Os palestinos ameaçam se retirar do acordo de Oslo, que regula atualmente as relações entre Israel e a Autoridade Palestina, caso o presidente dos EUA, Donald Trump, anuncie seu plano de paz para o Oriente Médio, indicaram autoridades da Cisjordânia para a agência de notícias AFP.
Se o líder republicano apresentar seu projeto, como está previsto que o faça na terça-feira (28), de acordo com diversas fontes, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) "deixará o acordo provisório", como são chamados os resultados concretos das discussões de Oslo, em 1993, afirmou Saeb Erekat, secretário-geral da OLP.
"Este plano tornará a ocupação temporária em permanente", advertiu a autoridade palestina.
O porta-voz do presidente palestino, Mahmoud Abas, foi na mesma direção e disse que "o acordo do século" que Trump pode anunciar "já está morto".
"Rejeitamos totalmente o que o governo Trump fez até agora... Nossa posição é clara: Israel deve pôr fim à ocupação das terras palestinas em vigor desde 1967", disse Nabil Abu Rudeina.
Os assentamentos em partes da Cisjordânia e em Jerusalém Oriental ganharam força nos últimos anos sob a gestão de Binyamin Netanyahu e seu aliado em Washington, que reconheceu Jerusalém como a capital de Israel.
Nesse contexto, analistas afirmam acreditar que o plano dos EUA poderia alimentar o conflito palestino-israelense em vez de resolvê-lo e levantaram dúvidas se a comunidade internacional apoiará o projeto.
Tanto o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, como seu rival nas eleições legislativas do dia 2 de março, Benny Gantz, disseram que o plano de paz proposto por Trump para o Oriente Médio será "histórico".
Ambos os líderes devem viajar neste domingo (26) a Washington para discutir o projeto com o governo dos EUA. O premiê disse que se encontrará com o presidente americano nesta segunda-feira (27), na primeira de duas reuniões.
"Encontro-me amanhã [em Washington] com meu amigo, o presidente dos EUA, Donald Trump, que apresentará seu plano de paz. Essa oportunidade acontece apenas uma vez na história e não podemos deixar passar", disse Netanyahu neste domingo (26), durante uma reunião de seu conselho de ministros, horas antes de sua partida.
"Há três anos converso com o presidente Trump e sua equipe sobre nossos problemas de segurança. Em todas as conversas, eles me ouviram atentamente na Casa Branca sobre as necessidades existenciais de Israel. Eu vou a Washington com a esperança de que possamos fazer história", acrescentou.
Benny Gantz, chefe da oposição israelense e ex-chefe do Exército israelense, também participará das negociações, para as quais os palestinos dizem não terem sido convidados.
"Tive inúmeras reuniões e discussões sobre o plano de paz com os assessores do presidente, chefes da Casa Branca e meu amigo, o [embaixador americano em Jerusalém] David Friedman. O conteúdo do plano, bem como seus detalhes, permanecerão secretos neste momento", disse Gantz em Tel Aviv, no sábado (25).
"De qualquer forma, já posso informá-los que o plano de paz (...) entrará para a história como um marco importante que permitirá que diferentes atores do Oriente Médio avancem, com um acordo regional histórico", afirmou Gantz.
Chefe do partido Azul-Branco, Gantz disse que voltará a Jerusalém na terça-feira para participar das primeiras discussões de um comitê parlamentar que deve decidir sobre a petição de imunidade a Netanyahu, acusado de corrupção em vários casos, uma questão importante para a sobrevivência política do primeiro-ministro.
Os Estados Unidos apresentaram em junho as guias econômicas do plano, que prevê investimentos internacionais nos territórios palestinos e nos países árabes vizinhos em uma prazo de dez anos.
Os detalhes da iniciativa e sua parte política, porém, ainda não são conhecidos.
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