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Por Sportv.com — Rio de Janeiro


Jornalista explica como encontrou a Silvia, que narra os jogos do Palmeiras para o filho, Nickollas

Jornalista explica como encontrou a Silvia, que narra os jogos do Palmeiras para o filho, Nickollas

A maior vitória do Brasil nesta segunda-feira durante o "Fifa The Best" para muitos foi a conquista do "Fifa Fan Award" (prêmio dedicado a torcedores) por Silvia Grecco, que narra os jogos do Palmeiras para o filho Nickollas, deficiente visual.

Tal história ganhou o mundo após o repórter Marco Aurélio Souza, da TV Globo, flagrar a cena de Silvia narrando o clássico entre Palmeiras e Corinthians válido pelo segundo turno do Brasileiro 2018, em 9 de setembro. Durante o "Bem, Amigos" desta segunda, Luís Roberto, muito emocionado, exaltou a história e Marco Aurélio.

- Certamente foi o momento mais emocionante, mais bonito e mais intenso da festa da Fifa. Foram duas reportagens exibidas pela Globo, a do pai uruguaio que trocou de time, do Rafael Sibilla, e essa que foi condecorada, do troféu do torcedor (Fifa Fan Award). da Silvia narradora e do Nickollas - disse Luís Roberto.

Silvia Grecco e Nickollas — Foto: Reuters

- Com as palavras da Silvia nesse momento tão duro e difícil onde minorias estão escanteadas e lutando contra tudo e todos, a gente percebe por que o mundo aplaudiu de pé. Não só atitude e o carinho e o amor que ela tem pelo Nickollas, mas o conjunto que tem isso. Disse ao Marco Aurélio que toda história tem que ter tudo, mas precisa ser bem contada. No caminho, o coração do Marco Aurélio enxergou essa história - completou o narrador, chamando Marco ao palco.

A história de Silvia e Nickollas pelos olhos de Marco Aurélio Souza:

- Era o clássico Palmeiras x Corinthians do segundo turno do Brasileiro, o Palmeiras ganhou com gol do Deyverson um jogo quente e polêmico.

O flagra:

- No finzinho do primeiro tempo, a gente fica perto do banco, e eu estava cobrindo o Palmeiras. Olhei para trás e vi aquela imagem, que é impossível que alguém normal veja aquilo e que sua atenção não seja chamada.

- Olhei: "Aquele menino não enxerga, e a mãe está narrando". Quando terminou o primeiro tempo fui lá, me apresentei e perguntei se era a primeira vez que ele vem ao estádio.

A conversa com Silvia:

- Aí que vem algo muito importante: ela disse "Não, eu o trago aqui, porque o estádio de futebol é o lugar que ele mais gosta no mundo". Aí dei aquela respirada.

Momento em que chamou Cléber Machado, que narrava o clássico paulista:

- A transmissão tem várias câmeras, coordenador e área técnica. Não posso no meio do jogo chamar o narrador e falar que estou vendo algo se não for nada de extraordinário. Preciso falar algo que vai ser mostrado.

- Como teve o intervalo ao nosso favor, chamei nosso coordenador Marton Filho, ele disse: "O que foi, tchê?"

- Disse: Tem uma cena atrás do banco do Felipão que é inacreditável, ele responde: "Mostra para os nossos câmeras". Começa o segundo tempo, e eu preciso falar do menino e da Silvia.

- Acontece o gol do Palmeiras, e gol é a coisa mais fantástica do futebol. Dão cinco, 10 minutos e lá pelo 20º minuto, o jogo dá uma acalmada, e eu chamo o Cléber (Machado, narrador do jogo). Ele responde: "Sim!". E aí eu conto a história.

Como Nickollas se apaixonou pelos estádios

- Nas primeiras tentativas, ela tentou com um fonezinho, mas aquilo irritava o Nickollas. Ele gosta do ruído do estádio. O estádio de futebol não o incomoda. Ele não pode ouvir o hino do Palmeiras que começa a pular e cantar.

- Na terça-feira após o jogo, nos encontramos para gravar a matéria que foi ao ar no Globo Esporte e depois no Esporte Espetacular. Não posso esquecer de falar o nome de todos que trabalharam nessa matéria.

- A Carol (Andrade) foi a primeira produtora que entrou em contato com a Silvia, virou amigaça dela. A Silvia diz que viramos uma família. Têm os editores Luis Novaes e Pedro Tatu. Esse é o time que levou a história para o ar.

Emoção de Dida, "O Homem de Gelo"

- Alguém disse que Dida parecia o Homem de Gelo, eu vi uma lágrima no olho dele (risos).

- Como ela falou que é uma ponte, a gente também fez uma ponte. Essa história é da Silvia. Não é a história do Nickollas. É a história da Silvia, que narra os jogos para o Nickollas

Nickollas não é filho biológico de Silvia, que o adotou:

- O Nicolas é um filho adotivo, ele não é filho biológico. Ela o conheceu quando ele tinha 5 meses, nasceu prematuro. Doze casais negaram a adoção do Nickollas, por ele ter essa condição. Ela disse "Eu quero".

- O ponto que a faz ganhar o prêmio não foi esse, foi a narração, mas a Silvia é a dona da história, o Nickollas é o dono.

Dica de Marco Aurélio Souza a quem sonha em ser jornalista

- Para você que está na faculdade pensando em fazer jornalismo, quando alguém ensinar que o bom jornalismo é a posse de bola, o percentual de gordura e o terceiro lateral do Chelsea, devolva uma história de futebol. Se existe futebol, é porque existe o torcedor.

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