Por G1


Motoristas fazem fila com galões em posto de combustível de Taguatinga, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Apesar de ainda haver protestos de caminhoneiros em rodovias do Brasil nesta quarta-feira (30), o abastecimento de postos de combustíveis está sendo retomado, aos poucos, em alguns estados. Mas a situação ainda não voltou à normalidade: nos estabelecimentos que recebem combustível, longas filas geram rápido esgotamento da mercadoria.

Às 17h desta quarta, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) afirmou que o país tinha 267 pontos de aglomeração próximos às rodovias federais. Desde o início das escolas, a PRF diz que já acompanhou o trajeto de 2.275 veículos de carga, que transportaram 36,3 milhões de litros de combustível pelas rodovias federais do Brasil.

Além disso, a PRF diz ter atuado na liberação de pontos de bloqueios em seis corredores:

  • Rio de Janeiro x São Paulo (Dutra)
  • São Paulo x Belo Horizonte (Fernão Dias)
  • Salvador x Natal
  • Salvador x Feira de Santana
  • Goiânia x Brasília
  • Rondonópolis / Mato Grosso

Balanço da Petrobras

Pouco antes das 20h30 desta quarta, a Petrobras afirmou que as entregas alcançaram 80% da média diária de antes da greve dos caminhoneiros. Na refinaria Duque de Caxias, a situação já é considerada de normalidade, e as escoltas policiais já não eram necessárias.

A situação final do consumidor, porém, varia pelo Brasil. Ela é mais crítica em capitais como Florianópolis e Recife, onde há limite máximo de litros de gasolina que cada cliente pode comprar. No Piauí, no Distrito Federal e em Rondônia, o problema não é a falta de gasolina, e sim a falta do etanol anidro, material que obrigatoriamente deve ser misturado com a gasolina antes de ela chegar à bomba.

Em São Paulo, a parcela de postos abastecidos chega a 17%. Em outras cidades, como Belo Horizonte, Porto Alegre e Belém, a rotina dos moradores está voltando ao normal.

Ocorrem manifestações em pelo menos 18 estados e no Distrito Federal, mas os bloqueios à passagem de veículos de carga só acontece em 7 deles: Bahia, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Pará e Paraná. No Sudeste, não há mais rodovias bloqueadas.

Segundo a Plural, associação que representa empresas do setor de distribuição de combustíveis e lubrificantes, "a circulação de caminhões-tanque já chega a 60% da movimentação normal nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. Bases prioritárias como São Paulo, Paulínia (SP), Betim (MG), Caxias (RJ), Araucária (PR) e Canoas (RS) elevaram em cerca de 200% o número de carregamentos e entregas aos postos de combustíveis".

A seguir, veja a situação em cada estado:

Distrito Federal

Menos de 10% dos 320 postos de combustíveis do DF têm gasolina ou etanol, segundo o Sindicato dos Empregados em Postos de Serviços de Combustíveis e Derivados (Sinpospetro). À tarde, 90% deles já estavam desabastecidos novamente, e filas longas atravancaram o trânsito na Capital Federal. Houve postos que, mesmo fechados, receberam filas de até 20 veículos.

O problema que Brasília enfrenta para normalizar a situação é a falta de álcool anidro, usado na mistura com a gasolina pura (tipo A) para diminuir o preço nas bombas. Ele só deve chegar à capital por volta das 23h, segundo o Exército. Cerca de 200 fuzileiros estão em Quirinópolis (GO), a 496 quilômetros da capital, para acompanhar o abastecimento de 32 caminhões-tanque e escoltá-los até o Distrito Federal.

Motoristas fazem fila em posto fechado na W3 Norte

Motoristas fazem fila em posto fechado na W3 Norte

Espírito Santo

Segundo o governo estadual, 75% dos postos da Região Metropolitana estão abastecidos e 50% no interior. Há mais de 600 postos no estado, segundo o Sindipostos-ES.

