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Brasil Educação

Pisa 2018: 43% dos brasileiros não aprenderam mínimo de Leitura, Matemática e Ciências

Resultado de avaliação internacional, que ainda não inclui gestão Bolsonaro na Educação, mostra que país segue estagnado entre os piores. "Falta reforma sistêmica no ensino', diz especialista
Desempenho do Brasil no Pisa se manteve estável Foto: Marcos Alves / Agência O Globo
Desempenho do Brasil no Pisa se manteve estável Foto: Marcos Alves / Agência O Globo

RIO — O Brasil está estagnado há uma década entre os piores níveis de aprendizado avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). De acordo com o resultado do teste de 2018, divulgado nesta terça-feira, 43% dos participantes brasileiros não aprenderam o mínimo necessário nas três áreas do conhecimento testadas: Leitura, Matemática e Ciências. Neste mesmo quesito, a média dos países que formam a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de apenas 13%.

Ao todo, 78 países e economias realizaram a avaliação — nem todos, como o Brasil , compõem a OCDE, que é responsável pela aplicação do Pisa. Como o teste foi feito em 2018, não inclui a gestão Jair Bolsonaro, que tem como meta incluir o Brasil no grupo.

A média brasileira ficou em 413 no quesito Leitura (57º do mundo), 384 em Matemática (70º) e 404 em Ciências (64º). As notas são levemente mais altas do que o último resultado, de 2015, mas insuficientes para serem consideradas um avanço, segundo o relatório da OCDE.

Brasil fica estagnado
País tem leve melhora em relação ao último resultado, mas dentro da margem. Confira a evolução:
Leitura
Ciências
Matemática
420
413
412
407
407
405
405
404
402
401
390
389
386
384
375
377
360
2009
2012
2015
2018
Somente 2% dos brasileiros tiveram desempenho mais altos, os níveis 5 e 6, em pelo menos uma avaliação
Entre os países da OCDE, 16% estão nos níveis 5 e 6 em pelo menos uma avaliação
43% dos brasileiros não aprendeu o mínimo necessário nas três avaliações
Na OCDE, somente 13% não aprendeu o mínimo necessário em todas as avaliações
Brasil fica estagnado
País tem leve melhora em relação ao último resultado, mas dentro da margem. Confira a evolução:
Leitura
Ciências
Matemática
420
413
412
407
407
405
405
404
402
401
390
389
386
384
375
377
360
2009
2012
2015
2018
Somente 2% dos brasileiros tiveram desempenho mais altos, os níveis 5 e 6, em pelo menos uma avaliação
Entre os países da OCDE, 16% estão nos níveis 5 e 6 em pelo menos uma avaliação
43% dos brasileiros não aprendeu o mínimo necessário nas três avaliações
Na OCDE, somente 13% não aprendeu o mínimo necessário em todas as avaliações

O Pisa foi realizado por cerca de 10 mil alunos brasileiros de escolas públicas e privadas, com idades entre entre 15 e 16 anos.

Leia também: Pisa: 36% de pais no Brasil apontam horário das reuniões como empecilho para participação na escola

"No Brasil, o desempenho médio em matemática melhorou no período 2003-2018, mas a maior parte dessa melhoria ocorreu até 2009. Depois, em matemática, como em leitura e em ciência, o desempenho médio ficou estável", diz o texto.

Viu essa?: Ministério do Meio Ambiente retira 66% de verba para operações de campo no semiárido

