Rio

Crivella dá calote de R$ 230 milhões no BNDES antes de anunciar R$ 400 milhões em conservação de ruas para ano eleitoral

Crivella tenta negociar também adiamento de parcelas de outubro a dezembro deste ano para fevereiro de 2020 'para preparar a cidade para o verão'
Prefeitura diz que 'vem solicitando desde 2017 junto ao BNDES um refinanciamento da atual dívida, cujos pagamentos estão totalmente concentrados nesses quatro anos da atual administração' Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo
Prefeitura diz que 'vem solicitando desde 2017 junto ao BNDES um refinanciamento da atual dívida, cujos pagamentos estão totalmente concentrados nesses quatro anos da atual administração' Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo

RIO — A prefeitura do Rio deixou de pagar, no mês passado, uma parcela de R$ 230 milhões ao BNDES, referente à juros de sua dívida com o banco. Depois do calote, o prefeito Marcelo Crivella tenta agora negociar com o governo de Jair Bolsonaro o adiamento para fevereiro do pagamento das prestações que iriam de outubro a dezembro.

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Em nota, o Banco Nacional do Desenvolvimento afirmou que, de acordo com seus normativos internos, o BNDES está solicitando as garantias relacionadas à parcela vencida em setembro de financiamento junto à prefeitura do Rio de Janeiro. Uma vez que os pagamentos forem retomados, o Banco está à disposição do município para renegociar os valores.

Os valores, segundo reportagem da “Folha de S.Paulo”, somam R$ 400 milhões, mesma quantia anunciada, na segunda-feira, pelo prefeito para investimentos em obras de infraestrutura na cidade. As intervenções, a maioria de recapeamento de vias, estão previstas para ficarem prontas no ano que vem, ano eleitoral.

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Em nota, a Prefeitura do Rio disse que "sempre honrou todos os pagamentos de dívida pública rigorosamente em dia. Entretanto, vem solicitando desde 2017 junto ao BNDES um refinanciamento da atual dívida, cujos pagamentos estão totalmente concentrados nesses quatro anos da atual administração. A Prefeitura pleiteia junto ao banco que as parcelas de outubro de 2019 a janeiro de 2020 sejam pagas, com a devida correção, em fevereiro de 2020".

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De acordo com a nota, essa medida evitaria "a sobrecarga do caixa do município nesta virada de ano, onde haverá necessidade de se preparar a cidade para o próximo verão, com obras em infraestrutura  e conservação". No texto, a Prefeitura garante que irá "honrar" com os compromissos com o BNDES, "e que todas as propostas de refinanciamento de valores estão sendo tratadas diretamente com a Instituição, opção a ser considerada devido à crise financeira sem precedentes que atingiu o Estado e também a Cidade do Rio".