O reabastecimento dos postos de combustíveis começou a ser feito com caminhões-tanque escoltados pela Polícia Militar no dia 26 de maio, depois de uma decisão da Justiça Federal. Antes disso, a situação era crítica, com falta de combustível na maioria dos postos do estado.

De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado do Espirito Santo (Sindipostos-ES), a situação está sendo normalizada aos poucos no estado.

Goiás

No interior de GO, a escolta de combustível até os postos não garantiu abastecimento para os motoristas.

Mato Grosso

Em Alta Floresta, a 800 km de Cuiabá, policiais e Exército escoltaram gasolina e etanol para a região, que registrava desabastecimento.

Na mesma cidade, ladrões furtaram dois galões com 40 litros de gasolina que eram guardados no almoxarifado do Cemitério Jardim da Saudade.

Minas Gerais

Em Belo Horizonte, a rotina dos moradores começou a voltar ao normal nesta quarta (30) e deve ser normalizada até o fim da semana. A Polícia chegou a obrigar um posto a reduzir o preço da gasolina. Na noite de segunda-feira (28), o combustível começou a ser distribuído na capital mineira. Pela manhã, caminhões-tanque saíam das distribuidoras no entorno da Refinaria Gabriel Passos escoltados para entregar o combustível. O reabastecimento é lento e muitos postos, mesmo fechados, ainda possuíam filas.

No fim da tarde, a Minaspetro, entidade que representa mais de 4,3 mil postos em Minas Gerais, informou em nota a escola da Polícia Militar já não era mais necessária. "A expectativa é que o combustível já chegue a todos os pontos da Região Metropolitana de Belo Horizonte nas próximas 48 horas. Para o interior, o prazo de estoque para atendimento à população é de 2 a 3 dias", disse a nota.

Piauí

O reabastecimento dos postos de gasolina começou na noite de segunda-feira no Piauí, depois que o acesso ao Terminal de Petróleo em Teresina foi liberado, e já é feito sem escolta. A gasolina chega ao estado de trem vinda de São Luís. Teresina conta com 210 postos e, nesta quarta, 40% deles estão abastecidos. No estado todo o índice é mais baixo: entre 25% e 30% dos 1.100 postos contam com combustível. No auge da crise de abastecimento, o Piauí chegou a ver 99% dos postos secarem e 19 cidades ficaram completamente desabastecidas.

A normalização, porém, ainda não tem previsão. Segundo o Sindicato dos Postos Revendedores de Combustíveis no estado, o problema é que ainda há falta de álcool anidro, que é misturado à gasolina antes da venda, e esse material é levado de caminhão de São Paulo e Goiás.

Pará

O abastecimento em Belém foi normalizado após o fim da interdição do Porto Petrolífero Miramar, no sexta (25), por onde chega o carregamento de combustíveis para a capital e para algumas cidades do interior. Porém, os veículos são escoltados por diversas forças de segurança, como a Polícia Rodoviária Federal e equipes da Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e do Exército Brasileiro.

No restante do estado, a situação é pior: a Sindcombustíveis confirma 66 municípios paraenses com dificuldades de abastecimento ou que estão com as bombas secas.

Nas regiões sul e sudeste , os municípios de Xinguara, Sapucaia, São Félix do Xingu, São Domingos do Araguaia, Curionópolis, Redenção, Santana do Araguaia, Cumaru do Norte e Parauapebas já enfrentam o desabastecimento. Para garantir o abastecimento, doze caminhões tanques transportando combustível são escoltados de Eldorado dos Carajás.

Em Altamira, todo estoque de combustível está zerado e nenhum caminhão-tanque conseguiu passar pelo bloqueio feito pelos manifestantes nos dois principais acessos à cidade.

Em Marabá, sudeste do Pará, o abastecimento começou a ser normalizado na noite de segunda (28), após acordo com caminhoneiros.

