Por Marina Pinhoni, G1 SP


Compare a visão da poluição em São Paulo nesta quarta-feira (30) com a quarta-feira da semana passada (23) — Foto: TV Globo/Reprodução

A diminuição do tráfego de veículos na capital paulista devido à greve dos caminhoneiros fez com que a poluição do ar caísse pela metade, segundo levantamento realizado pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP). Os dados são preliminares.

Na comparação dos sete primeiros dias da greve com a semana anterior, a qualidade do ar melhorou em 50% em dois pontos de medição da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) - no Ibirapuera (Zona Sul) e Cerqueira César (região central).

“Isso é uma observação que ainda vamos desenvolver em estudo, mas o fato é que a cidade conseguiu registar dias com qualidade do ar dentro do padrão considerado bom pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que é uma exceção”, afirma o médico patologista Paulo Saldiva, diretor do IEA.

A Cetesb mantém 30 pontos de monitoramento na Região Metropolitana de São Paulo. Saldiva afirma que os dois pontos foram escolhidos como amostra porque dão um panorama sobre tipos diferentes de poluentes: os primários (que saem diretamente dos escapamentos) e os secundários (que são formados após reações químicas).

Saldiva afirma que o estudo pretende relacionar as reduções das emissões com os impactos na saúde, medindo os índices de internações e mortes, por exemplo. O objetivo é propor políticas públicas que priorizem um transporte mais moderno e eficiente.

“Se investirmos no transporte elétrico ou com combustível menos poluente, carros compartilhados ao invés dos pessoais, São Paulo conseguirá ter uma qualidade do ar melhor. Além de perderem menos tempo, as pessoas adoeceriam menos, gerando menos custos para o sistema de saúde”, diz.

"Os governantes se preocupam no custo de implantação das alternativas, mas esquecem de avaliar como é caro manter esse sistema baseado no diesel. Estamos amarrando toda nossa estrutura a um combustível sujo sobre o qual não temos nem controle do preço”, afirma o médico.

O que diz a Cetesb

A Cetesb afirma que houve, de fato, uma melhora na qualidade do ar nos últimos dias. Mas diz que não é possível mensurar a quantidade exata de poluentes que deixaram de ser emitidos na capital por conta da greve.

Qualidade do ar nas estações de medição da Região Metropolitana de São Paulo

Dias Boa Moderada Ruim Muito ruim Péssima Estações ausentes
Segunda-feira (21) 27 3
Terça-feira (22) 13 14 1 2
Quarta-feira (23) 10 17 2 1
Quinta-feira (24) 22 6 1 1
Sexta-feira (25) 28 1 1 1
Sábado (26) 28 1 1
Domingo (27) 28 1 1
Segunda-feira (28) 29 0 1
Terça-feira (29) 29 0 1

“É possível dizer que a queda no trânsito refletiu diretamente na qualidade do ar, porque eram muito menos fontes de emissão. Na segunda (28) e na terça (29) todos os pontos de medição na capital tiveram qualidade boa. Isso não é comum durante a semana”, afirma Maria Lúcia Guardani, técnica da divisão de Qualidade do Ar da companhia.

“Mas é importante lembrar que a medição da qualidade depende de muitos fatores, entre eles os meteorológicos. No fim de semana tivemos uma condição climática considerada favorável, com mais ventos que ajudaram na dispersão dos poluentes. Isso contribuiu para a qualidade boa. Na semana passada, além do trânsito mais intenso por causa da liberação do rodízio, a falta de vento e chuva dificultou ainda mais a dispersão dos poluentes”, diz.

Mapa mostra qualidade do ar boa em toda Região Metropolitana de São paulo nesta quarta-feira (30) — Foto: Cetesb

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