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EUA dizem manter apoio ao Brasil na OCDE, mas não falam em prazo

Secretário de Estado americano havia se posicionado a favor da entrada da Argentina e da Romênia no grupo, mas não se manifestou sobre País

Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla e correspondente
Atualização:

WASHINGTON - Os Estados Unidos dizem manter o apoio à entrada do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas não se pronunciaram até o momento sobre o prazo em que o apoio formal ao processo de entrada do País deve acontecer. A manifestação acontece depois de a agência Bloomberg revelar carta em que o Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, se posiciona a favor da entrada da Argentina e da Romênia no grupo, sem citar o apoio ao Brasil.

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Um porta-voz da área assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado afirmou que os EUA “continuam a manter a declaração” de 19 de março, quando o presidente Donald Trump “afirmou claramente o apoio ao Brasil para iniciar o processo e se tornar um membro pleno da OCDE”.

No mesmo comunicado, o Departamento de Estado diz que os EUA “continuarão a trabalhar com outros membros da OCDE para encontrar um caminho para a expansão da organização”.“Apoiamos a expansão da OCDE a um ritmo que considere a necessidade de pressionar reformas de governança e o planejamento da sucessão. Continuaremos a trabalhar com os outros membros da OCDE para encontrar um caminho para a expansão da instituição. Todos os 36 países membros da OCDE devem concordar, por consenso, com o calendário e a ordem dos convites para iniciar o processo de adesão à OCDE”, afirmam os EUA.

Jair Bolsonaro e Donald Trump Foto: Kevin Lamarque/ Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na noite desta quinta-feira, 10, em sua conta no Twitter que a declaração conjunta divulgada em março com o presidente Jair Bolsonaro deixa "absolutamente claro" que ele apoia o início do processo pelo Brasil para se tornar um membro integral da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "Os EUA mantêm aquela declaração e mantêm [seu apoio] a Jair Bolsonaro", escreveu Trump. Ele também chama de "fake news" um artigo da Bloomberg a que remete em seu tuíte com o título "EUA rejeitam tentativa do Brasil na OCDE após endossá-la publicamente".

Em mais um comunicado divulgado no início da noite, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, afirmou que a carta “não representa de forma precisa a posição dos EUA a respeito da expansão da OCDE”. “Nós somos apoiadores entusiasmados da entrada do Brasil”, escreveu Pompeo, que disse ainda que os EUA “farão esforços para apoiar o acesso” do País à OCDE. “Ao contrário do reportado pela mídia, os EUA, consistentes com o comunicado conjunto dos presidentes Trump e Bolsonaro em Março, apoia por completo o começo do processo do Brasil para se tornar um membro pleno da OCDE”, escreveu Pompeo. O americano não mencionou prazos ou a razão para dar preferência, neste momento, à entrada de outros países.

Apesar de a manifestação em março de apoio dos EUA à entrada do Brasil na OCDE, seguida de outros momentos em que o apoio foi verbalizado por autoridades do governo Trump, os americanos não chegaram a estabelecer publicamente um prazo ou cronograma para que isso aconteça. O governo Trump trava uma queda de braço com o atual secretário-geral da organização, Angel Gurría, e é contrário a um alargamento da instituição, que já fora conhecida como clube dos países ricos. Os americanos tentam balancear as forças dentro da organização frente aos europeus e, por isso, se opõem a uma entrada simultânea de todos os países candidatos.

O governo brasileiro argumenta que não foi pego de surpresa com a carta de Pompeo referendando as indicações de outros países, sem citar o Brasil. A alegação de diplomatas é de que o processo do Brasil é recente e está atrás da fila de outros países com os quais os EUA já tinham se comprometido, e que o processo do Brasil segue. O comprometimento de Trump com a candidatura da Argentina aconteceu em agosto de 2017, com a visita de Maurício Macri – com quem o americano mantém bom relacionamento – à Casa Branca./ COLABOROU  NICHOLAS SHORES 

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Secretário fala em apoio claro ao País

O secretário-geral adjunto da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Ludger Schuknecht, procurou amenizar as notícias sobre uma possível falta de apoio dos EUA ao ingresso do Brasil no órgão. “Os EUA têm uma posição clara de apoiar o ingresso do Brasil na OCDE. Não tenho informações de uma mudança nessa posição”, disse ontem, após participar do Fórum de Investimentos Brasil 2019.

Mais cedo, a agência de notícias Bloomberg revelou uma carta em que o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, se posicionou a favor da entrada da Argentina e da Romênia no grupo, sem citar, entretanto, o apoio ao Brasil.

Questionado sobre se teve conhecimento da carta, Schuknecht se limitou a dizer de que a posição dos EUA foi clara e que não houve mudanças nessa postura. O executivo disse ainda que o Brasil é o parceiro-chave mais avançado da OCDE. Ele lembrou que o País já se adequou a vários padrões exigidos pelo grupo econômico e que também já participa de muitos comitês dentro da organização.

Apesar das citações positivas, ele evitou dar um prazo para o ingresso do Brasil na OCDE. “O Brasil está no caminho certo para fazer parte do grupo”, disse. / ANDRÉ ÍTALO ROCHA/ CIRCE BONATELLI E ISADORA DUARTE