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Ministro diz que investigação aponta para vazamento de navio com óleo 'com características do petróleo da Venezuela'

Análise da Universidade Federal da Bahia confirma que óleo é de uma bacia petrolífera específica do território venezuelano
Manchas de óleo chegam em Sergipe Foto: Márcio Garcez / Agência O Globo
Manchas de óleo chegam em Sergipe Foto: Márcio Garcez / Agência O Globo

RIO — O ministro de Minas e Energia , Bento Albuquerque, disse que a principal linha de investigação do governo é que o óleo detectado no litoral do Nordeste veio de algum navio ou embarcação que transportava petróleo com características iguais ao produzido na Venezuela . O ministro disse ainda, durante a 16ª rodada de leilão de petróleo, nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, que em nenhum momento foi dito que o vazamento era da PDVSA, estatal venezuelana.

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— O que foi dito é que, nas análises realizadas, esse petróleo tem características similares ao petróleo que é extraído em determinados poços da Venezuela. A origem desse óleo provavelmente foi de um navio ou de alguma embarcação em alto-mar carregando esse tipo de petróleo. É isso que está sendo investigado, e é essa a linha, talvez a principal, para se determinar a causa da origem desse vazamento — disse Albuquerque.

Leia: Estatal da Venezuela nega ter relação com petróleo que contamina praias no Brasil

O ministro rebateu as críticas de que o governo demorou a tomar as providências em torno do aparecimento de petróleo nas praias.

Áreas com localidades oleadas no nordeste brasileiro
O óleo se espalhou
por cerca de
Ilha de Caçacueira (Cururupu)
2.880 km
de extensão
Maranhão
O derramamento de óleo teria ocorrido entre 270 e 600 km do litoral, tendo como ponto de partida os estados da Paraíba, Pernambuco e Alagoas
Piauí
Ceará
Rio grande
do norte
Em limpeza
Não observado
Vestígios/esparsos (Oleadas)
paraíba
Manchas (Oleadas)
10
114
578
Pernambuco
270
km
600
km
estados
afetados
municípios
afetados
localidades
afetadas
Alagoas
Sergipe
Foz do
São Francisco
Bahia
Praia do Forte
MINAS
GERAIS
O registro mais ao sul foi realizado no município de Linhares (ES)
Praia do Formosa
Dados de 14 de novembro
Algumas
espécies
ameaçadas
Coral-de-Fogo
Cérebro da Bahia
(Millepora alcicornis)
(Mussismilia brasiliensis)
Encontrado desde o Caribe até o Rio de Janeiro. Está entre as 5 espécies mais importantes da construção dos recifes brasileiros. Em junho deste ano, foi encontrado branqueado, começando a morrer
Era considerado resistente ao branqueamento, este ano teve mortalidade sem precedentes devido à elevação da temperatura da água do mar
Fonte: Ibama
Áreas com localidades
oleadas no nordeste brasileiro
10
114
578
estados
afetados
municípios
afetados
localidades
afetadas
Dados de 14 de novembro
Em limpeza
Não observado
Vestígios/esparsos (Oleadas)
Manchas (Oleadas)
O óleo se espalhou
por cerca de
Ilha de Caçacueira
(Cururupu)
2.880 km
de extensão
Ma
Pi
Ce
Rn
pb
Pe
Al
SE
Foz do
São Francisco
Ba
MG
Linhares (ES)
Algumas espécies ameaçadas
Coral-de-Fogo
(Millepora alcicornis)
Encontrado desde o Caribe até o Rio de Janeiro. Está entre as 5 espécies mais importantes da construção dos recifes brasileiros. Em junho deste ano, foi encontrado branqueado, começando a morrer
Cérebro da Bahia
(Mussismilia brasiliensis)
Era considerado resistente ao branqueamento, este ano teve mortalidade sem precedentes devido à elevação da temperatura da água
do mar
Fonte: Ibama


— A investigação foi tomada no dia 2 de setembro e foram sendo mobilizados, ao longo do tempo, todos os recursos para a limpeza das áreas e mitigar a propagação desse vazamento para outras regiões. Foram encontradas manchas de óleo do Norte do Maranhão até Sergipe, e isso é atípico porque, entre as correntes marítimas, uma vai para a região noroeste e outra para o Sul. Por isso, é difícil ter o entendimento de como essas manchas se propagaram pelo litoral. Dai, a complexidade da investigação — continuou o ministro.

Laboratório confirma origem venezuelana

O Lepetro (Laboratório de Estudos do Petróleo), da Universidade Federal da Bahia, conduziu uma análise independente de amostras do óleo derramado na costa da Bahia, e chegou a uma conclusão similar à do MME.

— O óleo é de uma bacia petrolífera específica do território venezuelano, mas isso não quer dizer que a Venezuela é responsavel pelo derrame — afirma Sarah Rocha, química que participou dos trabalhos de análise.

Segundo a pesquisadora, as análises feitas agora não permitem inferir características do navio que o armazenava, nem a data de extração do óleo. Tampouco se pode afirmar com certeza que ele estava sendo transportado na forma de petróleo cru.

Segundo o Lepetro, existe a possibilidade de que esse óleo estivesse armazenado na forma de "bunker", um resíduo de óleo cru dissolvido em diesel, usado como combustível para mover grandes embarcações.

O diesel, porém, é volátil, e um derramamento de "bunker" resultaria no acúmulo marinho apenas do outro componente do material, o resíduo cru.

Para Décio Oddone, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o vazamento foi atípico:

— Os volumes de petróleo foram chegando aos poucos de forma inesperada. Ninguém tinha no início a dimensão do que iria acontecer em locais diferentes da costa. Não houve atraso na reação dos órgãos. O Brasil está preparado para atender emergências ambientais — afirmou Oddone.

As localidades afetadas pela mancha
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