Publicidade

Odebrecht

Prisão de cunhado implode as relações da família Odebrecht

Marcos Alves

Familiares de Marcelo Odebrecht e executivos do grupo baiano colocam na conta do herdeiro a prisão de seu cunhado, o advogado Maurício Ferro. Detido em mais uma fase da Lava-Jato, Ferro foi vice-presidente jurídico na Odebrecht e é casado com Mônica Odebrecht, com quem tem cinco filhos.

Marcelo nunca se conformou com o fato de Ferro não ter feito parte do acordo de delação premiada que abarcou 77 executivos e ex-executivos do grupo. Ao sair da prisão, em dezembro de 2017, ele decidiu abrir artilharia pesada contra o cunhado. Vasculhou mais de 480 mil e-mails que tinha guardado dos tempos em que era presidente da Odebrecht e encaminhou à força-tarefa e à Polícia Federal diversas mensagens que incriminavam seus inimigos, entre eles o cunhado.

Nos depoimentos aos procuradores, Marcelo também destacava que não sabia responder sobre a negociatas da Braskem — braço petroquímico da Odebrecht — e que elas deveriam ser perguntadas diretamente ao cunhado, que atuou por anos no jurídico da empresa.

Àquela altura, a relação de Marcelo com o pai, que já estava por um fio, foi rompida de vez. Emílio confidenciou a amigos que não acreditava na postura do filho de implodir a família e acusar de crimes o pai de seus cinco netos. Com isso, parou de buscar uma reaproximação com Marcelo. Os dois não se falavam desde os tempos em que o herdeiro da Odebrecht estava preso, há mais de dois anos. Em um dos últimos encontros que tiveram, quase chegaram às vias de fato. Neste ano, nem quando Emílio passou por uma delicada cirurgia cardíaca, houve qualquer tentativa de aproximação.

A prisão de Ferro diante dos olhos da mulher, Mônica, e dos cinco filhos, na casa deles, em São Paulo, caiu como mais uma bomba na família. Afastado da empresa desde o início do ano e dedicado à sua defesa, Ferro foi pego totalmente de surpresa. Hoje, o advogado segue para o mesmo prédio onde o cunhado amargou dois anos e meio atrás das grades, com previsão de chegada no fim da tarde. O pesadelo da família Odebrecht recomeçou.

Leia também