RIO — A notícia de uma possível volta do Ministério da Cultura foi bem recebida por representantes da classe artística. Em geral, a ideia é de que se trataria de “um avanço em meio a um retrocesso”, como definiu o produtor de cinema Luiz Carlos Barreto.
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— Ao voltar atrás, o governo prova que acabar com o ministério foi um erro — diz Barreto. — O governo Temer também tentou e se arrependeu. É uma indústria que movimentou trilhões no mundo todo.
Barreto, que critica a gestão de Roberto Alvim na secretaria (“uma pessoa insana”), lembra a importância do setor.
— A cultura é uma questão estratégica de Estado, não pode ser joguete na mão de políticos — diz o cineasta, comentando também a possível ida de Regina Duarte para a pasta. — Ela tem tudo para ser uma boa ministra. Tem ligação estreita com os meios artísticos. Se teve posições políticas erradas, isso não a desmerece.
A produtora cultural Paula Lavigne está torcendo para que a atriz aceite.
— Só o fato de ter essa possibilidade da volta do MinC já é um avanço — avalia. — Precisamos de gente de respeito. E não é porque Regina virou uma pessoa que apoia a extrema-direita que ela deixou de ser quem é. Lutamos contra o fascismo e isso eu não posso acreditar que Regina apoie.
O compositor Leoni considera que a ida da Cultura para o ministério do Turismo trouxe conflitos de interesses.
— Talvez com um ministério haja mais autonomia para lidar com questões como direito autoral — diz o músico.
O produtor Eduardo Barata, presidente da Associação dos Produtores de Teatro (APTR), que no sábado promoveu um encontro no Rio com a classe para discutir o futuro da cultura no país , afirma que a área só perdeu status por perseguição política:
— Só gostaríamos do MinC de volta se acompanhado da defesa de princípios fundamentais como educação, liberdade de expressão, liberdade religiosa e liberdade para criação artística. Repúdio para censura de qualquer espécie e sem dirigismo cultural. Esse é o ministério que queremos.