RIO — O ministro de Minas e Energia , Bento Albuquerque, disse que a principal linha de investigação do governo é que o óleo detectado no litoral do Nordeste veio de algum navio ou embarcação que transportava petróleo com características iguais ao produzido na Venezuela . O ministro disse ainda, durante a 16ª rodada de leilão de petróleo, nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, que em nenhum momento foi dito que o vazamento era da PDVSA, estatal venezuelana.
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— O que foi dito é que, nas análises realizadas, esse petróleo tem características similares ao petróleo que é extraído em determinados poços da Venezuela. A origem desse óleo provavelmente foi de um navio ou de alguma embarcação em alto-mar carregando esse tipo de petróleo. É isso que está sendo investigado, e é essa a linha, talvez a principal, para se determinar a causa da origem desse vazamento — disse Albuquerque.
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O ministro rebateu as críticas de que o governo demorou a tomar as providências em torno do aparecimento de petróleo nas praias.
— A investigação foi tomada no dia 2 de setembro e foram sendo mobilizados, ao longo do tempo, todos os recursos para a limpeza das áreas e mitigar a propagação desse vazamento para outras regiões. Foram encontradas manchas de óleo do Norte do Maranhão até Sergipe, e isso é atípico porque, entre as correntes marítimas, uma vai para a região noroeste e outra para o Sul. Por isso, é difícil ter o entendimento de como essas manchas se propagaram pelo litoral. Dai, a complexidade da investigação — continuou o ministro.
Laboratório confirma origem venezuelana
O Lepetro (Laboratório de Estudos do Petróleo), da Universidade Federal da Bahia, conduziu uma análise independente de amostras do óleo derramado na costa da Bahia, e chegou a uma conclusão similar à do MME.
— O óleo é de uma bacia petrolífera específica do território venezuelano, mas isso não quer dizer que a Venezuela é responsavel pelo derrame — afirma Sarah Rocha, química que participou dos trabalhos de análise.
Segundo a pesquisadora, as análises feitas agora não permitem inferir características do navio que o armazenava, nem a data de extração do óleo. Tampouco se pode afirmar com certeza que ele estava sendo transportado na forma de petróleo cru.
Segundo o Lepetro, existe a possibilidade de que esse óleo estivesse armazenado na forma de "bunker", um resíduo de óleo cru dissolvido em diesel, usado como combustível para mover grandes embarcações.
O diesel, porém, é volátil, e um derramamento de "bunker" resultaria no acúmulo marinho apenas do outro componente do material, o resíduo cru.
Para Décio Oddone, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o vazamento foi atípico:
— Os volumes de petróleo foram chegando aos poucos de forma inesperada. Ninguém tinha no início a dimensão do que iria acontecer em locais diferentes da costa. Não houve atraso na reação dos órgãos. O Brasil está preparado para atender emergências ambientais — afirmou Oddone.