Em Paragominas, dos 11 postos das cidade, só quatro estavam abastecidos no início da manhã, um deles apenas com diesel. Nesta quarta-feira, um comboio com dez caminhões-tanques seguiu para a cidada, passando por Mãe do Rio, Concórdia e Aurora do Pará.

Em Tucuruí, Castanhal e Parauapebas, os postos das cidade estão normalizados.

O Comando Militar do Norte informou que também escolta caminhões de fornecedores da Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) para transporte de insumos de tratamento de água. O presidente da Cosanpa, Claudio Conde, anunciou que os municípios de Bragança, Dom Eliseu, Itaituba e Conceição do Araguaia podem ter qualidade de áfua afetada devido a retenção dos produtos nos pontos de manifestação nas rodovias.

Paraná

Em Curitiba, 243 dos 340 postos da cidade tinham recebido combustíveis até a tarde desta quarta-feira (30). No litoral, cerca de 40% dos 60 estabelecimentos estão abastecidos. O caso mais crítico é em Guaratuba, que seguia sem estoque algum de gasolina, etanol ou diesel até o começo desta manhã.

Na cidade de Maringá, a porcentagem é de 65% – no entanto, com as longas filas, não é possível precisar a duração destes estoques.

E em Londrina, a espera também é grande: menos de 10% dos postos estão abastecidos, e os que têm se esgotam rapidamente.

A falta de combustível no estado aumentou o número de infrações de transporte ilegal de gasolina do Paraguai. A Receita Federal disse que, nos dez dias de greve até aqui, já apreendeu mais de 1,6 mil litros de combustível na Ponte Internacional da Amizade e flagrou, até esta sexta, 142 moradores foram flagrados vendendo gasolina paraguaia em Foz do Iguaçu (veja no vídeo):

Brasileiros são flagrados vendendo gasolina paraguaia em meio à greve em Foz do Iguaçu

Brasileiros são flagrados vendendo gasolina paraguaia em meio à greve em Foz do Iguaçu

Pernambuco

Apesar de mais caminhões conseguirem entrar e sair do Porto de Suape, a situação do abastecimento de combustível não foi normalizada.

Em geral, saem do porto de 400 a 500 caminhões por dia, que levam diesel e gasolina para Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e norte da Bahia. Na última terça (29), somente 80 conseguiram sair da região.

A manhã foi de longas filas nos postos de toda a Região Metropolitana. Até que a crise passe, o Procon limitou a compra em 10 litros para cada moto e 30 litros para cada carro. Também é preciso mostrar o documento do veículo.

De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), após a liberação da circulação de caminhões no Porto de Suape, o abastecimento dos postos no Grande Recife e interior do estado deve normalizar em até oito dias.

Caminhões entram e saem de Suape sem escolta após polícia desfazer bloqueio de grevistas

Caminhões entram e saem de Suape sem escolta após polícia desfazer bloqueio de grevistas

Rio Grande do Norte

Segundo o Sindispostos, sindicato que representa donos de postos no RN, falta pelo menos um tipo de combustível em todos os postos do estado. Ainda segundo a entidade, não é possível saber quantos estão com estoques completamente zerados.

Rio Grande do Sul

Segundo levantamento da Famurs (Federação das Associações de Municípios do estado), 205 cidades já decretaram calamidade ou emergência por problemas de abastecimento. O estado continua com manifestações, porém sem bloqueios.

Caminhões seguem abastecendo postos de combustíveis, principalmente em Porto Alegre. Segundo boletim do Gabinete de Crise do governo, entre domingo e o começo da tarde desta quarta (30), a Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros já escoltaram 1.220 caminhões para todas as regiões do estado. Deste total, 805 estava carregado com combustível.

A Prefeitura de Porto Alegre está avisando pelas redes sociais sobre quais postos têm gasolina e álcool. As filas e o tempo de espera vêm diminuindo – a previsão é de que, até o fim desta quarta (30), 70% deles estejam abastecidos.

