Brasil

Governador do AM reconhece desmatamento ilegal no estado e critica discurso da 'permissividade'

'Quem infringe a lei acredita que não será punido', disse Wilson Lima em entrevista sobre questões ambientais
Wilson Lima informou que o governo deve alcançar R$ 100 milhões em recursos aportados para pagamentos da área da saúde. Foto: Márcio Melo / Em Tempo Foto: MARCIO MELO / Agência O Globo
Wilson Lima informou que o governo deve alcançar R$ 100 milhões em recursos aportados para pagamentos da área da saúde. Foto: Márcio Melo / Em Tempo Foto: MARCIO MELO / Agência O Globo

SÃO PAULO — O governador do Amazonas , Wilson Lima (PSC), reconheceu nesta quinta-feira que houve um aumento do desmatamento ilegal no estado, e que, segundo ele,  o "discurso da permissividade" leva a uma piora desses números, "já que quem infringe a lei acredita que não será punido". O governador afirmou ainda que planeja fazer concessões de áreas de preservação ambiental para a iniciativa privada, como forma de incentivar o desenvolvimento e a conservação da região.

— Há o aumento do desmatamento nas áreas de maior atividade de pecuária e de madeireiras. Há um discurso de permissividade e aí pensam que tudo é permitido. Tem que ter respeito ao meio ambiente e atender a essa legislação - afirmou, após participar de evento do Movimento Brasil Competitivo.

Perguntado se esse pensamento não seria estimulado pelo presidente Jair Bolsonaro, que atribuiu aos estados da região Norte e às organizações não-governamentais a responsabilidade pelas queimadas, Lima evitou fazer críticas.

— O país está dividido entre esquerda e direita. Há muita gente se movendo pelo ódio — afirmou, acrescentando que tem mantido conversas com o ministério do Meio Ambiente.

Lima afirmou que já vinha percebendo o crescimento do desmatamento em relação ao ano passado e, por isso, estruturou um novo polo multissetorial de fiscalização na região sul do estado, chegando a três o número desses polos. É nessa região que está o chamado "arco do desmatamento".

— Não é algo que eu 'ache'. Houve aumento do desmatamento. É algo que os números mostram - disse.

Fundo Amazônia

O governador do Amazonas afirmou ainda que algumas ONGs são responsáveis por importantes projetos de preservação na região e que embora o estado não seja atingido de imediato pelo possível fim do Fundo da Amazônia, é preciso buscar alternativas que podem ser feitas de forma bilateral (entre o governo do estado e entidades europeias). Como exemplo, citou uma parceria feita com o banco alemão KFW.

Entre as medidas para aliar desenvolvimento e preservação, e reduzir a dependência da Zona Franca de Manaus, Lima defende a concessão de áreas de preservação ambiental à iniciativa privada. Segundo ele, um edital será lançado em Maués, região de exploração madeireira. Segundo ele, empresas já estarão interessadas nessa opção e passarão a explorar de forma sustentável a região.

— Queremos avançar nas concessões de reservas ambientais. A iniciativa privada administraria (o manejo e a preservação) e seria uma forma de monetizar a área e reverter em benefícios à comunidade - disse.

De acordo com o governador, é preciso provar ao mundo que exploração e preservação do meio ambiental podem andar juntos.

— Temos grandes responsabilidades. Temos que provar ao mundo que é possível explorar e preservar os
recursos naturais - afirmou.