Brasil está entre os piores avaliados*
Leitura
Matemática
Posição
País
2018
Posição
País
2018
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
43
48
49
53
57
58
63
64
68
69
70
71
72
73
74
75
76
77
78
B-S-J-Z (China)**
Singapura
Macau (China)
Hong Kong (China)
Estônia
Canadá
Finlândia
Irlanda
Córeia do Sul
Polônia
Média da OCDE
Chile
Uruguai
Costa Rica
México
BRASIL
Colômbia
Argentina
Peru
Baku (Arzebaijão)
Casaquistão
Georgia
Panamá
Indonésia
Marrocos
Libano
Kosovo
República Dominicana
Filipinas
Espanha***
555
549
525
524
523
520
520
518
514
512
487
452
427
426
420
413
412
402
401
389
387
380
377
371
359
353
353
342
340
#N/D
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
58
59
61
63
65
68
69
70
71
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73
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78
B-S-J-Z (China)**
Singapura
Macau (China)
Hong Kong (China)
Taipé Chinesa
Japão
Córeia do Sul
Estônia
Holandas
Polônia
Média da OCDE
Uruguai
Chile
México
Costa Rica
Peru
Libano
Colômbia
BRASIL
Argentina
Indonésia
Arábia Saudita
Marrocos
Kosovo
Panamá
Filipinas
República Dominicana
591
569
558
551
531
527
526
523
519
516
489
418
417
409
402
400
393
391
384
379
379
373
368
366
353
353
325
Ciências
Posição
País
2018
Posição
País
2018
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
45
54
57
62
B-S-J-Z (China)**
Singapura
Macau (China)
Estônia
Japão
Filândia
Córeia do Sul
Canadá
Hong Kong (China)
Taipé Chinesa
Média da OCDE
Chile
Uruguai
México
Colômbia
590
551
544
530
529
522
519
518
517
516
489
444
426
419
413
64
65
66
68
69
70
71
72
73
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75
76
77
78
BRASIL
Argentina
Peru
Baku (Arzebaijão)
Casaquistão
Indonésia
Arábia Saudita
Libano
Georgia
Marrocos
Panamá
Kosovo
Filipinas
República Dominicana
404
404
404
398
397
396
386
384
383
377
365
365
357
336
*Os dez primeiros, os dez últimos, a média da OCDE e países da AL
**Beijing, Shanghai, Jiangsu e Guangdong
***Resultado não foi divulgado
Brasil está entre os
piores avaliados*
Leitura
Posição
País
2018
1
2
3
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5
6
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48
49
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64
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69
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B-S-J-Z (China)**
Singapura
Macau (China)
Hong Kong (China)
Estônia
Canadá
Finlândia
Irlanda
Córeia do Sul
Polônia
Média da OCDE
Chile
Uruguai
Costa Rica
México
BRASIL
Colômbia
Argentina
Peru
Baku (Arzebaijão)
Casaquistão
Georgia
Panamá
Indonésia
Marrocos
Libano
Kosovo
República Dominicana
Filipinas
Espanha***
555
549
525
524
523
520
520
518
514
512
487
452
427
426
420
413
412
402
401
389
387
380
377
371
359
353
353
342
340
#N/D
Matemática
Posição
País
2018
1
2
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5
6
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59
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74
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B-S-J-Z (China)**
Singapura
Macau (China)
Hong Kong (China)
Taipé Chinesa
Japão
Córeia do Sul
Estônia
Holandas
Polônia
Média da OCDE
Uruguai
Chile
México
Costa Rica
Peru
Libano
Colômbia
BRASIL
Argentina
Indonésia
Arábia Saudita
Marrocos
Kosovo
Panamá
Filipinas
República Dominicana
591
569
558
551
531
527
526
523
519
516
489
418
417
409
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400
393
391
384
379
379
373
368
366
353
353
325
Ciências
Posição
País
2018
1
2
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78
B-S-J-Z (China)**
Singapura
Macau (China)
Estônia
Japão
Filândia
Córeia do Sul
Canadá
Hong Kong (China)
Taipé Chinesa
Média da OCDE
Chile
Uruguai
México
Colômbia
BRASIL
Argentina
Peru
Baku (Arzebaijão)
Casaquistão
Indonésia
Arábia Saudita
Libano
Georgia
Marrocos
Panamá
Kosovo
Filipinas
República Dominicana
590
551
544
530
529
522
519
518
517
516
489
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426
419
413
404
404
404
398
397
396
386
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383
377
365
365
357
336
*Os dez primeiros, os dez últimos, a média
da OCDE e países da AL
**Beijing, Shanghai, Jiangsu e Guangdong
***Resultado não foi divulgado

Desempenho mínimo

O pior desempenho, considerando o aprendizado mínimo de apenas uma avaliação, foi em Matemática. Do total de alunos participantes, 68,1% não conseguiram esse patamar.

Isso significa que não conseguem usar algoritmos, fórmulas, procedimentos ou convenções básicas para resolver problemas que envolvam números inteiros — por exemplo, calcular o preço aproximado de um objeto em uma moeda diferente ou comparar a distância total entre duas rotas alternativas.

Leia Mais: 'Falta reforma sistêmica no ensino', diz especialista sobre uma década de estagnação do Brasil no Pisa

Mais de 90% dos estudantes em Pequim, Xangai, Jiangsu e Zhejiang (China), Hong Kong (China), Macau (China) e Cingapura, e perto de 90% na Estônia, alcançaram esse nível.

Em Ciências, 55,3% dos brasileiros não atingiram a aprendizagem mínima. Assim, eles não conseguem demonstrar conhecimento epistêmico básico, não sendo capazes, entre outras habilidades, de identificar questões que podem ser investigadas cientificamente.

Já no quesito Leitura, o melhor desempenho do Brasil, metade dos estudantes não atingiu a nota mínima esperada para essa idade. Assim, não conseguem nem identificar a ideia principal em um pedaço de texto.

Quando atingem esse nível de leitura, os alunos poderiam ainda "interpretar o significado em uma parte limitada do texto quando a informação não é proeminente, produzindo inferências básicas".

A boa notícia é que, em 2015, esses percentuais eram um pouco maiores: 70,25% em Matemática, 56,6% em Ciências e 50,99% em Leitura.

Desigualdades

O relatório da OCDE apresenta ainda um índice de desigualdade do desempenho de alunos mais pobres em relação aos mais ricos. Quanto mais próximo de 1, mais parecido é o resultado desses grupos. No entanto, quanto mais próximo de 0, maior a prevalência do desempenho de estudantes com melhores condições econômicas.

Em Matemática, esse índice está em 0,26. Dos 78 países participantes, somente dez (Argentina, República Dominicana, Guatemala, Honduras, Panamá, Peru, Paraguai, Filipinas, Camboja e Zâmbia) têm níveis piores nesse quesito.

Em Leitura, o valor está em 0,45. Segundo o relatório, essa diferença corresponde a 97 pontos — o que significa dois anos e meio de estudos. A média da OCDE é de 89 pontos.

Em 2009, essa diferença era de 84 pontos no Brasil, e de 89 na média da OCDE.

O Pisa ainda testa a diferença entre meninos e meninas. No Brasil, assim como na maior parte dos países, homens são melhores em Matemática, e mulheres, em Leitura.

Previsão

Há duas semanas, o ministro da Educação, Abraham Weintraub , afirmou que o Brasil estaria "no último lugar da América do Sul" no Pisa. Segundo ele, a declaração se tratava de um "palpite".

No entanto, a nota da Argentina em Matemática foi 379 enquanto a do Brasil foi de 384.  Colômbia, Argentina e Peru tiveram desempenhos piores que os brasileiros em Leitura. Já em Ciências, Argentina e Peru ficaram empatadas com o Brasil com 404.

O Chile teve o melhor desempenho do continente em Leitura e Ciências. Já em Matemática, quem lidera é o Uruguai. Mesmo assim, estão abaixo da média da OCDE.