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Há combustível para ônibus até terça, diz Covas

Prefeito de São Paulo afirma que serviços essenciais estão sendo mantidos de forma ao menos 'mínima' durante a greve dos caminhoneiros; Secretaria Municipal da Fazenda calcula uma perda de R$ 100 a R$ 150 milhões em arrecadação

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Por Priscila Mengue
Atualização:

SÃO PAULO - O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), declarou que há apenas combustível suficiente para garantir a circulação de ônibus na cidade até a terça-feira, com frota de 60% do previsto para o horário no entrepico e de 68 a 70% do normal nos períodos de maior demanda.A Secretaria Municipal da Fazenda calcula uma perda de R$ 100 a R$ 150 milhões em arrecadação, sem contar o “prejuízo à economia” da cidade durante a greve dos caminhoneiros

“São serviços que não foram prestados nessa semana e que certamente não serão prestados.” A coletiva seletiva segue suspensa desde domingo.

Bruno Covas comentou sobre a greve dos caminhoneiros. Foto tirada em coletiva no dia 09/04 Foto: Nilton Fukuda / Estadão

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+ Entenda a greve dos caminhoneiros

Segundo ele, a situação é “grave” e “difícil”, mas “ainda controlada” e que todos os serviços essenciais estão mantidos de forma ao menos “mínima”. Covas afirmou que os serviços estão sendo monitorados continuamente e que se mantêm nos próximos dias, exceto os ônibus e a merenda escolar, que está com dificuldade para ser mantida devido à falta de insumos e gás de cozinha e estão garantidos apenas até terça-feira. “Queria poder garantir até semana que vem”, declarou.

Ele disse ainda que havendo necessidade de racionamento da merenda, será priorizada a educação infantil em detrimento do ensino fundamental e do ensino médio. “No dia de hoje a gente tem suficiente para a nossa rede completa.” Ao todo, um milhão de crianças e adolescentes estão matrículas na rede municipal de ensino.

Ônibus. Às 10 horas, a São Paulo Transporte (SPTrans) divulgou que 59% da frota de ônibus prevista para o horário estava em funcionamento na cidade. No domingo, Covas havia afirmado que as operações nesta segunda ocorreriam com de 60 a 80% do total de viagens habituais para o horário. Agora, a nova margem de operação é de 60% no entrepico e de 68 a 70% nos horários de maior demanda. “A gente hoje não tem nenhum estoque para operar na quarta-feira.”

Saúde. Na noite de domingo, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) divulgou o adiamento das cirurgias eletivas marcadas para esta segunda-feira nos hospitais municipais de São Paulo. Também foi suspensa a remoção de pacientes para exames eletivos e de rotina nas unidades de saúde. “Para que a gente possa utilizar com racionalidade insumos e roupas que são utilizadas nessas cirurgias, para garantir que a gente não tenha nenhum problema com as cirurgias de emergência.” 

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Cerca de 100 cirurgias eletivas são realizadas em 35 hospitais municipais e conveniados diariamente. Segundo o secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara, os procedimentos adiados serão remarcados “rapidamente” e o principal impacto é na obtenção de oxigênio, de lavanderia (roupas esterilizadas fora do hospital) e de alguns medicamentos específicos para cirurgia. “A gente vai abrir horários extras para que eles possam ser operados assim que se normalizar", garante. Ainda não há definição para a terça-feira. Pollara garantiu que nenhuma unidade de saúde municipal deve estar fechada nesta segunda-feira. 

Comitê. Uma reunião do comitê de crise deve ocorrer até as 18 horas desta segunda-feira. Desde sexta-feira, 25, o transporte de combustível obtido pela Prefeitura ocorre com apoio de escolta da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Segundo Covas, a Prefeitura negocia ampliar o número para 16, para dar mais “capilaridade” para evitar grandes deslocamento da rede para abastecer. “A cada dia a gente vai ganhando mais 24 horas”, disse sobre as operações.

“O Comitê de Crise está agora ampliando o seu leque de preocupação para além dos serviços essenciais que são prestados pela Prefeitura de São Paulo", diz Covas.

Setor privado. Segundo Covas, a Prefeitura está monitorando a situação de serviços essenciais realizados pela iniciativa privada, como em hospitais particulares e o fornecimento de remédiose também liberou o acesso aos postos de combustíveis de uso exclusivo da Prefeitura para carros da Comgás e da Eletropaulo, que tinham combustível suficiente apenas para rodar nesta segunda-feira, e a empresa de logística quefornece medicamentos para a rede municipal.

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Rodízio. O rodízio municipal de veículos segue suspenso por tempo indeterminado. Além disso, um decreto publicado em edição extraordinária do Diário Oficial Cidade de São Paulo desta segunda-feira libera o tráfego irrestrito de caminhões em todas as zonas da cidade e horários até domingo, 3. 

Funcionalismo Público. Além disso, foi verificado um grande número de absenteísmo entre professores e alunos da rede municipal de ensino e estão sendo verificadas possíveis faltas na área de saúde. Até o momento, não há definição se as faltas serão abonadas, o que deve ser devido apósa crise "A gente não tem um número, mas tem percebido uma grande falta, em especial de professores e alunos na rede municipal de ensino", diz Covas.

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O prefeito afirmou ainda que considera decretar feriado municipal ou ponto facultativo, mas que a medida será tomada apenas em uma situação extrema, devido ao “o impacto” que teria na arrecadação e na atividade econômica da cidade, inclusive para a Bolsa de Valores. “Não é ainda o momento”, disse.

“Os serviços essenciais, ainda que de forma mínima, estão garantidos na cidade de São Paulo por todos os esforços que a gente tem feito, a gente tem o mínimo de serviço essencial: coleta de lixo está garantida, os ônibus estão circulando, mesmo que com restrição, a merenda nas escolas, o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), a CET (Companhia de Engenharia de Trafego), a GCM, enfim, os serviços estão garantidos. E a ordem está garantida na cidade de São Paulo.”

“Estamos a todo o momento monitorando a situação. Até as 6 horas da tarde outros encontros do comitê de crise devem acontecer para que a gente possa, se for o caso, tomar medidas que, nesse momento, ainda não são necessárias.” 

Apelo. Covas ainda fez um apelo aos caminhoneiros. Segundo ele, a reivindicação é legítima, mas os bloqueios precisam parar, pois a cidade enfrenta um problema grave de abastecimento. “Falando em nome da população da cidade de São Paulo, venho aqui fazer um apelo a todo o movimento grevista. Acho que, nesse momento, São Paulo e o Brasil já perceberam a importância que os caminhoneiros têm na questão de abastecimento, o quanto que é essencial o trabalho deles, o quanto que são necessárias as reivindicações que eles apresentaram, mas nós temos um problema grave aqui na cidade de abastecimento. Eu quero fazer um apelo para que eles possam voltar a trabalhar", declarou.

O prefeito ainda ressaltou que está aberto ao diálogo com os manifestantes. “Havendo qualquer necessidade a gente pode sentar para conversar, não há nenhum problema”, afirmou. “A gente espera agora o bom senso do movimento.”

“Acho que chegou o momento de a gente pensar no cidadão comum, que precisa trabalhar, que sai com o filho na escolamunicipal, que depende do posto de saúde para ter acesso à saúde, que depende de serviços públicos para poder sobreviver. O cidadão está com a vida cada vez mais comprometida.”

Segundo Covas, a adesão de motoristas do transporte escolar municipal é “mínima” dentre os 70 mil alunos atendidos. “Ela afeta, mas afeta um número muito pequeno de alunos que utilizam as vans.”

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