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Temer pede trégua de 'dois a três dias' e caminhoneiros querem proposta até sexta

Presidente pediu prazo aos caminhoneiros que estão paralisando serviços, entrega de combustível e abastecimento de supermercados em todo o País; categoria deu ultimato ao governo até sexta-feira para apresentação de proposta

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Por Redação
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Michel Temer pediu "trégua de uns dois ou três dias no máximo" aos caminhoneiros que estão paralisando serviços, entrega de combustível e abastecimento de supermercados em todo o País, por conta de uma greve pela redução dos preços do óleo diesel. Já o movimento deu ao governo até a sexta-feira para que seja apresentada uma proposta de redução do preço do combustível.

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Temer pediu trégua de 'dois a três dias, no máximo' Foto: Ueslei Marcelino/Estadão

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Até lá, caminhões continuarão parados. Se nenhuma proposta considerada adequada for apresentada, o movimento será ampliado e motoristas prometem paralisação total a partir de sábado. A informação foi dada pelo presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, que se reuniu com a cúpula do governo para negociar o tema.

A categoria dos caminhoneiros participou de uma reunião no Palácio do Planalto na tarde desta quarta-feira. No encontro, o governo pediu uma trégua de uma semana para negociar uma solução para o custo dos combustíveis. O movimento, porém, rejeitou a proposta e os caminhoneiros deram dois dias para que o governo traga uma proposta para redução do preço dos combustíveis.

Até sexta-feira, segundo Fonseca Lopes, o movimento de paralisação continuará normalmente nos Estados, mas será permitido tráfego de medicamentos, carga viva e perecíveis. "Mas se na sexta-feira não apresentarem nada, vai parar tudo", disse o presidente em entrevista após a reunião no Palácio do Planalto.

Ao decidir falar, Temer não sabia da resposta já dada pelos representantes do setor que, naquele momento já haviam rejeitado a suspensão do movimento como pedira o governo e decidido pela continuidade da paralisação. "Desde domingo estamos trabalhando neste tema para dar tranquilidade não só ao brasileiro que não quer ver paralisado o abastecimento, mas também tentado encontrar uma solução que facilite a vida especialmente dos caminhoneiros", declarou Temer, ao ser questionado pela imprensa se ia deixar o movimento se estender por mais dias.

+ WHATSAPP: Como a paralisação dos caminhoneiros está afetando a sua vida? Um impasse em relação à paralisação foi criado após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ter cobrado de Temer a assinatura imediata, ainda nesta quarta-feira, de um decreto revogando a Cide para o diesel, quando o acordado com o ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, foi que, assim que o Congresso votasse a desoneração da folha de pagamentos de empresas, o presidente assinaria o decreto para que um gasto fosse compensado com o outro. Agora, como se estivesse "esticando a corda", nos dizeres de um assessor presidencial, Maia diz que Temer tem de assinar o decreto zerando a alíquota do diesel, sem que a contrapartida esteja garantida, o que, a princípio, estava sendo considerado impossível. Novas reuniões serão realizadas no Planalto ainda hoje para se chegue a uma conclusão do que poderá ser feito para amenizar os problemas que já começam a ser sentidos pela população. Um interlocutor direto do presidente disse ao Estado que a situação "está se agravando muito rapidamente", o que acendeu um alerta no Planalto. 

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Reunião. O governo não apresentou nenhuma proposta aos caminhoneiros na reunião realizada há pouco na Casa Civil, informou o presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), Diumar Bueno. "O governo veio mais justificar a impossibilidade de atender às reivindicações da categoria", disse. "Ele sentiu o peso do movimento, que está tomando conta do País, e jogamos a responsabilidade para eles, porque eles foram avisados há mais ou menos um mês."

+ Caminhoneiros querem escalonamento de três meses no reajuste do preço do diesel O governo pediu mais 24 horas para apresentar alguma proposta, informou. E ficou estabelecida uma comissão formada pelos representantes dos caminhoneiros e do governo. Uma nova reunião foi marcada para amanhã, às 14 horas. Segundo Bueno, o governo confirmou que a Cide do diesel será zerada, e não haverá reoneração da folha para o setor de transporte. "Mas isso só é insuficiente. Representa cinco centavos no preço, se for repassado." Já em relação ao pedido de retirada do PIS/Cofins sobre o diesel, o representante dos caminhoneiros disse que o governo informou não estar preparado para responder ao pedido e ficou de apresentar uma proposta amanhã. O mesmo se aplica ao pedido de escalonamento em três meses dos reajustes do diesel.

"Sobre a política de preços da Petrobrás, disseram que tem um gestor lá. A Petrobras, parece que não é do Brasil. Tem uma pessoa que é o gestor e (a resposta) depende dessa pessoa, e é isso que vão conversar agora." É possível que um representante da estatal participe da reunião de amanhã. Diante desse resultado, a greve continuará, segundo informou o presidente da CNTA. "Pela minha leitura, a categoria não se desmobiliza por causa dessa reunião", afirmou. "A categoria não está disponível para promessas em vão, abertas." Questionado sobre os prejuízos que a paralisação dos caminhoneiros traz à população, ele respondeu que a pergunta deveria ser dirigida aos ministros. "O governo deixou a situação chegar nesse ponto crítico, agora precisam dar solução."

+ Perguntas e respostas sobre a manifestação dos caminhoneiros Ele explicou, ainda, que as entidades representativas não correm o risco de serem multadas porque o movimento ocorre dentro dos ditames da lei. "Não há interrupção de nenhuma rodovia", afirmou. "A categoria, de forma inédita, mostrou que não é anarquista e fez o movimento dentro da lei." Segundo explicou, não há interdição total em nenhuma rodovia. É autorizada a passagem de veículos especiais, ambulâncias, carros pequenos, veículos de passageiros, transporte de produtos clínicos e carga viva. Segundo Bueno, a paralisação não tem caráter político, nem econômico. "É por uma questão de sobrevivência", afirmou. "A categoria não aguenta mais trabalhar sem rentabilidade." /Tânia Monteiro, Fernando Nakagawa, Lu Aiko Otta e Julia Lindner

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