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Economia

Branson, da Virgin, quer quebrar duopólio na rota São Paulo-Londres e fazer preço das passagens cair

Fundador da aérea, que estreia no Brasil em 2020, diz que voos terão tripulação que fala português e comida brasileira
O bilionário Richard Branson, fundador do grupo Virgin Foto: Luke MacGregor / Bloomberg/11-7-2016
O bilionário Richard Branson, fundador do grupo Virgin Foto: Luke MacGregor / Bloomberg/11-7-2016

SÃO PAULO — O bilionário inglês Richard Branson prevê uma queda nos preços das tarifas de voos entre o Brasil e Londres com a entrada da Virgin Atlantic , companhia aérea que fundou há 35 anos, na rota entre São Paulo e a capital londrina. O primeiro voo entre as duas cidades está previsto para 29 março de 2020.

Atualmente, essa conexão é feita apenas por Latam Airlines e British Airways. A low-cost (baixo custo) Norwegian também conecta os dois países, mas a partir do Rio.

— Tenho certeza que só com o fato de haver mais competição nesta rota (Londres-São Paulo), com mais poltronas disponíveis, os preços vão cair. O que a Virgin quer é quebrar esse duopólio — disse Branson.

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Ele participou neste sábado do Ebulição, evento de empreendedores e influenciadores digitais, em que deu uma palestra sobre sua trajetória.

Por ora, os preços da Virgin são um pouco menores aos das concorrentes. Numa simulação de tarifas de classe econômica, saindo de São Paulo em 30 de março e retornando em 6 de abril, a jornada na aérea de Branson custa a partir de US$ 1.078. Na Latam, R$ 4.623 (equivalente a US$ 1.093 no câmbio oficial desta segunda-feira, 25/11) e US$ 1.124 na British.

Para conquistar clientes na nova rota, a Virgin Atlantic quer oferecer assentos de primeira classe com preços de executiva, ter tripulação que fale português e oferecer comida brasileira a bordo.

Branson disse estar olhando para novos destinos no Brasil e na América do Sul para expandir a presença da Virgin Atlantic na região. Por ora, contudo, não há planos de voos no mercado doméstico do país.

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— Talvez no futuro. Não temos plano específico para isso agora, mas estamos sempre com olhos abertos para oportunidades — disse.

Desde a abertura do espaço aéreo brasileiro à competição por companhias aéreas com capital 100% estrangeiro , no fim de 2018, aéreas como a chilena JetSmart e a argentina FlyBondi passaram a operar no Brasil.

Ao ser questionado sobre a disposição de investir na América do Sul num momento em que as economias da região enfrentam incertezas políticas, Branson brincou:

— Sempre digo que a maneira mais fácil de virar milionário e ser bilionário é abrir uma companhia aérea. Há muita verdade nisso. Quando começamos 35 anos anos atrás com um avião só, tínhamos 30 competidores. Desde então, 29 foram à falência — disse, acrescentando que as incertezas fazem parte do dia a dia dos executivos da aviação civil, um setor sensível a oscilações de preços de combustíveis e variações de demanda.

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Na entrevista a seguir, Branson dá mais detalhes sobre os planos da Virgin Atlantic.

Por que abrir a rota entre Londres e São Paulo?

Na rota de Londres a São Paulo há duas companhias aéreas trabalhando como uma só. O que a Virgin quer é quebrar esse duopólio na rota entre Londres e São Paulo. Fizemos isso em outras rotas ao redor do mundo de maneira bem-sucedida porque oferecemos serviços de primeira classe com preços de executiva.

A Virgin Atlantic pretende voar para outras cidades do Brasil?

Vamos começar com esse voo. Mas, se ele for bem, tenho certeza que olharemos outras cidades, não só no Brasil mas também em outros países da América do Sul.

Desde o fim de 2018, companhias aéreas estrangeiras podem voar rotas domésticas no Brasil. Esse mercado está nos seus planos?

Talvez no futuro. Não temos plano específico para isso agora, mas estamos sempre com olhos abertos para oportunidades.

A economia do Brasil e dos demais países da América do Sul passa por momentos de incertezas por causa dos protestos de rua. Isso preocupa?

Sempre digo que a maneira mais fácil de virar milionário e ser bilionário e abrir uma companhia aérea. Há muita verdade nisso. Quando começamos 35 anos anos atrás com um avião só tínhamos 30 competidores. Desde então, 29 foram à falência.

Como a Virgin Atlantic quer conquistar clientes na rota Londres-São Paulo?

Assim como em outros voos, na classe executiva teremos poltronas reclináveis, bares dentro do avião em que as pessoas podem se servir em pé. Além disso, os nossos tíquetes de primeira classe têm preços de executiva. Boa parte da nossa tripulação vai falar português e queremos comida brasileira no voo.

A concorrência na aviação civil brasileira aumentou com a chegada de aéreas low-cost. A Virgin vai competir com elas?

Gostamos de nos ver como a melhor de todas as companhias aéreas tradicionais, mas não podemos voar com poltronas vazias. Então, vamos competir em preço com elas se necessário. Nessa rota (Londres-São Paulo) há apenas essas duas grandes empresas (British Airways e Latam). Tenho certeza que só o fato de haver mais competição nesta rota, com mais poltronas disponíveis, os preços vão cair. Se não competirmos, não vamos sobreviver.

Sua empresa de aviação espacial, a Virgin Galactic, já tem capital aberto mas ainda não fez missões espaciais. É um risco?

Nada mudou desde a oferta de ações no sentido de que não precisamos mais provar ao mercado o nosso modelo de negócio. Estamos otimistas em começar nossos voos a partir do ano que vem.