Exclusivo para Assinantes
Política Bolsonaro

Cotado para comandar a PF tem apoio da bancada da bala e é próximo dos filhos de Bolsonaro

Anderson Torres já teve seu nome sugerido pela família durante a montagem do governo e agora ganha força também de deputados do PSL
O delegado Anderson Gustavo Torres é o atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Foto: Reproduçao/Instagram SSP/DF
O delegado Anderson Gustavo Torres é o atual secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Foto: Reproduçao/Instagram SSP/DF

BRASÍLIA —  Apontado como principal nome para assumir o comando da Polícia Federal caso se confirme a saída do diretor-geral, Maurício Valeixo, o secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, tem sua repentina ascensão explicada por amigos devido a uma proximidade dele com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira, e os irmãos Flávio e Eduardo, filhos do presidente Jair Bolsonaro .

Leia : Cotado criticou brechas para interferências do Executivo na corporação

Torres se aproximou dos três ao longo dos oito anos (2010-2018) em que foi chefe de gabinete do ex-deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR), hoje deputado estadual. Diplomático no trato pessoal, mas favorável ao endurecimento penal, Torres caiu no gosto dos filhos de Bolsonaro e de Jorge Oliveira, que já tinham sugerido seu nome durante a montagem do governo. Ele acabou preterido por Maurício Valeixo porque o então juiz Sergio Moro, convidado para o Ministério da Justiça, exigiu indicar os principais cargos de sua futura equipe.

Agora, o mesmo grupo, volta a entrar em campo para levar Torres ao comando da PF. O movimento conta com forte apoio da bancada da bala e de boa parte dos deputados do PSL. Torres entrou na PF há 16 anos, mas permaneceu apenas oito. Metade da carreira ele atuou como assessor de Francischini, delegado licenciado da PF. Numa recente entrevista ao “Correio Braziliense”, ele se disse contra a liberação do uso de drogas.

— Eu sou de uma linha de prisão, de repressão. Sou contra descriminalização — disse.

Ao responder sobre recente decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, de suspender investigações iniciadas com base em relatórios da Unidade de Inteligência Financeira (ex-Coaf), sem autorização judicial, Torres foi comedido na resposta:

— Decisão judicial não se discute, se cumpre. Vamos avaliar se há prejuízos às nossas investigações. A Polícia Federal deve estar fazendo o mesmo. O Supremo precisa, de uma maneira bem rápida, se decidir em relação a isso.

Ex-diretor da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Torres defendeu, em 2016, a autonomia financeira e administrativa da Polícia Federal. A medida seria uma forma de proteger a polícia de interferências externas. Torres afirmou que a PEC da autonomia “facilita” e “melhora” o trabalho da polícia.

O jogo da sucessão começou quando o presidente Jair Bolsonaro passou a defender, em sucessivas entrevistas, a demissão do superintendente da PF no Rio e até mesmo do diretor-geral. O nome de Torres foi citado por Bolsonaro numa entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo” na semana passada. O secretário também foi elogiado por Jorge Oliveira numa entrevista ao GLOBO. Ele afirmou que Torres seria uma boa opção para comandar a PF.