vai para o plenário do Senado, uma vez que a tramitação na Comissão de Relações Exteriores não tem caráter definitivo.

Assim como na CRE, para que o filho do presidente Jair Bolsonaro vire embaixador nos EUA é preciso maioria simples dos votos do plenário, que também serão secretos. (colaborou Daniel Gullino)

*Estagiário sob supervisão de Amanda Almeida