Rondônia

A capital de Rondônia já teve o abastecimento normalizado. Segundo o Sindipetro-RO, praticamente 100% dos 125 postos de Porto Velho já haviam sido reabastecidos desde o último domingo (27).

A situação da capital é favorecida pelo fato de que a gasolina e o diesel chegam de Manaus via balsa, pelo Rio Madeira. Já os municípios do interior dependem das rodovidas para receber combustível, por isso a situação é mais grave. Alguns comboios de caminhões previstos para fazer esse trajeto escoltados nesta quarta não puderam sair devido à insegurança nas estradas.

Por isso, apenas 4% dos postos no interior estão com combustível nas bombas e atendendo, diz o sindicato. Rondônia conta com 600 postos em todo o estado e, após a flexibilização anunciada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), as distribuidoras reduziram para 21% o percentual de etanol anidro presente na mistura da gasolina vendida na bomba.

O etanol, ao contrário dos demais combustíveis, entra em Rondônia pelo município de Vilhena, vindo do Mato Grosso em caminhões. Porém, atualmente o material não está entrando no estado.

Santa Catarina

Em Florianópolis, treze postos disponibilizaram gasolina na manhã, apesar do desabastecimento generalizado em todo o estado de Santa Catarina nesta quarta-feira (30). A Polícia Militar reforçou a segurança e acompanha a movimentação nos estabelecimentos. Cada motorista poderá comprar até R$ 100. A comercialização em galões está proibida.

São Paulo

O abastecimento dos postos de combustíveis da Grande São Paulo começou a ser normalizado nesta quarta-feira (30). Cerca de 500 postos, ou 17% do total de 2.900, já foram abastecidos na última madrugada, de acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado São Paulo (Sincopetro).

A expectativa é a de que, até sexta-feira (1º), metade de todos os postos tenham recebido combustíveis. Até domingo (3), espera-se que a situação esteja normalizada.

Em Santos, porém, o governador Márcio França não conseguiu chegar a um acordo com os grevistas no Porto de Santos, após uma reunião com centenas de caminhoneiros. Eles decidiram permanecer parados na noite desta quarta.

Em Paulínia, caminhões de combustíveis e gás conseguiam entrar e sair da Replan na manhã desta quarta (30). Alguns deixaram a refinaria sem escolta, mas a 11ª Brigada do Exército segue com ações em direção ao Aeroporto de Viracopos e nas estradas do interior paulista até a divisa com Minas Gerais.

Em Piracicaba, pelo menos dez reabriram após serem reabastecidos nesta quarta. Os motoristas fizeram filas em vários bairros da cidade. A espera chegou a três horas e meia, e há postos com filas prioritárias para ambulâncias, distribuidoras de água e outros serviços essenciais.

Caminhões com combustíveis deixam a Replan com escolta do Exército — Foto: Cristina Maia/EPTV

Em Campinas, filas quilométricas tomavam as avenidas com postos de combustível. Em um posto na Vila Georgina, uma mulher esperou por 3 horas para comprar cinco litros de gasolina para o filho dela. A avenida Antônio Francisco de Paula Souza e a avenida Lix da Cunha também chamaram atenção por causa das longas esperas.

Em Franca, há 92 postos e apenas 30% estão fornecendo combustível normalmente. Há relatos de caminhoneiros que receberam ameaças e estão contratando a escolta.

Em Sorocaba, na última madrugada, um comboio de caminhões-tanque carregados com combustível chegou à cidade. De acordo com o presidente do Sincopetro Regional, Jorge Marques, pelo menos seis postos da cidade foram abastecidos durante a noite de terça-feira (29) e nesta madrugada.

Por causa do feriado de Corpus Christi, moradores formaram filas quilométricas em vários pontos do município - tomando, inclusive, uma faixa da rodovia Raposo Tavares.

Pista da rodovia Raposo Tavares ficou tomada por motoristas que tentavam abastecer — Foto: Geraldo Jr./G1

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