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Política Mensalão

Análise: Prisão de Azeredo aumenta fardo de candidatura de Alckmin

Caso enterra estratégia do PSDB de tentar se vender como um partido diferente
PA São Paulo ( SP ) 21/05/2018 Geraldo Alckmin fala para alunos na faculdade Ibmec. Foto: Edilson Dantas / Agencia O Globo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
PA São Paulo ( SP ) 21/05/2018 Geraldo Alckmin fala para alunos na faculdade Ibmec. Foto: Edilson Dantas / Agencia O Globo Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo

SÃO PAULO - O fardo do PSDB vai ficando cada dia mais pesado para a eleição deste ano. A decisão da Justiça mineira de mandar para a prisão nesta terça-feira o primeiro tucano ilustre ligado a um escândalo de corrupção veio adicionar mais alguns quilos sobre os ombros do partido e, principalmente, de seu presidenciável Geraldo Alckmin . Para quem já não anda bem das pernas, o iminente encarceramento de Eduardo Azeredo , ex-presidente nacional do PSDB, é um golpe e tanto.

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O caso de Azeredo enterra qualquer estratégia do PSDB de tentar se vender nesta eleição como um partido diferente dos demais. Se antes desta terça-feira pesquisas internas já vinham apontando que o PSDB se fragiliza junto ao eleitorado a cada citação em investigações da Lava-Jato, imagina depois que imagens da prisão de Azeredo começarem a circular nas redes sociais.

Muitos podem se perguntar o que é um pingo d'água para quem já está molhado? Afinal já houve o episódio envolvendo o senador Aécio Neves (PSDB-MG), flagrado em uma conversa com o empresário Joesley Batista pedindo R$ 2 milhões. Depois veio o impasse do PSDB sobre ficar ou deixar o governo Temer, o que tatuou no partido a imagem de fisiológico. Isso sem falar na Lava-Jato, onde tucanos graúdos como Aécio e o senador José Serra, além do próprio Alckmin, pipocam com frequência no noticiário citados em depoimentos de delatores por recebimento de dinheiro de empreiteiras.

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Mas não se trata de mais uma denúncia a atingir o PSDB. É a prisão de um tucano ilustre. E, como gostam de pregar os marqueteiros, uma imagem vale mais do que mil discursos numa campanha eleitoral. Por essas e outras, a candidatura de Alckmin vai se tornando, pouco a pouco, uma enorme vidraça. Não há dúvida na campanha do tucano de que o episódio Azeredo será explorado pelos adversários na eleição.

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Como antídoto, Alckmin vai dizer que o colega de partido está afastado da sigla há quase uma década e que, diferentemente do PT, o PSDB aceita a decisão da Justiça e acredita que a lei é para todos. Como salvo-conduto à sua candidatura, o presidenciável tucano também prega que o eleitor votará em candidatos e não em partidos.

Pode até ser verdade. Mas também é certo que os planos do tucano para a eleição não estão saindo conforme o planejado. Seu principal capital político — a imagem de austero e honesto — perde valor a cada menção dele ou de parentes na Lava-Jato, dizem pesquisas internas. Não foi à toa que Alckmin deu esta semana uma das declarações mais ousadas que já fez quando foco de denúncias na Lava-Jato.

— Pode haver alguém tão íntegro como eu, mas mais (íntegro) não tem — disse.

A subida de tom sinaliza que o tucano já entendeu que galgar posições na corrida presidencial não será fácil. Como em toda maratona, qualquer novo peso nessa caminhada torna a chegada ainda mais distante.